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22 de ago. de 2011

Os presos de Palau, da República da Micronésia.


"...  As storyboards são vendidas até por 1,500 dólares cada uma. O dinheiro vai para um fundo de restituição. É isto mesmo, cada preso tem que trabalhar para restituir o que roubou da sociedade. Não se paga a dívida social apenas sofrendo. Se paga pagando de verdade o estimado prejuízo que se causou. Se não paga não sai.

Minha amiga e anfitriã trabalhou na cadeia com restauração de destinos por muitos anos. Ela diz que 90% se recuperam e não reincidem. A comida é boa e as acomodações decentes. Me pergunto quais são os abismos que separam as nossas culturas..."


Leia Mais em: http://www.genizahvirtual.com/2011/08/remoto-e-insignificante.html#ixzz1VlSs5Qsn
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Gostei da pergunda

Li no Twitter: Qual seria a sua idade se você não soubesse quantos anos você tem?

21 de ago. de 2011

Não transe mais


Não transe mais.

Se você ouve essa norma e interiormente percebe que pode cumpri-la, então você tem tudo pra ser magro. Sorria!  Porque fazer dieta é a mesma coisa. É aquela vontade de cair de boca no sonho mas se contentar com duas torradas secas.

Abrir mão do prazer de comer não é mais fácil do que fazer um voto de castidade. Aliás, é pior. Até porque somos mais pressionados para comer do que para transar. Sério, pode reparar! E olha que a indústria do sexo não está aí pra brincadeira!

Abrir mão da feijoada, do churrasco, da maniçoba, das batatinhas com chope, do biscoito recheado, do sorvete com bolo, da torta alemã... equivale a dizer: "- Não transe mais e você alcançará a glória eterna"   - que, no caso, é ser magro.

Tenho pra mim que uma pessoa fiel à uma dieta e que convive com a privação  é alguém a um passo da santidade. Porque quem segura a boca, segura todos os outros impulsos naturais, segura qualquer onda! Só não é santo se não quiser porque tem todas as ferramentas. Quem passa fome pra ficar bonito tem condições de abrir mão dos confortos da vida, das riquezas, do sexo, da desonestidade, de falar mal dos outros, tem condições de perdoar infinitamente, de amar incondicionalmente, de trabalhar incessantemente.

Se você tem tendência a engordar mas consegue segurar a fera que existe no seu estômago, saiba: você tem potencial pra figurar, no futuro, em qualquer altar da Igreja Católica. E com distinção, na comissão de frente!

Alface, melão, maçã, abacaxi, requeijão zero... Tudo isso é muito bom. Um dia, dois dias... mas a longo prazo vai dando uma espécie de "atraso interior" e a gente começa a sentir que está gestando um monstro devorador. É igualzinho a sexo. Uma pessoa que você não deseja e que "não resolve" pode ser um bom parceiro por uns tempos. Você aguenta firme. Masss...   com o passar dos dias, das semanas, também vai surgindo aquele assustador "atraso interior" que é uma bomba relógio!

Tudo é uma questão de treino. Minha tese é: quer fazer voto de castidade? Comece não comendo. Quer emagrecer? Comece não fazendo sexo.

Você consegue.


18 de ago. de 2011

Desmoronar em paz


O sonho das cadeiras gêmeas é um dia poderem desmoronar em paz.

É saber que finalmente chegaram ao fim da linha e ninguém espera mais nada delas. É, são assim as cadeiras.

Vai-se a mesa, as crianças, os velhos, as visitas. Vai-se o café quente, o compadre, as moscas, mas estará tudo bem desde que tenham uma à outra. Cadeiras solitárias são muito tristes quando ficam velhas. Precisam das suas iguais para ainda fazerem sentido.

Os donos se foram. Tomara que tenham conseguido prosseguir juntos, recostados um no outro como se o mundo fosse desnecessário. Tomara que tenham conseguido tornar o mundo, enfim, desnecessário - como as cadeiras abandonadas. Para trás ficaram muitas histórias que vez por outra parecem tão tristes!

Em dado momento as pessoas se levantaram... e partiram. Veio o pó... e o descanso.  Fim da linha, fim do trabalho. Podem agora, finalmente, desmoronar em paz sem reformas, sem marteladas, sem vernizes ridículos.

Às vezes parece-me que os velhos ainda estão alí sentados, invisíveis, vendo o passado como quem vê um filme que não acaba nunca. Porque o passado é um filme que não acaba nunca.  Um filme que roda no espaço, exibe-se perante estrelas confusas, desinteressadas, distantes. Elas não se importam em nos ver novamente vívidos, correndo, chorando, rindo, ou sendo consolados no colo de nossa jovem mãe.  

17 de ago. de 2011

O Pastor - Madredeus

"Ao largo ainda arde
A barca da fantasia
O meu sonho acaba tarde
Deixa a alma de vigia."



15 de ago. de 2011

O problema é o frigobar

Gostei bastante  deste texto da Danuza Leão, com o qual me identifiquei. bem que eu iria escrever sobre isso mas ela o fez primeiro e melhor do que eu faria. Não se trata de uma obra de arte literária, mas é gostoso de ler. Ah: sou fã assumida da Danuza.


"Morar em um hotel é o meu sonho de consumo. Aquela sensação de transitoriedade, de que você não está amarrada a nada, de que está em trânsito pela vida, sem uma só responsabilidade. Tem coisa melhor? Fora o conforto. Se estou em casa e quero comer um queijo quente, nunca tem o queijo ou o pão acabou (e isso é apenas o começo). No hotel, é só pegar o telefone e em segundos chega um sanduíche perfeito, ainda com direito a uma folha de alface e uma rodela de tomate, coisa rara de encontrar, pelo menos na minha geladeira. E a lavanderia? Quando quero usar a camisa que mais adoro e descubro que ela está com uma mancha, é só chamar a arrumadeira e dizer, tranquilamente, que preciso da peça pronta até as 7 da noite. Esses milagres, só em hotel.

Os porteiros, na maior gentileza, me dizem “Bom dia, senhora”, “Boa noite, senhora”, “Pois não, senhora”, sempre com a maior boa vontade, e se precipitam para levar meus embrulhos, como se eu fosse um bibelô de porcelana, frágil, sem condições de carregar um pacotinho com um par de meias, oh, maravilha. E, se às 3 da manhã precisar de uma aspirina, um envelope ou um tubo de cola, nenhum problema: é só pedir e logo aparece alguém com tudo em cima e um grande sorriso de felicidade. Com uma boa gorjeta, então, nem se fala.

Nunca pensar na existência de um bombeiro, de um eletricista, de um carpinteiro ou pintor, nunca mais enfrentar uma lista de compras, que felicidade. Nunca mais ter que ir ao banco para pagar a conta do telefone, da luz, do gás; jamais, jamais ter que providenciar o conserto da televisão. Não é tudo o que um mortal pode almejar? A manutenção cuida de tudo, santa manutenção. E tem mais: quem não quer ter a roupa de cama e as toalhas do banheiro trocadas todo santo dia? E nada de precisar se preocupar com o sabonete, o xampu, o algodão, os lenços de papel e o cotonete. Usou, o hotel repõe. Se existe um paraíso sobre a terra, seu nome é hotel.

Há quem diga que um quarto de hotel é impessoal, mas isso pode ser resolvido. Basta levar umas fotos, uns objetos, um pequeno som, uns CDs e pronto: o quarto vira um lar. E abrir o frigobar e ver aquela perfeição – Coca-Cola, guaraná, água tônica, umas barrinhas de chocolate, pacotinhos de amendoim e castanhas, garrafinhas de uísque, vodca, campari, até de champanhe. Tem melhor?

O frigobar: é exatamente aí que a coisa pega. Uma hora bate uma irritação de saber que ele está lá todos os dias, exatamente igual, e ter certeza de que ele será eternamente o mesmo, que jamais se vai encontrar ali um pedaço de carne assada que sobrou do almoço e um pão de forma para fazer um bom lanche. Isso não é vida.

Um sanduíche bem caseiro, uma cerveja bebida na lata, um banheiro desarrumado porque alguém passou por lá; e saber que na manhã seguinte vai poder dar uma bronca na empregada. Essas podem ser as próprias imagens da felicidade."

7 de ago. de 2011

Eu era infeliz e não sabia


Algumas realidades deveriam manter-se longe dos nossos olhos, para o bem da nossa felicidade.


Na idade da inocência eu batia no peito dizendo que nós, brasileiros, somos um povo livre. Balela! Eu olhava outros povos supostamente oprimidos por governos totalitários e dizia: "coitados, não sabem o que é liberdade" ou "sou livre; eles, não. Tadinhos."    Isso tudo até o dia em que me vi na Europa. Foi uma beleza mas... também foi um choque.

Não sei explicar bem como me senti. Não sei se era sentimento de humilhação ou surpresa ou raiva por viver enganada por tanto tempo.

Em uma noite fria e desocupada de Paris resolvemos ir, à pé, à torre Eiffel. Fui tensa, agarrada à minha bolsa, mantendo-a sempre junto ao corpo. Que coisa mais patética! Custei muito a relaxar. No retorno, lá pela meia-noite, demorei a entender que ninguém iria pular em mim, me arrastar para o muro e roubar minhas coisas. Olhei para um lado e para outro procurando pessoas tensar pela aventura de sair a noite à pé. Tudo o que vi eram pessoas despreocupadas carregando seus bolsas displicentemente. E ninguém me observava.  Que povo estranho! Então ninguém tem medo? Como podem ser tão descuidados?Atrás de cada árvore pode pular um assaltante. Será que eles não assistem os noticiários?

Em todo lugar existem bandidos, mas uma situação esculhambada como a do Brasil é rara.

Londres, centro da cidade. Todo centro de cidade é o terror, principalmente à noite. Fomos a um pub quentinho. Adorei. Era noite e chuviscava quando retornamos a pé para o hotel. Entra aqui, dobra ali, e de repente poderia aparecer um mal encarado para nos esfaquear e levar nossas libras. Não apareceu. Estranho, né?  As pessoas caminhavam encolhidas pelo frio, não pelo medo. Gringo é esquisito mesmo. São meio indefesos, ingênuos, não vêem maldade em nada. Nós é que somos espertos, né?

Por fim, o golpe fatal contra o meu ego de brasileira deu-se em Frankfurt.  Fomos jantar no centro da cidade. O carro não poderia subir o calçadão. Tínhamos que sair do veículo e andar algumas quadras a pé até chegar ao restaurante.  Pense numa mulher com medo. O guia estava conosco. Não me refiro ao Espírito Santo (que também estava) mas ao guia turístico. O tempo todo ele acalmava nossos ânimos dizendo que poderíamos ficar tranquilos, que era normal as pessoas caminharem a noite pela cidade deserta sem serem severamente punidas pela bandidagem; "Podem ficar tranquilos! Eu afirmo a vocÊs que não tem problema. Sou acostumado a andar por aqui e estou vivinho da Silva."   Era mais fácil eu acreditar que o guia já havia morrido. Viver é arriscar-se. Talvez fosse chique ser esfaqueada em Frankfurt.  Passamos por vielas e por uma construção. Todos sabemos que construções no centro da cidade são tocas de bandidos. Eles aparecem do nada, depenam todo mundo e depois vão para outro planeta onde vivem felizes, gozando os bens do nosso trabalho.


Os bandidos europeus são muito legais de deixarem o povo andar livre pela cidade, né?

Amei a Europa, mas nada me impressionou mais do que a liberdade de andar pelas ruas. Como é bom!  Foi o que vi de mais encantador e empolgante. Minha maior saudade é essa. Pena que não dê pra tirar foto da liberdade...  se não eu a fotografaria e colocaria na parede da minha sala.

Queridos patrícios, vocês não sabem como é maravilhosa essa tal "Liberdade de Ir e Vir " que tanto falam.

Isso foi o melhor e o pior da minha viagem. Fiquei chocada ao perceber o quanto somos escravos, o quanto somos oprimidos, o quanto vivemos mal por aqui. Não invejo construções nem museus nem carros. Não invejo o Sena nem os castelos. Invejo sim, com tristeza e revolta, eles terem permissão para andar pelas ruas de seu próprio país sem sentirem o pavor que nós sentimos.

Viajar pode fazer mal. A gente vê, a gente compara.  A liberdade que eu comemorava, simplesmente não existia.

Moro a três quarteirões do meu local de trabalho. Adoro andar a pé mas vou trabalhar de carro por medo de ser agredida. Não sou neurótica. Meu medo é baseado na mais miserável realidade.

Sabem o que eu mais queria? Poder bater pernas  por aí sempre que eu quisesse. Um sonho banal para uns, mas tão complicado para outros.

6 de ago. de 2011

E se...

Quando foi mesmo o dia mais feliz da minha vida?
Consigo lembrar de várias ocasiões nas quais eu exclamei que aquele era o dia mais feliz da minha vida. Lembro de ocasiões tolas, que não mereciam o rótulo, e de outras ocasiões relevantes. Mas tudo passou. E agora?


Acabei de imaginar uma coisa muito incômoda:  e se o dia mais feliz da minha vida já aconteceu? E se, daqui por diante todas as minhas felicidades forem menores?


"Cristina, você já comeu a cereja da sua vida."  E se um ser encapuzado aparecesse para me dizer isso? Eu ia reclamar: pô, deveriam ter me avisado na hora! Pelo menos eu comeria mais devagar.


Será que vivo em função de encontrar de novo "o dia mais feliz da minha vida?" Se vivo, tudo terminaria quando eu descobrisse que ele já foi. É como a gente ir tirando dinheiro do cofre na suposição de que existe muito mais lá dentro. Um dia a gente descobre que não há mais moedas de outro. "Se eu soubesse não gastaria tudo tão rápido."


E se eu já esgotei minha cota?


Chega de perguntas.

5 de ago. de 2011

Transgressão



Levantei da cama cedo
Como se ouvise algum som
Olhei para o dia com medo
Mas fingi que ia ser bom

Tomei o café da manhã
Como se preferisse adoçante
Almocei uma maçã
Tentando ficar elegante


Comi alface sem graça
Rejeitei bacon crocante
Sorri de mentira na praça
Com o coração soluçante

Parecia um sonho maluco
Onde nada combinava
Tomei um copo de suco
Para ver se aliviava
E veio uma pressão no peito
Que nem o suco deu jeito.

Abracei quem me abriu os braços
Pois deles não pude fugir
Mas perdi os doces laços
De quem nunca mais pôde vir

Ajudei quem não amava
Fingi alegria na festa
No enterro eu só pensava
Em coisa nada funesta

Dei atenção mentirosa
A assunto sem sabor
E calei teimosamente
Às coisas que falam de dor

Senti uma pressão no peito
Por tanta contrariedade
Mas disse: "Isso não tem jeito!
Vivemos em sociedade!"

Odiei o calor do sol
E a chuva que me molhou
Mas lembrei que é pecado
Reclamar do que Deus criou

Desejei o que não sei explicar
Expliquei o que nunca entendi
Cansei de me pôr a pensar
Nas incoerências daqui,


Desse mundo desbotado
E suas histórias singelas
Com capítulos misturados
E ideais que a gente anela.


Parecia um sonho maluco
Onde nada combinava
Tomei um copo de pinga
Para ver se aliviava
Mas veio a pressão no peito
Que nem pinga aliviava.

Não sei mais a diferença
Entre ser sincera ou má
Viver pedindo licença
É uma coisa de amargar!

Mas senti pressão no peito
Quando olhei a tarde fria
E admiti pra mim mesma
Que nada disso eu queria.

Corri sem querer chegar
Levantei fora de hora
Fui salva pela transgressão
Daquela última hora:

De tanto pensar deitada
Nas coisas que faria de pé
Caí de noso, cansada,
Pensando em como a vida é

E sonhei sonho tão louco 
Tão cheio de transgressão
Com desaforos, com soco
Em quem merecia prisão!

Vivi amores malucos
Todos bem correspondidos
Havia romances e coitos
Que não eram interrompidos

Um sonho sincero e humano!
Lavei minha alma dormindo
Me apeguei àquele momento
De magia, e muito lindo


  Sonho louco e transgressor
Com liberdade total
De consertar esse mundo
E detonar todo o mal
E rejeitar programa chato
De caráter social


Quis dormir mais umas horas
Pra curtir aqueles fatos
E voltar a ser senhora
Em sociedade de ratos


Acordei aliviada
Pois sonhei tudo o que quis
Ai como eu estava cansada!
Mas bem que eu queria um bis

E tão sinceros eram os sonhos
Que nem posso te contar
No que daria esse mundo
Se eu os pudesse executar?

3 de ago. de 2011

Qual a importância do esporte em sua vida?


1- O esporte é importante para me mostrar como sou acomodada e sem força de vontade. É, portanto, uma lição de humildade.


2- O esporte é importante porque quando eu o pratico sou tomada pela ilusão de que sou jovem e cheia de vida.


3- O esporte é importante em minha vida porque é muito agradável comparar-me com os sedentários e imaginar que eles vão morrer primeiro (ainda que eles estejam mais seguros dentro de casa do que eu, correndo na rua).


4- O esporte é importante porque adoro fazer compras. Só que frequentemente sinto-me culpada pelo consumismo. Adquirir roupas de academia é um tremendo álibi emocional: gasto do mesmo jeito mas estou perdoada porque é por uma boa causa.


5- A importância do esporte é que quando pratico esporte só preciso pensar no esporte. Os problemas vão para debaixo do tapete (e não consigo imaginar lugar melhor para eles).


6- O esporte é importante em minha vida porque quando eu morrer ninguém vai dizer que a culpa foi minha. Eu fiz a minha parte!


7 - O esporte é importante porque dizem que é importante, então deve ser importante mesmo.


8- O esporte é importante porque me faz viver em contagem regressiva esperando chegar o grande dia em que acordarei gostosa e sarada. O dia não chega nunca mas o que seria da vida sem as ilusões?


Essa é a minha contribuição para a campanha Esporte é Vida. 

REALIDADES BRASILEIRAS