.

.

1 de mar. de 2017

Minha casa, meu casulo


Nem um pinguinho de fome
E filme? Não quero ver
A disposição me some...
Também não quero beber.

Há um livro longo e chato
Me esperando na estante
Eu me sinto como um gato
Que só quer estar distante

Visitas? Que não me venham
Não quero encontrar ninguém
Não estou triste ou alegre
Mas sei o que me convém:

Me convém ficar trancada
Nesse apê fofo e quieto
E também estar calada
Escrevendo algum soneto

Não estou angustiada
Não quero me divertir
Minha louça está lavada
Não tenho o que conferir

"Minha casa, meu casulo"
Quem não precisa de um chão?
Quero usar minhas roupas velhas
Sem causar boa impressão.

Com meu chinelinho roto
Circulo em meu micro-universo
Os convites eu boicoto
Compromissos? Desconverso.

E assim hoje me vejo:
Entre feliz e culpada
Como se roubasse um beijo
De uma pessoa casada.

O dia vai definhando
Sem emoção ou tristeza
E o que não foi terminado
Faço amanhã com certeza.

Nenhum comentário:

Páginas