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4 de out. de 2016

Empachamento

Ando ultimamente com uma sensação constante de empachamento. Como se meu estômago estivesse muito cheio e eu vestisse algo apertado. É incômodo. Não estou tão fora de forma assim mas a sensação é de um "empachamento emocional". Ainda que eu não esteja definitivamente gorda é assim que me sinto, tanto quanto me sinto "empachada"sem ter comido muito e sem estar com um jeans dois números menores.

Acho que também estou "socialmente empachada". E quem sabe até mesmo "espiritualmente empachada".
Hoje vi a notícia de que umas adolescentes pegaram uma inimiga - também adolescente - e a surraram e torturaram por horas. 

Primeira reação: angústia. Angústia por ser possível que pessoas tão jovens já estejam tão podres. E angústia por nossos sistema que incentiva tais atos. Se a pessoa faz "e não pega nada", continuará fazendo e outros, igualmente pervertidos, se animarão a cometer coisas semelhantes.

Segunda reação: Passar horas tecendo fantasias tenebrosas de vingança. Me ponho a me imaginar em tal situação, sendo mãe da vítima. Eu descobriria quem são as meninas, contrataria pessoas que as "quebrassem de porrada"até que elas se arrependessem até do que nunca fizeram. Seriam surradas impiedosamente. Ficariam meses "refletindo"em um hospital. Sim, eu pagaria. Eu me vingaria.

Terceira reação: passar dias me sentindo um lixo por ter me permitido acalentar sentimentos tão baixos, tão miseráveis, tão "das trevas", tão "nao-cristaos".   Tristeza por notar que não evolui nada, que eu não daria a outra face, que eu queria vingança. Tristeza porque minha primeira reação não foi dizer "Pai, perdoa! Elas não sabem o que fazem!"

Quem sou eu, na verdade?
Essas fantasias são uma expressão da minha verdade ou apenas bravatas da alma? Essas fantasias de vingança tem chances reais de se tornarem realidade ou na hora eu desarmaria meu coração e alcançaria a graça de perdoar?

Quem eu sou?
Quem eu sou DE VERDADE?
O que eu faria de verdade?
Eu mataria? Me vingaria? 

Isso me inquieta. Deveras.

Pai, perdoa-me. Eu não sei o que faço.

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