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23 de dez. de 2016

Ah... Natal na França...


Sou uma mulher de fantasias. A vida não é nada sem ela. Hoje resolvi passar o Natal na França.

Cheguei. Todo mundo sabe o que é neve mas nem todos conhecem neve bem educada, de primeiro mundo, posando para foto. Neve decorativa tingida por lâmpadas coloridas; neve carinhosa abraçando pinheiros, neve meiga encostando a cabecinha nos umbrais das portas, espalhando-se em nosso caminho gentilmente para que carimbemos ali nossos pés. Tudo iluminado. Xô trevas! Laços vermelhos, cães graciosos, gatos graciosos, ratos graciosos, cavalos graciosos. Tudo com lacinhos e meias vermelhas. E ainda um coral de crianças saudáveis entoando (quem canta é pobre; rico "entoa") comoventes canções natalinas. Todos tem pais, avós, irmãos, primos, bichinhos de estimação, boneco de neve e todos, sem exceção, vão ganhar presente. A vida é bela.  Olho tudo de fora. Não sou convidada para entrar em nenhuma casa mas posso bater pernas tranquilamente com minhas botas de couro as quais estão sendo pagas de dez vezes.

E por falar em prestação, lembrei que tudo o que vi pressupõe dinheiro. Ruas tranquilas e sem trombadinha? Dinheiro. Ninguém segura em casa um pivete faminto. Neve aplainada à máquina: dinheiro. Luzes decorativas? Dinheiro.  Coral, jantar, roupas de veludo?  Dinheiro, dinheiro, dinheiro.

Mundo cão. E ter um cão também custa dinheiro.

Mas aqui no meio na neve e com um certo receio de ser mandada aos porões fico novamente me perguntando: o Natal não fica capenga sem aquele garotinho da manjedoura? Fica sim. Minha viagem para a França nevada foi fictícia, mas Jesus, a estrela, os sábios do Oriente, Maria, José... É tudo muito real. O Natal não está na neve. O Natal não está na França. Nem mesmo em Israel. O Natal está aqui.


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