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15 de jan. de 2015

A beleza repentina - Gustav Klimt


Como todos os seres normais, emociono-me com cenas tristes. Mas como os seres não muito normais, a tristeza me comove muito menos que a beleza.  

Um quadro, uma criança rindo, uma música, um ambiente especial, uma "qualquer-coisa" linda demais... e então lá dentro eu me dissolvo e tudo em mim fica lânguido. É uma espécie de "abalo interior". Ou um a espécie de "pequeno susto" que dura uns três segundos antes do nó na garganta. O nó na garganta, por sua vez, dura uns cinco segundos antes  do invencível alagamento dos olhos. 

Não aprecio essa característica minha. Acho que existe uma hierarquia nos sentimentos que deve ser respeitada. A tristeza tem que vir em primeiro lugar. Mas estranhamente eu a suporto no coração por mais tempo. Já a beleza não, ela explode sem eu querer.

Talvez a tristeza se forme mais lentamente, aderindo aos poucos, tomando corpo. Nesse mundo complicado estamos propensos a ficar mais alertas ao ataque da tristeza. Por isso ela perde a capacidade de nos surpreender. Já a beleza não. Ela tem o estranho dom de ser repentina. Você não a vê: depara-se com ela. É como a morte: te pega sempre desprevenido.

Não, não sei se essa é uma boa explicação. Mas algo me diz que preciso de uma boa explicação para essa inversão de valores. 

Bem, a gente não escolhe esse tipo de coisa. Nossa alma é independente. É como uma criança não muito educada vagueando pela sala de uma amiga rica, cheia de cristais. Nossa alma insiste em esbarrar onde não deve, correr entre os móveis. Precisamos tomá-la pela mão e mandar sentar. Minha alma chorando mais por beleza que por tristeza é uma criança, voluntariosa, inconveniente, espontânea.

AMO Gustav Klimt. Identifico-me demais com as suas pinturas. Aquelas cores, aquelas minúcias, flores com dourados, aqueles olhares, a respiração das mulheres, a candura dos homens, as expressividade das mãos, os momentos exatos, o ruído das sedas, a intimidade dos ambientes,  o silêncio, os rostos sonhando, o gozo, aqueles seios que não precisam ser grandes - meu Deus! Tudo evoca um mundo adormecido, intenso, colorido e inconfessável que trago dentro de mim. Então me ponho a olhar, olhar, olhar...  e sinto que por instantes me tornei mais sensível e propensa e perceber emotivamente as cores do mundo. 

Apenas anotem: Gustav Klimt é o meu pintor preferido. Ele só pinta o que meu coração pede. 

Se alguém souber onde posso conseguir reproduções das suas obras, por favor me diga.




e


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