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30 de out. de 2007
Que fofo!

26 de out. de 2007
Desconfio

Quem é sincero, mas sincero mesmo, não é politicamente correto - convenhamos. A vida de ninguém é um cartão postal e se parecer com um, desconfie.
Você já se sentiu logrado por fotografias de lugares paradisíacos que não eram tão paradisíacos assim? A areia não era tão fina, a água não era tão clara, a praia não era tão lotada, as moscas não eram tão persistentes... Pois é.
Os Manequins de Vitrine de Subúrbio - doravante chamados MVS - são uma propaganda viva de... de quê mesmo? Ah sim: às vezes de uma religião, de uma causa, filosofia, um movimento... Uma utopia qualquer - não importa. Eles só querem mostrar que a coisa funciona. Vivem para isso e para isso empenham - e emprenham - a alma.
Não se enganem: eles não ostentam essa suposta ventura com o objetivo de animar ninguém. Muito pelo contrário: querem mesmo é ficar pairando no céu como pipas coloridas, inacessíveis e cobiçadas pela molecada esfarrapada do bairro. Há uma maldade velada naqueles sorrisinhos.
Não louvo quem vive reclamando de tudo. Esses também são chatos. Mas me sinto muito bem ao lado de gente-como-a-gente, que não sente necessidade de provar para ninguém que está “no andar superior” da vida.
Geralmente as pessoas que admitem que estão com “a bola murcha” são as mais humanas e batalhadoras. São as que te entendem, que dividem o sanduíche, que explicam que “a vida é assim mesmo mas amanhã melhora” - e ainda te convidam para tomar uma cervejinha cada um pagando a sua. Elas presumem, corretamente, que os outros são como elas e que percalço não é vergonha. O lance é “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima.”
Gente só é legal quando é gente. Porque gente que não é gente, enche o saco da gente.
Altos e baixos, dia e noite, som e silêncio... É assim mesmo. As pessoas que tem essa postura não encaram os problemas como castigo de Deus, maldição, pé frio ou “algum mal eu fiz no meu passado”. Dessa forma são as únicas aptas a te dar um abraço amigo quando tudo está um caos e a mulher dorme de calça jeans. Elas vêm, pagam um cafezinho e tudo o que dizem pode ser resumido em: “tem razão, as vezes a vida é uma merda. Mas não esquente que amanhã a coisa melhora. Meta a cara e vá levando porque você não é um rato.”
Ninguém precisa de super homens. Nem mesmo para resolver nossos problemas. Por mais que se esforcem os super homens só conseguem fazer com que nos sintamos como minhocas. Onde vão, arrastam consigo (entre parênteses) a seguinte legenda: “Cara, como você consegue ser tão azarado?”
Pior do que um MVS, só dois. Refiro-me aos casais de vitrine.
Você já conheceu um casal assim, que parece só se animar quando há platéia? Eu já. Deu vontade de colocar tachinhas na cadeira deles, “adoçar” o suco com sal, plantar uma barata morta em seus bolsos, pedrinhas na comida... Não fiz nada disso e ainda pedi perdão a Deus. Pode olhar minha ficha que nada consta!
Selinhos sem naturalidade, mãozinhas dadas em público, “depois a gente conversa sobre isso, meu amor”. Vai ver que nem transam.
Não consigo abandonar a idéia de que os MVS escondem uma tremenda amargura em suas almas plásticas. Acho que sofrem de uma carência de alegria crônica mas, doentiamente, recusam-se a admitir. Exibem-se nem tanto por vaidade, mas por necessidade desesperada de acreditar que estão dando certo - ainda que nem estejam dando. Certo?
Concordo que é doloroso demais constatar que o castelo virou farelo, mas poxa! A gente tem que encarar os fatos! Se não para melhorar, pelo menos para não ser mala.
Meu coração pertence aos com-defeito: pessoas que suam, que perdem a paciência, sentem dor de cotovelo, ciúme, não escondem o furo da meia e vez por outra ainda estouram o cartão de crédito. São a companhia ideal porque, apesar da vida, não deformam nem perdem as tiras.
Quanto a galera da vitrine... Sei não, acho que é tudo broxa.
Cristina Faraon
20 de out. de 2007
Tudo e Todos
Todo lugar é assustador quando se tem medo
Toda lembrança dói quando se está infeliz
Tudo parece possível quando se é jovem
Todo amor é o último quando é o primeiro
Todo amor é o primeiro quando é sincero
Todo ser vivo é bonito quando olhado de perto
Toda pessoa é feia se olhada sem amor
Nada é verdade absoluta
Mas tudo o existe
Implora por ser decifrado.
Cristina Faraon
15 de out. de 2007
MEMÓRIAS - 01

Desde pequena eu já professava algumas idéias feministas. As pessoas sabiam disso e provocavam meus discursos: sim, homem e mulher tem direitos iguais e devem ser igualmente respeitados. Mas ao mesmo tempo que dizia isso com muita convicção, enxergava os homens como seres especiais; muito, mas muito mais fascinante do que as aguadas mulheres.
Caramba! Eu já era contraditória desde então!
Por mais que as mulheres fossem sempre simpáticas comigo (colegas, amigas da mamãe, tias...) e me tratassem com sorrisos, atenção, presentes e carinhos, tudo o que elas provocavam em mim era uma certa irritação. A minha vontade era dizer-lhes: "Não me toquem pelo amor de Deus!" Mas não dizia, cláro. Ficava só calada e muito séria, olhando meio “de banda”.
Dos afagos femininos eu pensava: “coisa mais sem graça!” Já para os homens não: eu abria um enorme sorriso, me derretia toda, ficava por perto, torcia para que me dessem atenção e que me colocassem no colo. Ah, tão simpáticos os amigos do papai!
Em minhas análises eu olhava para meu pai, primos, irmãos, amigos da família, vizinhos... e depois os comparava com as mulheres. Concluía então que eles eram muito mais interessantes, fortes, desejáveis, bonitos e agradáveis do que as mulheres. Não precisavam de artifício algum, bastava que existissem.
Então imaginava como seria maravilhoso se uma voz grossa e aveludada um dia dissesse, bem no pé do meu ouvido, que eu era linda, que me amava e queria casar comigo - igual nos contos de fada. Ah... Eu suspirava!
Ter um homem com certeza seria a glória. Um dia eu haveria de ter um só pra mim! Não o dividiria com ninguém.
Detalhe: eu não contava ainda nem dez anos de idade. Não sabia absolutamente nada sobre sexo. A questão é: para que cargas d´água será eu queria um homem?
Acho que era só para ficar olhando, olhando, olhando...
30 de set. de 2007
As respostas ficam por sua conta

A "vida" é injusta? É... Mas já que estamos com as etiquetas na mão, que tal aproveitarmos pra rotular também de injustos os pais irresponsáveis?
Todos os nossos males sociais não seriam apenas o outro lado de uma moeda que conservamos com tanto empenho?
Por que o mal subsiste? Talvez porque toda a miséria humana exista como subproduto do que lhes seja mais caro e desejável.
Ninguém pode abrir mão de apenas um lado de uma moeda!
Nós queremos realmente mudar tudo isso?
Se quiséssemos mesmo será que já não teríamos mudado?
Se não abolimos as desgraças não seria por saber que elas são o inevitável efeito colateral de tudo o que nos apaixona e move nossos pés?
A beleza subsistiria ante a ausência da feiúra? Ela seria percebida e gozada?
Estamos realmente dispostos a abrir mão de todos os gozos que resultam em dor?
Não seríamos hipócritas? Não temos coragem de abrir mão de prazeres que fazem mal a nós mesmos!!! Quanto mais abrir mão daqueles prazeres que fazem mal aos outros!
O que estou dizendo lhe parece muito estranho?
Você nunca comeu alguma coisa sabendo que iria se sentir mal depois? Não fuma? Não bebe? Não come frituras? Como anda seu colesterol? Está em seu peso ideal?
Fala sério!
Você veio de Marte? Ou a marciana aqui sou eu?
Cristina Faraon
26 de set. de 2007
O laranjinha - um conto bobinho

Sempre achei que os peixes fossem as aves do mar. No caso dos peixes pequenos e coloridos, sem dúvida que são as borboletas do mar.
Mas não falaremos hoje sobre as borboletas mas aqui vai uma dica: elas são apenas flores que não conseguem ficar paradas.
Voltemos aos peixes. Regra número um: é terminantemente proibido comer peixes coloridos. Certa vez comi um. Sem querer, registre-se.
Foi no ano que fugi para a Praia Secreta. Nem procure no mapa porque não consta. Em lá chegando segui de canoa para uma pequena ilha não muito distante. O som mais alto que se ouvia por lá era o “creu-créu” das aves. Ninguém merece ouvir “creu-créu” o dia todo, então fui nadar. Nadar é preciso.
Era como se eu mergulhasse em vidro líquido. A água não era fria nem quente. Minha alma aquática adaptou-se àquele meio rapidamente.
Bem, lá estava eu totalmente em alerta e hipnotizada com o que via. Talvez ali fosse o Reino das Águas Claras do qual falava Monteiro Lobato. E a gente pensando que o velho estava delirando. Vejam só como são as coisas...
Acho que fiquei uma "pequena eternidade" sem piscar ou respirar. Cardumes e mais cardumes rebolavam em minha frente naquele exibicionismo silencioso tão próprio dos peixes. Havia a tribo prateada, a preta, a dourada, a pintada, os redondinhos, os esguios... Não vi os quadrados. Certamente existem mas são tímidos.
Distraída, eu quase dei de encontro com um “ai-jesuis”. Virei de repente, ainda a tempo. Foi quando me deparei com um cardume de colorido hipnotizante. Estavam parados me olhando com uma expressão indefinível, talvez se perguntando, lá com suas guelras: “avançar ou recuar?”
Acostumada aos movimentos dançantes das criaturas aquáticas, assustei-me com aquela imobilidade. No susto cometi um erro fatal: abri a boca e “puxei o ar” como fazemos quando ficamos surpresos. Os peixes são mais discretos em seus sustos: apenas dão meia volta e tiram o cardume de campo. Pois é: foi nesse momento que engoli, sem querer, um pequeno “laranjinha”. Pelo tamanho deveria ser um adolescente cheio de vida e sonhos. Nunca me perdoei.
Eles também não me perdoaram. O fundo do mar tem seus encantamentos e códigos de ética. Não tem "desculpaí" ou “fui mal” que resolva. O castigo: fiquei três anos sonhando em preto e branco. Três anos!
Para que você jamais passe por isso deixo aqui esse alerta: nunca, jamais, mas nunquinha mesmo, coma um peixe da tribo colorida. E na dúvida, não coma borboletas também.
Cristina Vieira
O laranjinha

Sempre achei que os peixes fossem as aves do mar. No caso dos peixes pequenos e coloridos, sem dúvida que são as borboletas do mar.
Mas não falaremos hoje sobre as borboletas mas aqui vai uma dica: elas são apenas flores que não conseguem ficar paradas.
Voltemos aos peixes. Regra número um: é terminantemente proibido comer peixes coloridos. Certa vez comi um. Sem querer - registre-se.
Foi no ano que fugi para a Praia Secreta. Nem procure no mapa porque não consta. Em lá chegando segui de canoa para uma pequena ilha não muito distante. O som mais alto que se ouvia por lá era o “creu-créu” das aves. Ninguém merece ouvir “creu-créu” o dia todo, então fui nadar. Nadar é preciso.
Era como se eu mergulhasse em vidro líquido. A água não era fria nem quente. Minha alma aquática adaptou-se àquele meio rapidamente.
Bem, lá estava eu totalmente em alerta e hipnotizada com o que via. Talvez ali fosse o Reino das Águas Claras do qual falava Monteiro Lobato. E a gente pensando que o velho estava delirando. Vejam só como são as coisas...
Acho que fiquei uma "pequena eternidade" sem piscar ou respirar. Cardumes e mais cardumes rebolavam em minha frente naquele exibicionismo silencioso tão próprio dos peixes, desdenhando aplausos. Havia a tribo prateada, a preta, a dourada, a pintada, os redondinhos, os esguios... Não vi os quadrados. Certamente são tímidos.
Distraída, eu quase dava de encontro com um “ai-jesuis”. Virei de repente, ainda a tempo. Foi quando me deparei com um cardume de colorido hipnotizante. Estavam parados me olhando com uma expressão indefinível, talvez se perguntando, lá com suas guelras: “avançar ou recuar?”
Acostumada aos movimentos dançantes das criaturas aquáticas, assustei-me com aquela imobilidade. No susto cometi um erro fatal: abri a boca e “puxei o ar” como fazemos quando ficamos surpresos. Os peixes são mais discretos em seus sustos: apenas dão meia volta e tiram o cardume de campo. Pois é: foi nesse momento que engoli, sem querer, um pequeno “laranjinha”. Pelo que lembro de seu tamanho, deveria ser um adolescente cheio de vida...
Jamais me perdoei. Eles também não me perdoaram. O fundo do mar tem seus encantamentos e códigos de ética. Esses lances de “fui mal” ou tirar a bronca acendendo velas, simplesmente não funcionam por lá.
O castigo: fiquei três anos sonhando em preto e branco. Três anos!
Para que você jamais passe por isso deixo aqui esse alerta: nunca, jamais, mas nunquinha mesmo, coma um peixe da tribo colorida. E na dúvida, não coma borboletas também.
Cristina Faraon
24 de set. de 2007
Pessoas amarelas

Será? Digamos que sim. Mas...
Observe que mesmo nas farinhas do mesmo saco, os grãos que a integram não são idênticos. Se peneirarmos essa farinha será possível separá-las e rotulá-las em dois sacos distintos: o da farinha fina e o da grossa. E comparados um com o outro eles nos parecerão tão diferentes como se tivessem sido produzidos em locais distintos.
Mas por que estou dizendo isso? Para embasar minha mais nova teoria: a de que, mesmo sendo "do mesmo saco", se coarmos direitinho a humanidade saltará aos nossos olhos os seres amarelos.
Não, Mané! Não estou me referindo à raça amarela! Vou explicar.
As pessoas amarelas não se aceitam, logo, não são autênticas. Algo lá no fundo de suas mentes atormentadas lhes adverte de que, se disserem o que pensam realmente e se comportarem de forma transparente, serão rejeitadas. É claro que o receio procede mas só os amarelos se imobilizam com isso e acabam tomando a forma mais aceita na sociedade.
Para os amarelos não há nada mais aflitivo do que quem não se importa com a aceitação alheia. Alguém assim tão livre é uma afronta aos amarelos. Não porque eles sejam maus, mas porque esse coquetel de liberdade alheia + inveja (principalmente a inveja) faz com que se sintam muito humilhados.
Não, eles não são maus. A não ser consigo mesmos.
Os amarelos vivem de fazer média. E se dão bem - dependendo do que você entenda por "se dar bem". São aceitos pelos outros amarelos e com eles se consolam, formando uma sociedade patética. São aceitos também pelos "normais", que a princípio pensam que eles são autênticos. Quando os normais descobrem, botam a boca no trombone. Já um amarelo é eternamente fiel ao outro amarelo. Ponto pra eles.
Os amarelos sorriem e são politicamente corretos. São "amigos" de todos e incapazes de dizer algo que possa ferir aguém - pela frente. Por trás também não. Interessante, né? Então como fazem para "fritar" uma pessoa? Eles não se comunicam entre si? Claro que sim!
Atenção a esse detalhe: no mundo dos amarelos a comunicação é toda efetuada por sinais sutilíssimos, olhares, metades de meias palavras, grunhidos e gestos quase imperceptíveis. Se você não for "macaco velho" vai ficar boiando porque os amarelos não confiam em ninguém - nem no espelho. São pessoas atormentadas.
Os amarelos não são de muita refrexão. Odeiam pensar porque pensar dói muito. Fazem qualquer coisa para não precisar pensar: lavam latrina, criam associações, enxugam gelo, limpaz carvão, organizam enciclopédias de regras imprestáveis, códigos de comunicação... Qualquer coisa e qualquer assunto vale, desde que não precisem pensar na própria vida.
Eles costumam manter distância de quem questiona e procura a verdade das coisas. A proximidade com essas pessoas os adoecem. Por que? Porque quando conseguem parar pra pensar, tem crise de identidade:
"Eu sou eu ou eu sou esse personagem? E se eu deixar de ser o que os outros querem, vou morrer? Broxar? Minha pele vai enrugar, os cabelos vão cair e o mundo se acaba em barranco? Ah como eu queria chutar o pau da barraca! Meter o pé na jaca ... chutar o balde... comer melado e me lambuzar... soltar a franga... Oh vida! Oh céus! Oh azar!"
Realmente eles não se gostam. Pensando bem, devem ter lá os seus motivos.
Quem se gosta, se assume. E quanto mais se assume mais se curte. E quanto mais se curte, mais autêntico se torna e quanto mais autêntico, mais querido por uns e detestado por outros. Não dá pra ficar neutro frente a uma pessoa autêntica.
Mas quem são os amarelos? Hmmm...
Não vou ficar aqui separando o joio do trigo mas deixo umas dicas: parecem ser amigos de todo mundo. Não questionam ninguém (porque questionar é pensar e pensar dói) mas ficam sinceramente inquietos com os que lhes parecem ser "fora do padrão". Sorriem para todo mundo por dever de ofício. Têm dificuldade em ser criativos. 80 % do que dizem é composto de frases feitas e chavões. São tristes mas morrem de medo que notem que eles são tristes. Aí está o motivo de sorrirem (amarelo) para todo mundo.
Sei lá... Tô sentindo um certo carinho pelos amarelinhos.
Hoje vou acender uma vela pra eles.
Cristina Faraon
17 de set. de 2007
10 de set. de 2007
Mea-culpa

Contra todas as minhas previsões, domingo foi o melhor dia em Salinas.
Com um pessimismo detestável, imaginei que encontraria uma multidão grudenta, barulhenta e bêbada fazendo careta pra mim.
Nada disso.
Quando chegamos ao Atalaia não dobramos à direita, como de costume. Fomos para o lado esquerdo, do Farol Velho - local onde a maioria das pessoas ainda reluta em acionar o “treme-terra” de seus carros. Havia apenas um mal-elemento com o som ligado, mas estava distante. Não tive muita dificuldade em ignora-lo. Só lamento que isso não tenha trazido a ele nenhum tipo de dissabor.
O sol estava absolutamente de-si-ni-bi-do! Silêncio ... árvores fazendo chique-chique, cerveja cristal bem geladinha... E pra completar, graças a Deus eu pego um bronze super rápido. Uma salva de palmas para as minhas raízes africanas!
Brancos, mordei-vos de inveja!
Ontem eu realmente senti aquela vontade gostosinha de continuar na praia mais um pouco e mais e mais... Depois ir pra água, voltar, fritar novamente ao sol, voltar pra água, tomar várias cervejinhas... até observar que as nuvens não seguem mais seu caminho retilíneo. Ao contrário: ficam dando curiosas voltas no céu, numa ciranda muito fofa! Que coisa, né? E então começar a rir muito disso tudo. Mas não é mesmo hilário? E o mundo é uma bola, as bundas bem-sucedidas também são bolas... e os peitos... e os pintos tem bolas!
Pena que cerveja engorda.
Mas por que estou escrevendo isso? Para dizer que Deus se aborreceu com minhas considerações anteriores com respeito a Salinas e me castigou no domingo.
Sabem como? Vou contar: quando a água estava mais mansa e clara; quando o silêncio se fazia até sentir; quando as palmeiras ensaiavam um feliz rebolado e as nuvens começavam a dar-se as mãos para organizarem aquela ciranda divertida e quando o vento tentava enfiar a língua na minha orelha... aí a “galera” resolveu ir embora para “fugir do engarrafamento”. Dá pra acreditar?
Argumentei contra. E eu lá sou de ficar calada? Sim, expliquei com a mansidão dos cordeirinhos que nós não tínhamos filhos pequenos nos esperando e que também não precisávamos nos comportar como se tivéssemos que bater cartão de ponto. Não adiantou. Também não me rebelei. Reconheci o castigo divino.
Para eu deixar de ser besta. Mereci! Bato no peito sete vezes confessando compungida: “Eu mereci, Senhor! Jogai um raio em minha cabeça! Afligi-me com piras!”
Nelson me fez lembrar que antes de chegarmos à praia eu havia concordado em que retornaríamos cedo. É verdade, concordei. Mas não pensei que justamente ontem a praia me pareceria tão ampla, sorridente e menos povoada. Poxa, não tenho bola de cristal! Passei alguns minutos tentando explicar a ele que eu havia concordado mas que daquele momento em diante eu “desconcordava” oficialmente.
Ele não conseguir entender o conceito de “desconcordância”. Para mim parece tão claro! Sei lá, acho que eu não soube explicar.
Com a alma esperneante pagamos a conta e fomos embora.
Mea-culpa! Mea maxima culpa!
Cristina Faraon
6 de set. de 2007
Salinópolis

Estou indo para Salinópolis!
Sabia que isso já foi chique? Talvez você ainda não tivesse nascido, mas é verdade.
No Pará, paraíso da água doce, encontramos a salgada Salinas. É uma praia realmente bonita mas...
É onde todos os caboclos do Pará finalmente tem a chance de mostrar o sonzão de seu carro. Quanto ao volume do som, o céu é o limite. Viva a liberdade e o mal gosto!
É onde você pode checar (querendo ou não) os novos sucessos musicais - todos ao mesmo tempo! - e desejar a morte (de quem os compôs).
Salinas... Na praia é fila pra entrar, fila pra sair, banheiros asquerosos. O banheiro é quem mija em você, acredite no que estou falando.
Ah, aquele filete de água doce!
Oh desejado, disputado
E adorado filete de água doce
Das barracas de Salinas
Salve salve!
Se você conseguir se molhar, considere-se um agraciado. Seu corpo pegajoso merece o sacrifício da fila.
Ainda não entendi por que é que no Pará se economiza tanto a água mas no Nordeste os banhistas podem tirar o sal do corpo sem sobressaltos. Estranho, né?
Mas ninguém me segura: estou mesmo indo para a bela Salinópolis - bela e plana. Você caminha 100 km mar adentro e não consegue molhar os ombros, a não ser que se jogue de peito na água. Ainda assim é capaz de voltar com as costas secas.
(Maldade esse exagero, mas hoje estou com a macaca.)
Ah, comer aquelas caríssimas pratiqueiras fritas em óleo noviiiinho! É tão divertido ficar procurando o que comer em meio àquelas espinhas esturricadas!
Observar, sob o sol causticante, que tenho muito mais celulites do que supunha e que esqueci em casa, sim, algum objeto imprescindível.
Bom mesmo é tirar aqueles cochilos rápidos... pelo tempo suficiente para descobrir, sobressaltada, que a maré está quase para levar seu carro para o fundo do mar. Os chinelos já foram!
Lembranças ao Titanic!
Nem penso na possibilidade de ser atropelada na praia por um lindo filhinho-de-papai que se exibe para uma linda patricinha vinte anos mais nova e vinte quilos mais magra do que eu. Por que isso aconteceria? Bem mais provável é ficar menstruada no meio da tarde, dirigir-me aflita à farmácia e só conseguir chegar 2 horas depois por causa do engarrafamento.
Chegar em casa pra tomar banho, ligar a torneira e perceber que toda a cidade teve a mesma idéia naquele exato momento.
Ah... Bater papo com os amigos tomando uma cervejinha...
Finalmente uma coisa boa!
Obs.: Eu sei que já falei sobre isso, mas não resisto. E preciso resistir? O blog é meu!