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4 de out. de 2016

À espera de um milagre

Vez por outra esse filme me vem à mente. Acho que já escrevi sobre ele em outras ocasiões. Mas como todos os pensamentos obsessivos, ele volta.  Volta primeiramente porque fui uma das raras pessoas que achou esse filme "um pé no saco". Chato, piegas demais, sem cabimento, bobão.  Mesmo assim  esse filme sempre "ataca de novo"porque tenho mania de ficar me medindo por ele. Tenho pouca sensibilidade? Será que sou má? As pessoas legais que conheço acharam esse filme o máximo. Estou na contramão. Deve haver algo de errado comigo.

Hoje o filme voltou novamente mas por outro motivo: ultimamente tenho me identificado com aquele personagem do bem, o "negão"(Michael Clarke Duncan  em seu personagem John Coffey) .  Eu não entendia muito a postura dele na história. Ele era apenas um mala que não dizia coisa com coisa e não fazia questão nenhuma de se defender das acusações "porque o mundo está muito cheio de maldade"é bla bla bla. Aí ele chorava, fazia careta e eu me irritava.

Sei lá... Acho que estou começando a entender o que é cansar de ver maldade. Estou amarga hoje. É muita notícia assombrosa todo dia o tempo todo. Perdi a fé na humanidade. Será que vale a pena viver e ver tanta maldade no mundo? O negao estava certo: cansou. Cansou, aceitou a pena de morte. Jogou a toalha.   Não importa que fosse inocente; ele simplesmente estava de saco cheio de se deparar com o mal sem cura, o mal persistente, o mal cínico e desafiador. O mal, enfim.

Agora uma voz lá no fundo do meu coração me diz que há beleza demais no mundo também. Há prazer demais no mundo, há música, riachos, sol, crianças, bichinhos. Se os meus olhos forem maus eu só vou ver o mal. Mas se meus olhos forem bons eu vou ver o outro lado e acabar concluindo, como todos os puros de espírito concluem, que viver vale a pena.

Vou rever o filme qualquer dia desses só pra ver se eu evolui um pouco. Até lá acho que vou continuar frequentando minha pequena sacada. A noite está fresca, há pessoas relaxando de barriga cheia em cada uma dessas janelinhas dos prédios do mundo. Há crianças rindo a valer. Estou segura, relaxada, escrevendo e ouvindo música.

Como pode tanta beleza e tanta feiura habitarem o mesmo lugar?

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