Às vezes me irrito com essas pessoas que nos mandam sonhar mas ao mesmo tempo nos advertem - veementemente - de que temos mais é que viver o presente. Elas precisam saber que quem se põe a cultivar sonhos acaba dando um tempinho no presente. Porque os sonhos são justamente o que nos ajudam a aguentar o presente sem precisar pensar demais.
Não acho que todos precisemos de sonhos. Basta que tenhamos bons planos. Gosto mais de planos do que de sonhos - e não me venha dizer que é a mesma coisa.
Planos não envolvem necessariamente fantasias fabulosas nem são o centro da nossa vida. Planos são apenas um caminho escolhido entre tantos outros. Se não der certo a gente encontra outro plano e segue em frente. Já os sonhos grudam na alma e nos perseguem até quando dormimos.
Planos a gente escolhe. Sonhos nos sequestram.
Para nossos planos temos roteiro e GPS. Para os sonhos não. A gente não consegue nem saber onde começam e onde terminam. São desfocados do começo ao fim. São bonitos mas meio turvos e sem objetividade. Não tem forma definida nem cabrestos.
Você pode sonhar a vida toda e não fazer nada. Já os planos, eles não aceitam de você tamanha passividade.
Pra sonhar basta não ter o que fazer. Já para ter planos é preciso pelo menos uma caneta e um papel. E uma calculadora.
Não sou contra sonhar. Sou é contra essa coisa de acharem que é possível cavalgar em sonhos e ao mesmo tempo viver intensamente o presente.
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