Lembro de minha mãe olhando o mundo ao redor, o mundo que não era mais dela. Ouvia os noticiários, reparava as novas tendências, modismos, a alteração dos costumes, as banalizações impensáveis, o embrutecimento das pessoas... ela olhava tudo isso e concluía: "é... não tem mais lugar para mim nesse mundo não. Estou velha demais, estou antiquada, não me encaixo..."
Ela falava essas coisas como alguém que já passara da idade das indignações. Passara também algumas das esperanças próprias da juventude. Tudo parecia ruir: o mundo que até então conhecera, firmado em valores aparentemente sólidos e reconhecíveis, aquele mundo desvanecia. O sentimento é de orfandade, deslocamento. Uma espécie de solidão. Ela falava essas coisas calmamente, em paz, como quem cansa da briga e simplesmente entrega os pontos.
Acho que a velhice se completa nesse ponto: quando termina a energia para tentar se adaptar. Porque em um primeiro momento não queremos adaptação: queremos mudar o mundo. Depois de algumas pelejas entendemos que algumas coisas mudam de qualquer jeito, é assim mesmo e tentar conter o mar é dar murro em ponta de faca. Vem então a fase das tentativas de adaptação: tentamos criar teorias reconfortantes ou entender teorias para nós impostas. Tentamos explicar as coisas para nós mesmos. É um auto catequismo teimoso. Tudo para sofrermos menos. "Vai ver que eu é que estou errada. O mundo é assim mesmo e existe sempre um lado positivo nas coisas. Talvez eu precise começar a pensar diferente, ver as questões com outros olhos. Preciso ser mais flexível." Funciona por um tempo. Cria-se uma paz artificial. Uma espécie de sono a peso de remédios.
Quando os constantes esforços para adaptação passam a significar auto agressão... aí já é sinal de que a fórmula esgotou. Continuar tentando é cuspir em si mesmo, renegar-se. Poucos se odeiam a esse ponto. Quem já foi feliz não consegue desprezar o ambiente onde foi cozinhada a própria ventura. Você ama até a panela de um bom cozido.
Passamos a vida tentando mudar o mundo, depois tentando nos mudar para o mundo. Por fim admitimos tanto quem somos quanto o que o mundo é.
Envelhecimento é quando a gente começa a não ver tanta graça em permanecer em uma festa esculhambada só porque a galera está lá. É quando, no meio da zoeira, lembramos que sempre é possível voltar pra casa e repousar.
Cada dia entendo mais a minha mãe. Sou bem mais nova do que ela quando proferiu a dita frase. Mesmo assim tomo-a para mim. Não reconheço mais, em lugar algum, o mundo no qual nasci.
É com uma alegria pouco exaltada que anuncio para mim mesma minha chegada nesta estação: a estação onde a gente espera o trem para seguir adiante. A estação onde entendemos que valeu, mas já deu.
Estou começando a achar, como ela, que esse mundo não está mais tendo lugar para mim. Não me encaixo, não quero mais me encaixar. Protesto demais, canso e, por fim, me torno cansativa.
Estranho... Ao mesmo tempo em que cresço em compreensão para com o próximo, também diminuo em algum tipo de flexibilidade. Parece contraditório... Difícil de explicar. Mas quem quer a minha explicação, afinal de contas?
Portanto não critique um velho quando ele diz "no meu tempo..." É uma expressão bem apropriada. Chega mesmo um tempo em que o tempo não é mais o nosso tempo.
E quer saber de uma coisa? Será que esse trem ainda vai demorar?
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10 de fev. de 2014
6 de fev. de 2014
Adeus, dia!
É noite e estou cansada. Tentei ver um filme mas cochilei. Ainda assim reluto em me despedir do meu dia. Hoje eu não queria dizer "adeus" para esse conjunto de 24 horas com seu colar de minutinhos enfeitados de segundos.
Meu "hoje" está me parecendo tão ímpar! Tenho certeza de que alguma coisa eu não soube, alguém viria mas não veio, algum segredo não me contaram mas aconteceu, uma cena eu perdi, uma boa sorte me sorriu pelas costas. Sensação de que não vi tudo que poderia.
Há dias em que a gente nem percebe o fim e até torce por ele, mas há outros em que isso incomoda. Hoje é como um filme que a gente sabe que está acabando mas sente que está faltando aquele fecho, sabe, aquela última e decisiva cena. Hoje está tudo com cara de filme francês. No final a gente olha para os lados e pergunta "e aí, acabou?"
Parece que se eu for dormir, perco a cereja do bolo. Mas não aguento: morro hoje, amanhã ressuscito. Tomara que guardem a minha cereja.
28 de jan. de 2014
Não sou tão má
Que me conhece sabe que não sou muito fã de cães. Acho que maltratar animais é algo intolerável, mas daí a ter um bicho em casa vai uma grande distância. Eu defendo veementemente os direitos dos animais - contem comigo! Desde que eles sejam felizes longe de mim.
Tempos atrás andei postando um texto implicando com a cara de vários bichinhos. Para não dizerem que sou do mal, segue abaixo a lista de uns irracionais que passaram no meu controle de qualidade:
1- O boi. Não parece malvado, pelo contrário: é um churrasco ambulante. Como não gostar dele? Olham para a gente tranquilos, não exigem carinho, não enchem o saco, quase não mugem, não cantam de madrugada... Dá pra ter bois e ser feliz.
2- Ovelha: Ótimas para enfeitar propriedades rurais. Seriam excelentes animais
de estimação. Não sei como ainda não pensaram nisso. Eu preferia mil vezes chegar em sua casa e me deparar com uma ovelha do que com com um cachorro.
3- Golfinhos: gosto. São sorridentes, animados e nos acham o máximo! Pelo menos é o que aparentam com aquele sorriso constante. Quando enxergam um ser humano parecem exclamar "bem-vindos!" ou "Que bom que vocês vieram!" Tomara que não seja falsidade. E eles brincam, fazem gracinhas, são inteligentes. O ideal é que fossem menores, de forma a caberem em nossos aquários, mas tudo bem.
4- Ursos polares: tá certo que bastaria uma arranhada para me fatiar todinha mas não pensemos isso. O fato é que são lindos e sempre tão bem vestidos naqueles casacões de peles! São espaçosos mas por isso mesmo têm o bom senso de morar no Alasca, não em minha casa. São independentes, reservados, ficam lá no gelo deles e ainda posam para o National Geografic sem frescura.
5- Zebra: muito graciosas. Difícil acreditar que não sejam brinquedos. Sempre quis ter uma criação de zebras. Já fantasiei por dias incontáveis que comprei uma pequena fazenda cuja atração eram as zebras. Muitas. Minha fazenda seria parada obrigatória para os turistas que viessem à cidade. Hordas de estudantes viriam conhecer a Fazenda Zebrinha e comprariam souvenires irresistíveis: de chaveiros a casaquinhos, bolsas, canetas e tênis - tudo listradinho. Zebras são cavalos cheios de estilo. Ainda vou ter minha própria uma coleção de zebras.
6- Borboletas. Todos gostam de flores. Imaginem flores voadoras! Pois isso são as borboletas. Não fazem barulho, não picam, não ameaçam, não fazem cocô na gente. São leves e ainda decoram nosso ambiente. Pena que não curtem muito sexo, por isso acabam colocando poucos filhotes no mundo...

7- Passarinhos fora da gaiola: são tipo borboletas, só que mais pesadas. O que se diz de uma borboleta se pode dizer também de um passarinho. O que estraga é a mania de fazer cocô justamente na pintura do nosso carro.
8- Onças, pumas, tigres... felinos de grande porte são o máximo. E sabem colocar banca: um rugido deixa todo mundo de pernas bambas.
9- Águias: não sei bem por quê, mas acho que elas também têm certa imponência e elegância. Não são tão bem vestidas quanto os felinos e ursos, mas devem ter alguma ascendência nobre porque sabem se portar. E moram bem, ocupando sempre nos "apês" de cobertura.
10 - Iguanas e camaleões: igualzinhos a um monte de gente que conheço: feios de rosto mas bonitos de corpo. Hoje em dia é o que importa. Têm um aspecto meio carnavalesco mas vá lá, um toque de descontração é sempre bem vindo. Chamam atenção e dão ao ambiente um ar exótico. Todos deveriam ter um coiso desses dentro de casa (menos eu). Ficam ótimos em janelas ou próximo às portas. Evite colocá-los na mesa de centro.
Tempos atrás andei postando um texto implicando com a cara de vários bichinhos. Para não dizerem que sou do mal, segue abaixo a lista de uns irracionais que passaram no meu controle de qualidade:

2- Ovelha: Ótimas para enfeitar propriedades rurais. Seriam excelentes animais
de estimação. Não sei como ainda não pensaram nisso. Eu preferia mil vezes chegar em sua casa e me deparar com uma ovelha do que com com um cachorro.
3- Golfinhos: gosto. São sorridentes, animados e nos acham o máximo! Pelo menos é o que aparentam com aquele sorriso constante. Quando enxergam um ser humano parecem exclamar "bem-vindos!" ou "Que bom que vocês vieram!" Tomara que não seja falsidade. E eles brincam, fazem gracinhas, são inteligentes. O ideal é que fossem menores, de forma a caberem em nossos aquários, mas tudo bem.
4- Ursos polares: tá certo que bastaria uma arranhada para me fatiar todinha mas não pensemos isso. O fato é que são lindos e sempre tão bem vestidos naqueles casacões de peles! São espaçosos mas por isso mesmo têm o bom senso de morar no Alasca, não em minha casa. São independentes, reservados, ficam lá no gelo deles e ainda posam para o National Geografic sem frescura.
5- Zebra: muito graciosas. Difícil acreditar que não sejam brinquedos. Sempre quis ter uma criação de zebras. Já fantasiei por dias incontáveis que comprei uma pequena fazenda cuja atração eram as zebras. Muitas. Minha fazenda seria parada obrigatória para os turistas que viessem à cidade. Hordas de estudantes viriam conhecer a Fazenda Zebrinha e comprariam souvenires irresistíveis: de chaveiros a casaquinhos, bolsas, canetas e tênis - tudo listradinho. Zebras são cavalos cheios de estilo. Ainda vou ter minha própria uma coleção de zebras.
6- Borboletas. Todos gostam de flores. Imaginem flores voadoras! Pois isso são as borboletas. Não fazem barulho, não picam, não ameaçam, não fazem cocô na gente. São leves e ainda decoram nosso ambiente. Pena que não curtem muito sexo, por isso acabam colocando poucos filhotes no mundo...
7- Passarinhos fora da gaiola: são tipo borboletas, só que mais pesadas. O que se diz de uma borboleta se pode dizer também de um passarinho. O que estraga é a mania de fazer cocô justamente na pintura do nosso carro.
8- Onças, pumas, tigres... felinos de grande porte são o máximo. E sabem colocar banca: um rugido deixa todo mundo de pernas bambas.
9- Águias: não sei bem por quê, mas acho que elas também têm certa imponência e elegância. Não são tão bem vestidas quanto os felinos e ursos, mas devem ter alguma ascendência nobre porque sabem se portar. E moram bem, ocupando sempre nos "apês" de cobertura.
10 - Iguanas e camaleões: igualzinhos a um monte de gente que conheço: feios de rosto mas bonitos de corpo. Hoje em dia é o que importa. Têm um aspecto meio carnavalesco mas vá lá, um toque de descontração é sempre bem vindo. Chamam atenção e dão ao ambiente um ar exótico. Todos deveriam ter um coiso desses dentro de casa (menos eu). Ficam ótimos em janelas ou próximo às portas. Evite colocá-los na mesa de centro.
A dor que queremos
Você não gosta de sentir dor. Nem eu. Mas se não gostamos por que detestamos a ideia de apagar nossa memória?
Que tal detonar de seu passado tudo o que não agrada? Se pudesse, você se livraria de toda a lembrança que lhe traz sofrimento?

Já ouvi muitas vezes as pessoas dizerem que "se eu pudesse, riscaria isso tudo de minha mente." Eu mesma já proferi esta frase. Claro que não foi do coração. Esquecer o que vivemos é o mesmo que esquecer quem somos. Isso é assustador.
Você entraria em uma máquina sabendo que quando saísse estariam apagadas todas as suas memórias dolorosas? O dia em que sua mãe morreu... aquele "não" de quem você amava, a ingratidão do amigo, a ingratidão para com o amigo, as noites de solidão, o desprezo de alguém, a manhã do assalto, a injustiça cometida, a palavra que não poderia ter sido dita, aquela atitude destrutiva, a humilhação, a raiva, o abandono... Você apagaria tudo?
Já cheguei a achar que o passado se parecia demais com um dente estragado: só servia para doer. Mas que pensamento raso! As tristes lembranças não servem só para doer: servem para fazer de mim quem eu sou. Tirem de mim as dores e o que sobra é um fantasma. As lembranças servem para ensinar, para nos poupar de errar de novo, para mostrar o que é a natureza humana, para nos tornar mais humildes.
Se o passado é o que me forja e dele não abro mão, concluo que gosto de mim mesma bem mais do que até então supunha. Gosto de mim a ponto de continuar querendo a dor que me faz ser quem sou.

Etapas da nossa existência não podem ser "puladas". Se eu subtraio muitas cenas de um filme, ele resulta sem sentido ou profundidade. Minha vida só tem sentido porque tenho um passado - bom ou não. Só consigo entender quem sou a partir de quem fui, do que vivi. Pois então que venham as memórias, as vergonhas, os arrependimentos, as mancadas. Não os renego. Aceito a minha vida como quem aceita um filho apesar de todos os defeitos.
Passado: essa é a dor que queremos. Porque a pior tristeza é não ter sentido, não ser ninguém.
24 de jan. de 2014
Ponto saliente
Um homem de bicicleta com a garupa coberta de rosas. Imagine! Registro esta como a cena especial de hoje.
Só existem dias iguais para os olhares distraídos. Todos os dias são realçados por um ponto saliente. Sempre há uma cena que faz toda a diferença no meio da amarelice.
Pois eu estava no trânsito e vi um buquê gordo, vibrante, ansioso por ser abraçado. Vestido para festa, parecia muito firme apesar dos sacolejos da bicicleta.
Acho que o ponto alto na vida dos buquês é quando são abraçados. Eles adoram mergulhar em seios quentes. Adoram braços longos, suspiros, palavras de agradecimento e emoção. Adoram a intimidade pública, rara e cara que poucos gozam, de tocar em corpos, serem acariciados, beijados, bincados. Um colo de mulher é um colo de mulher! E no meio da mornidão as flores olham para cima e enxergam dentes brancos contra a luz. Um pouco mais adiante, já forçando os olhos, dá pra ver os cílios inquietos lustrando os olhos.
Um buquê de rosas é como uma mulher bonita: ele sabe muito bem o efeito que causa.
E lá ia o homem, lá ias as flores. Doce missão. Deu vontade de passar pertinho dele, emparelhar com a bicicleta e perguntar pela carga, puxar conversa, descobrir detalhes. Aniversário? Pedido de casamento? Nova conquista? Amante secreta? Pedido de desculpas?
Eu quis roubar uma rosa. Quis passá-la no rosto como sempre faço, sentindo o veludo geladinho que só as flores tem. Porque no mais, todo veludo é quente.
Rosas são o retrato da juventude, da paixão, do amor, do sexo requintado.
Foi esse o pontinho vermelho no meu dia. Foi essa "a cena" de hoje. E pensar que ontem o ponto saliente foi eu, no carro, chorando com a música "É isso aí." Não sei porquê, nem triste eu estava. Mas é isso aí.
Dizem que os diamantes são eternos. Mentira. Os diamantes passam. Eternas são as rosas no coração de uma mulher.
20 de jan. de 2014
Flor do Destino - Nilson Chaves
Amo essa música.
"Te amei assim como água de chuva
Que vai penetrando pra dentro do mundo
Te bebi assim como poço de rua
Que eu olhava dentro mas não via o fundo..."
Como pode uma Joelma ser mais conhecida do que Nilson Chaves? Esse mundo está louco mesmo...
"Te amei assim como água de chuva
Que vai penetrando pra dentro do mundo
Te bebi assim como poço de rua
Que eu olhava dentro mas não via o fundo..."
Como pode uma Joelma ser mais conhecida do que Nilson Chaves? Esse mundo está louco mesmo...
17 de jan. de 2014
12 de jan. de 2014
Segurança
Bom seria que os pássaros, em suas gaiolas, fossem brindados com a mesma sensação de segurança que nós humanos sentimos quando estamos enjaulados.
Tomara que sim. Torço pelos pássaros. O futuro deles é promissor. Hoje vemos mais humanos presos do que passarinhos em gaiolas. Uma zero pra eles.
Dia desses vi uma mulher no pátio de casa, a noite. Momentos de relaxamentos depois de um dia atarefado, eu acho. Sopa no fogão, meninos banhados, "dever cumprido". Momentos de liberdade e displicência. Na jaula.
Ao lado havia outras casas igualmente gradeadas, só que a dela chamava mais atenção. Era muito estreita, o que lhe dava um aspecto de "ombro encolhido" perto das outras casas maiores. E por estar um pouco acima do nível da calçada, a semelhança com gaiola era inevitável. E a mulher lá dentro, muda e de olhar perdido, comia seu sanduiche de "nada fazer" recheado com "sensação de segurança". Acho que ela estava se sentindo bem.
Talvez não percebesse que o quadradinho onde morava era mais um ponto triste na cidade. Algo a ser fotografado para ilustrar textos-denúncia. Uma imagem da nossa desgraça social agravada pelo aspecto conformado da mulher.
Talvez não percebesse que o quadradinho onde morava era mais um ponto triste na cidade. Algo a ser fotografado para ilustrar textos-denúncia. Uma imagem da nossa desgraça social agravada pelo aspecto conformado da mulher.
Não sei se um passarinho na gaiola retrata o mesmo nível de falência social daquela senhora. Não sei se os pássaros são consolados com a mesma ilusão de segurança que nós. Não sei. Só sei que quando saio de um ambiente fechado e me dirijo até meu carro, olho várias vezes para os lados. Quando me certifico de que não há ninguém suspeito por perto vou correndo e me tranco no veículo. Aí respiro fundo e me sinto novamente entre grades. É tão bom estar segura!
9 de jan. de 2014
Filhos da mãe!
Lembram da maldita musiquinha do "Pônei Maldito"? Pois existem bichos muito mais malditos do que eles.
Lembro de tempos idos... Quando eu era criança ouvia a professora ensinar, com ar de glória, que a dengue era uma doença vencida. A ciência pisou, sapateou e cima e erradicou. Eu ouvia e achava estranhíssima a palavra "dengue". Que nome esquisito para uma doença! Mas o importante era podermos dizer que vencemos aquela coisa esquisita. Poder olhar para nossos antepassados de cima para baixo e constatar que perto de nós eles não passavam de grosseirões, incultos, rudes, atrasados, vítimas de doenças de nomes ridículos. Maravilha poder viver numa época tão "adiantada"!
"O Brasil já esteve livre desse vetor durante anos. Se medidas tivessem sido tomadas no momento da sua reintrodução no país, em 1976, possivelmente não estaríamos hoje diante de epidemias de tamanha gravidade. "
Pois é. Décadas se passaram e qual não foi minha decepção ao descobrir a professora estava enganada! Que mico ensinar que a dengue era uma doença fuleira do Brasil imperial mas agora as novas gerações já podem morrer de coisa mais chique!
Confesso: aquele sentimento de "Brasil varonil" esvaziou-se um bocado.
O que me pergunto é: de onde sairam os dois mosquitinhos libidinosos? Onde estava escondido o casal maldito que continuou procriando? Que maloca foi essa onde o Baygon nao chegou? Enganaram todo mundo. Ressuscitaram a dengue como quem ressuscita dinossauros a partir de míseras células. "Noé" deveria ser o nome do mosquito sobrevivente.
5 de jan. de 2014
Diamante no sapato
O amor é um diamante - do qual você não se livra.
Quando o recebemos ele vai direto para o coração e lá tem seu lugar de destaque: o centro do centro do centro de tudo. Só que com os sacolejos da vida às vezes ele se desloca, sai do lugar, mas não se perde. O amor, quando cai do coração, vai direto pra dentro do sapato.
Tem gente que anda a vida toda com aquele diamante dentro do sapato. Às vezes essas pessoas até conseguem andar eretas em sociedade mas mancam quando estão sozinhas. Tentam se livrar do diamante mas não é fácil porque, como todos sabemos, "um diamante é para sempre".
Quando o diamante cai do coração muita gente declara que faria tudo para se livrar dele. Acho que é mentira. Quem teria coragem de se livrar de uma coisa tão linda?
Há um universo dentro de cada diamante... Dizem que, na vida, cada pessoa só recebe um deles. Já ouvi gente dizer que já foi dono de vários, mas também não acredito. Há muita teoria capenga em torno do assunto.
O que fazer quando um diamante escapole do coração e acha certinho o caminho do sapato? Bem, você pode tentar colocá-lo novamente em seu lugar, mas não há garantia de sucesso. Isso porque o o lugarzinho que ele ocupava mudou de formato. A linda pedra não se encaixa mais. E se passar muito tempo também acontece de a cola ressecar. Se a cola está seca nada mais o manterá no lugar, então ele acaba escorregando novamente para o sapato.
Como você realmente não vai se livrar dele vou te dar um conselho: o melhor a fazer com seu diamante é transformá-lo em lembrança. Faça dele um belo pingente. Tire-o do sapato e coloque-o pendurado em seu colo, pertinho do coração. Ali ele se sentirá em casa, se acalmará e não doerá nunca mais.
1 de jan. de 2014
Destruir
Essa é mais uma inestimável dica de como destruir emocionalmente uma pessoa. Certamente funciona. Só não entendo por quê seria de interesse público destruir alguém. Será que não há nada mais urgente do que nocautear o emocional alheio?
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