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5 de mai. de 2015

"Chan Chan"


Chan Chan: esse é o apelido da chinezinha mais gracinha do mundo.

Os olhos são obviamente apertados e bem negros, como duas amêndoas de ônix. E o cabelos beeeeem lisinhos. Por determinação superior (ou seja: minha) hoje são cortados ao estilo “chanel”. O corte alonga o pescoço. O efeito é gracioso.


É magra e tem perninhas finas. Não come muito. Ela é toda fininha.  A gente tem até a impressão de que pode quebrá-la como se quebra macarrão. Mas claro que ninguém faria isso com a Chan Chan! Ela derrete a gente!

Ela deve ter uns seis anos pelas minhas contas. Não conheceu os pais naturais. Viveu sua pouca vidinha em um orfanato no interior da China. Bons ventos a trouxeram. Não fui atrás, não a escolhi. Veio trazida pela mão de uma amiga, despretensiosamente, e me apaixonei. Você sabe: a gente não escolhe essas coisas do coração nem está preparada nunca para os momentos fatais da vida. Quando acontece, já era. Foi assim.

Quando a vi pela primeira vez ela estava com um vestido “tubinho” de gorgorão amarelo.  Numa primeira olhada me lembrou um abajur. Abandonei logo a idéia porque lembrei que os abajures não lambem pirulito e ela estava atracada com um. Parecia muito feliz na posse daquela preciosidade e nem me enxergou. Estava meio descabelada...

Minha amiga e eu ficamos conversando na sala. Ela me contou a história da chinesinha, que estava ali “emprestada” mas que deveria ser devolvida ao Estado.

- Hmm... Precisa devolver mesmo?
- Gracinha ela, né?
- Não vai ficar com você?
- Não posso! Você sabe a minha vida como é.
- Mas não dá peninha de devolver?
- Dá. Mas é assim mesmo. Vou visita-la de vez em quando. Ficamos amigas!
- Será que ela ficaria comigo um final de semana?
- Acho que sim. “Você gostou da tia, Chan Chan?”

Ela não respondeu nada mas li seus pensamentos de novo: “prefiro meu pirulito!” Perdoei e coloquei-a sobre meu colo. Era leve como uma fada.  Menininha de isopor e cabelo arrepiado...

Demorou um bocado até ouvirmos sua voz. Demorou também para podermos vê-la pulando e perseguindo a minha gata.  Só sei dizer que a Chan Chan foi ficando, ficando... E já tem um monte de vestidinhos no armário. E Melissas coloridas também. É a chinesinha mais fashion das redondezas.

Tudo mentira. A Chan Chan não existe a não ser na minha imaginação. Que bobagem a minha!

Ou... Ou ela existe sim!  Em algum orfanato chinês, toda misturada com as outras menininhas. Mas ela se destaca porque espia pela janela todos os dias com suas amêndoas de ônix esperando eu achegar, tomá-la pela mão e levá-la pra casa.


Cristina Faraon

Um comentário:

Anônimo disse...

Teste para ver se é possível postar.

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