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26 de dez. de 2013

Desçamos

Você, que discorda de mim: ainda assim estamos no mesmo planeta e não podemos fugir para um lugar azul onde todos concordem conosco.

Verdade: somos tão sensatos e cobertos de razão! Seria maravilhoso se isso nos ajudasse em alguma coisa.

Minha visão é nítida, meu fio de raciocínio segue reto, exato. Uma beleza. Parece que o mesmo ocorre com você. Era, então, para nos encontrarmos na estrada ou, pelo menos, no final da linha. Então como nos desencontramos? O quê saiu errado?

Como dizem, somos todos serem muito solitários. Tanto você quanto eu estamos sozinhos no planeta. Você sabe muito bem disso quando sente medo, solidão, quando está doente. Quando comete erros, quando se sente ridículo, quando queria conversar com alguém. Nossa fragilidade é um bom motivo para caminharmos um em direção ao outro, mas... Não te cedo minha verdade nem você me cede a sua.  Então vai ser assim: continuaremos habitando o mesmo planeta, mas com o coração gradeado?

Todos nos agarramos às nossas verdades mesmo desconfiando um pouco delas.  A gente não mete muito a mão no fogo. Mas, engraçado: metemos a alma.  Seguramos esses farrapos feito loucos como se disso dependesse a nossa vida. Pobrezinhos de nós! Tudo o que temos é a verdade que tecemos, fio por fio. Pensamos que não dá pra abrir mão porque é tudo o que nos sobrou. Achamos que precisamos dessas coisas.

Só que precisamos muito mais uns dos outros. E como! Queríamos nos deixar abraçar, tocar, esbarrar. É um alívio quando, no escuro, descobrimos que não estamos sós. Mesmo que a companhia seja igualmente medrosa, ainda assim é um alento. Desejamos, queremos, precisamos. Estenderíamos as mãos desde que...  Desde que não fosse contra as nossas verdades. Não é triste?

A você, teimoso e chato, que pensa diferente de mim,
A você, querido equivocado,
Estendo minhas mãos em um pedido de amizade.
Vem comigo!

Vamos combinar ficar juntos. Enquanto o sol se põe, lá da base do firmamento sobe a noite. Não sejamos tolos!  Sentemos lado a lado, aceitemo-nos um ao outro como companhia. A vida é menos assustadora assim. Por mais que tenhamos razão, nada é mais sagrado do que estarmos lado a lado, simplesmente. É disso que o coração se alimenta.

Então desçamos do alto das nossas razões para sermos só humanos, só simples. Pegue a minha mão.

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