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5 de mar. de 2015

Um sonho aproximado

Pela enésima vez fiquei desapontada com a raça humana.

Lamentável o festival de alegria que se instalou na internet quando descobriu-se que a Globo não renovou o contrato com a Xuxa - lembram?  Notei que as pessoas curtiam o fato com uma mórbida alegria. Adoraram imaginar  Xuxa sem emprego, rejeitada, esquecida. Delícia poder acreditar que ela sofria e finalmente iria pagar por se atrever a ser bonita e rica. 

A  mesma espécie de alegria acometeu os internautas quando noticiaram que  Eike Batista estava mal nos negócios, amargando prejuízos.

Embora o espírito de justiça carniceira exista e a inveja impere, é necessário entendermos que esses ricos são a encarnação do nosso sonho dourado. E a encarnação de qualquer sonho traz o sonho mais pra perto. Pelo menos teoricamente.

Em contraponto aos abutres existe também outra maneira de encarar os bem sucedidos. Para mim "o mundo de Caras" tem um grande valor simbólico e só por isso ele subsiste. Ele nos passa a mensagem fundamental de que tudo aquilo que sonhamos, de fato existe. Há pessoas reais vivendo em um "mundo perfeito". E há também pessoas reais que viviam no nosso mundo imperfeito e conseguiram passar para o lado de lá. 

Claro que a vida dos ricos não é perfeita mas pelo menos do ângulo que olhamos ela se parece com um sonho. Ninguém quer um mundo onde não exista a chance, ainda que remota, de passarmos para o lado de lá.  Poucos conseguem, mas a simples possibilidade teórica já acalenta e joga uma cor à vida. Sei que é politicamente incorreto dizer coisas assim. O certo é odiar os ricos, torcer pelo seu infortúnio e roubar para tentar ser como eles. Mas dá licença, tá? Eu não consigo!

Sonhar faz bem. Sem isso a vida é nada.

Gosto de saber que essas pessoas existem. Desculpa aí! Elas representam um conto de fadas trazido para a vida real. Porque fadas e duendes não existem, mas ricos existem!  Por isso que a família real inglesa está lá, firme e forte. Eles são relíquias, são quadros viventes a serem visitados para encherem nossos olhos de beleza.  Acho que a gente precisa desse sonho aproximado. Sapos virando príncipes eram distantes demais!

É justamente esse último alento que o comunismo rouba das pessoas. Ele o desintegra por completo e transforma em pó qualquer fantasia que acalentemos de um futuro mais dourado. Ele é cruel também por isso.

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