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5 de ago. de 2013

A maldade nossa de cada dia


Preciso dizer, em nossa defesa, que só capturamos as borboletas porque temos medo de que nunca mais voltem. Ficaríamos mal sem elas. Fazemos o mesmo com os pássaros, com os peixes, com as pessoas. Temos um motivo justo, não é maldade gratuita..

Prendemos pela companhia, pela beleza, porque não nos acostumamos a perder. Porque quando perdemos ficamos pequenininhos, sentimos frio, dá uma coisa ruim lá dentro do peito. Somos maus porque somos fracos, entende?  É quase  "somos maus porque somos bons".

O fato é que nossas maldades são amparadas por nossas... nossas quase virtudes - digamos assim .   Não é "maldade-maldade", é "maldade do bem".

No fundo somos bons.  Ignoramos as necessidades dos que amamos porque "amamos demais". Amamos tanto, mas tanto, que nos distraímos com esse amor exagerado e olhamos só para ele, não para o ser amado. Amamos o amor como ele deveria ser e amamos a pessoa como ela deveria ser. Ficamos furiosos quando elas não se comportam e fazem tudo diferente do ideal.  Um comportamento diferente gera uma dor  muito grande. O remédio para isso é continuar idealizando, forçar a barra e  não olhar demais para a pessoa,  se não estraga tudo.

Tanto as borboletas quanto as pessoas deveriam refletir um pouco mais sobre a nossa situação.  Amamos errado, mas amamos! Não é o que conta? Deveriam nos agradecer.

Toda essa ironia é para dizer que o amor é um sentimento perfeito mas em nós ele entorta um pouquinho. Em nós o amor pende pro lado de lá, fica meio esquisito - mas é amor.

O amor cai do Céu. É muito compreensível que, com o impacto com a nossa atmosfera, ele inflame, encolha e empene um pouco.  Nunca vi um asteróide redondo.

Amamos tanto as borboletas que, como era de se esperar, elas nos odeiam. Não é triste?  No final das contas acabamos sozinhos.

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