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26 de abr. de 2014

Você já ouviu isso

Tenho um certo enjôo de frases batidas. Quem muito as profere se torna chato. Mas quem muito as desafia se torna tolo.

Já falei sobre isso: a verdade grita pelas ruas e pelas praças. Ela é repetitiva mas não para nos chatear. Ela é como a nossa mãe: tudo o que quer é meter um pouco de bom senso em nossas cabeças.

Talvez nenhuma frase seja tão batida  quanto "o coração tem razões que a própria razão desconhece."  É uma verdade estrondosa. Mesmo assim poucos de nós já aprendeu a aceitá-la quando a vemos aplicada à vida real. Adoramos o mundo das idéias. O problema é quando ele tenta invadir nosso mundinho de carne e osso.

Conheço homens e mulheres absolutamente tolos por amor. "Burros", talvez.  Como sofrem! Não sofrem só por amor mas pelo peso das cobranças sociais. Eles são dia e noite condenados por causa de seus perdões, sua fé, sua disposição em continuar a acreditar, em aceitar de volta. Eles deveriam nos encantar, ser uma luz para o mundo! Mas geralmente nos irritam porque nenhuma das suas explicações explicam nada. São todas furadas. Sim, a luz pode irritar.

Por quê não mandar às favas o homem infiel, vadio ou inafetivo? Por que não trocar logo a mulher ingrata e fria por outra que valha a pena? Por quê tentar de novo? Como eles se atrevem a esquecer uma afronta que ainda perdura na memória dos amigos?  Todos se ofendem juntos, todos sentem afetados. A afronta atinge a todos, muda simpatias, interrompe amizades...  Aí a outra parte vai lá e...perdoa! Segue em frente de braços dados sob olhares estarrecidos de todos nós, que não entendemos.

Todos aplaudem o amor em versos mas poucos aplaudem o amor em ação. Isso me leva a perguntar, aflita: de que lado nós estamos afinal?

A gente teima em querer justiça. Como somos bobos com nosso roto senso de justiça! A justiça é muito boa mas não nos abraça antes de dormir nem nos fala do Paraíso. Ela é inflexível e estéril. A justiça, às vezes, se parece com um jardim de flores secas.

Cobramos dos amigos, dos parentes, cobramos de nós mesmos! E temos ainda a ousadia de dizer que é feia, injusta e inaceitável  justamente aquela atitude que nos eleva.

Deveríamos aprender a deixar o amor em paz. Ele não pode se justificar ou explicar. A própria razão lhe desconhece a lógica.

Por fim, deveríamos parar de repetir ditados nos quais não acreditamos.

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