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13 de ago. de 2013

O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas *



"Revi dias atrás, em Blu-ray, O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985). Para a geração que tinha 20 e poucos anos na década de 80 (o meu caso), este filme foi um marco...(Leia o resto)" 

É um cult da década de 80 (1985) que jamais me esqueci. Sim, só agora, olhando na internet, é que descobri que se tornou cult.   Detalhe: com certeza a série Friends foi totalmente inspirada nele.

No início parece se desenhar como um daqueles filminhos românticos tipo "Seção da Tarde", para adolescentes. Mas não: é um filme sobre entrar na vida adulta, sobre nossos primeiros sofrimentos e decisões e sobre aquelas pessoas que passam pela nossa existência e deixam um rastro profundo e sagrado, marcam para sempre e jamais são esquecidas. Essas pessoas, mesmo sem querer, mudam nosso rumo para o futuro mas jamais farão parte dele.

Como eu disse, até a metade parece coisa de adolescente e é aí que a maioria dos adultos resolve desligar o DVD e partir para outra.  Do meio para o fim, entretanto, é que a gente vê os destinos de cada um desabrochando. Percebemos como a vida exige de nós uma resposta, exige que tomemos posição e que cresçamos. Há um momento em que fica impossível adiar ou fugir das mudanças. Isso é angustiante sim, mas a absorção desse fato é a essência do que chamamos de "maturidade".

Essa história nos fala dessa dor de nos despedirmos de um tipo de vida que não nos cabe mais,  mas queríamos tanto perpetuar! É quando descobrimos como é tolo acreditarmos em destinos traçados e casais perfeitos. NADA é obvio, por isso insistimos em viver: porque a vida é instigante. Não conseguimos enxergar nada de longe, não sabemos quem vai se dar bem nem quem vai se dar mal  ou quem é o amigo "safo"  que vai se dar bem ou o tolo,  que jogará tudo fora. Uma carinha bonita ou um pai rico não salvam ninguém, e o amor mais sólido e duradouro talvez não seja aquele que vai com a gente para a cama.

O mais tocante pra mim foram os momentos de descoberta de cada personagem. Por exemplo:

- O momento em que aquela linda médica, que se sentia tão adulta e invulnerável, se assusta consigo mesma ao descobrir que é apenas uma mulher e não está assim tão protegida contra as deliciosas tolices de um amor juvenil, irresponsável e arrebatador. E o momento em que aquele rapaz, apaixonado por ela, finalmente lhe dá um beijo, se liberta daquela febre e se percebe um homem livre, auto confiante e apto para encarar a vida.

- Quando a moça feia tem seu momento inesquecível com o amor da sua vida, o rapaz mais lindo e irresistível que conheceu. O que parecia ser impossível se tornou a cena mais terna do filme.  Vimos ali um amor autêntico e sincero, cheio de respeito, como ele jamais experimentara até então. Ambos cresceram. Ele, por conseguir enxergar a verdadeira beleza daquela mulher, por conseguir alcançar a consciência de que ela não poderia ser "mais uma" na sua vida, que existem coisas sagradas nessa vida. E ela, por entender que não precisava ter, daquele homem,  mais do que tinha e teve. E pôde então seguir em frente, adulta e em paz,  plena,  levando consigo uma relíquia e uma saudade. Nem tudo se realiza. Todos temos nossas dores eternas. Ser adulto é saber conviver com isso sem culpar a ninguém.


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