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20 de out. de 2015

Soberanos


A questão de hoje é a respeito dos soberanos do passado: por que existiam?  Quem construía a escada que os elevava acima dos demais?  Por que lhes eram dados tais privilégios? Não nos parece anti natural que uns poucos se imponham sobre os demais para sugar-lhes os bens e a liberdade? Sim, parece. Mas se a maioria pensa assim por que esse estado de coisas se perpetua?

O povo é vítima - mas vítima de quem? Quem, se não o próprio povo, construiu tal monstrengo? E se construiu, por que se queixa?

Em algum canto obscuro da mente humana foi implantando um chip que nos faz desejar estar sob autoridade. Mas tem que ser uma autoridade reluzente e opressora. Se não tiver alguém assim, a gente arranja.

A humanidade caminha em círculos.  Estamos eternamente condenados a repetir a história. Estamos aprisionados em um filme. Tirem-me daqui!

Ninguém gosta de chefes mandões. Ninguém gosta de imperadores sanguinários. Por isso nos insurgimos contra eles.  Fazemos levantes, revoluções sangrentas e  bla bla bla. Quando a poeira baixa recriamos o mesmo estado de coisas. Alteramos uma nomenclatura aqui, um rótulo ali, tentamos parecer mais "modernos e evoluídos" mas é tudo uma piada. Um grupo sempre é servido pelos demais. Chamem isso de república, império.  Chamem como quiserem.

Não venha me dizer que as leis "emanam do povo". Pelo amor de Deus. As leis servem para acalmar o povo que se considera moderno. Servem para a gente acreditar que um limite é posto às autoridades. Balela.  Estamos tão sujeitos aos caprichos dos poderosos quanto nossos antepassados.

A maldição que nos aprisiona é o nosso fascínio pela riqueza.  É esse fascínio que nos enfeitiça e nos torna súditos de quem vem folheado a ouro. Também por isso eles nos roubam: porque sua permanência no poder depende de continuarem nos fascinando. Invejamos os poderosos e dessa forma, sem querer e sem sentir, lhes damos carta branca.

Demora um bocado até entendermos que estamos em situação semelhante à dos antigos camponeses de pés sujos. Ah: os camponeses de pés sujos eram até mais livres do que. Eles não eram vigiados 24 horas por dia por câmeras fofoqueiras nem eram catalogados como somos hoje, num controle absurdo. Somos quase galinhas de granja.

Realmente é uma grande jogada esse discurso de  "eles são o povo no poder! Vamos apoiá-los! Fora, ricos!"  Enquanto os jumentos acreditarem nisso, a nova nobreza terá uma liberdade ilimitada para fazer o que bem quiser.  

O povo quer. É genético. Basta derrubar um que aparece outro, igual ou pior, louvado pela plebe ignorante e esperançosa.  

Em todos os níveis parece haver  uma disposição natural para pisar e ser pisado, adorar e ser adorado, pôr coleira e usar coleira. Se por um espaço de tempo não houver nada assim, alguém aparece para inventar.  Incrível como a liberdade nos entra quadrada goela abaixo!  

Tudo bem, faz bem à auto estima lutar contra as injustiças sociais e exploração. Vá lá, lute! Só estou dizendo que seus compatriotas não fazem outra coisa na vida a não ser idealizar uma forma de fazer tudo acontecer de novo.

Isso é uma grande pena porque nem todos pensam assim. Faço parte de uma minoria impotente que se vê diante de um povo feliz demais usando coleira desde que possam comer capim de vez em quando. Se puderem, aplaudirão com gosto os comedores de caviar.

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