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29 de dez. de 2008

Os Simpsons - PARTE II



Bem, já disse que adoro Os Simpsons. Por quê raios adoro os Simpsons?

Agora já acostumei mas eles são feios, muito feios. Considerei (da primeira vez que vi) horrívelmente desagradável a voz da Margie e desnecessariamente feio o seu cabelo. E etc, etc. Depois fui deixando-me cativar pela crítica ferina que costumam fazer a respeito do modo de vida ocidental. Os diálogos são impregnados de malícia e fel. M
as isso ainda não é motivo suficiente para gostar tanto deles.

Homer por exemplo é o cara mais execrável do mundo!

Talvez agora surja uma interessante discução a respeito da força que a familia empresta ao ser humano; uma espécie de "moldura de dignidade" que o circunda (posso dizer assim?) sem a qual ele não seria nada. Admitamos: o Holmer seria insuportável sem a família dele. Nâo teria a menor graça. Será que foi essa a "mensagem subliminar" que seus idealizadores quiseram passar? Talvez não porque poderia ser considerado piegas demais.

Mas peraí! Qual o problema em ser piegas? Se a onda sempre foi contrariar regras estabelecidas então eles acertaram em cheio no calo dos moderninhos-abaixo-a-família. Aliás estes espécimens ainda existem? Deixa pra lá, continuemos:

Uma família legal... com um pai abaixo da crítica mas pai ainda assim, cercado de gente que está com ele de um jeito ou de outro. Estão juntos e formam alguma coisa talvez não muito exemplar mas que vale a pena ser preservada. Alguma coisa bonita que a gente nem sabe explicar bem o por quê de ser bonita.

Por que gostamos tanto dos Simpsons? Bart e Homer são incorretíssimos e mostram pra todo mundo sem o menor pudor TODAS as nossas vergonhas (aqueles defeitos e pensamentos horríveis que passamos a vida toda tentando enfiar debaixo do tapete). Como podem se sentir tão a vontade dizendo o que dizem? Como um pai aperta o pescoço do filho daquele jeito e a gente ainda ri? E o filho supera tudo! Seria essa a grande resposta? Seria isso o que eles tem de mais atraente?

Provavelmente sim.

Eles podem morrer de inveja, de despeito e desrespeito, pagar o bem com o mal, ser gananciosos, odiosos, vis, vingativos, preguiçosos e tudo o mais e ainda assim continuam tendo uma família, são amados e até têm vizinhos bons. O mundo deles jamais desmorona.

Os Flanders (uns chatos, "certinhos" demais para os padrões Simpsons) são cristãos verdadeiros e os aceitam como são; estão sempre dispostos a ajudá-los e perdoá-los. Você não gostaria que isso existisse?

Eles não são tudo o que gostaríamos de ser mas têm tudo o que gostaríamos de ter, essa é que é a verdade. Não vivem aflitos tentando "conservar o amor incondicional" dos outros; eles simplesmente o têm. E abusam, claro.

Os Simpsons representam a liberdade de exercermos nossa humanidade sem grandes efeitos colaterais. No final sempre dá tudo certo e eles ainda têm milhões de fãs.

Cristina Faraon

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