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15 de ago. de 2015

Nada a ver com fé




Não me convenci da existência de Deus depois de ter sido convencida por uma teoria envolvente e irretorquível. Não resolvi acreditar em Deus por ter concluído que essa era a única forma de se explicar os mistérios da vida. A crença em Deus não veio para calar minhas interrogações  a respeito da natureza ou para me acalmar com relação ao medo da morte.  Não me tornei crente porque um dia me pus a pensar sobre a criação do universo e não tendo à mão uma teoria satisfatória, lancei mão da fé em Deus para não precisar me preocupar mais com o assunto. Não resolvi crer em Deus por achar que a vida é justa e que tudo faz sentido.  Não faz, pelo menos pra mim.  Creio em Deus por um único motivo: eu o percebo e não consigo ser indiferente a isso.


Estou certa de que os seres humanos têm “um sexto sentido” através do qual essas certezas fazem todo sentido. 

Acreditar no amor e na providência de Deus pode ser uma questão de fé, mas acreditar na existência de Deus,  não. Não é um caso de fé, mas de percepção. É como no daltonismo: ou você percebe ou você não percebe determinada cor. Eu não acredito que exista a cor verde: eu a percebo – embora saiba que muitas outras pessoas não a enxergam. Isso não tem nada a ver com caráter.  Tenho certeza de que existe um monte de gente melhor do que eu que não percebe o verde e um monte de outras pessoas também melhores do que eu que não percebem Deus.  Não se mede os seres humanos pela eficiência dos seus sentidos. Ninguém é melhor do que ninguém só porque tem um paladar mais apurado para diferenciar vinhos.

É assim, simplesmente assim, que entendo essa questão.

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