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30 de jan. de 2016
Sinais
Vejo você bem longe
Do outro lado do rio
Não claramente
Não quero falar-te mas quero contato
Envio-te sinais veementes mas secretos
Envio-te meus mais intensos pensamentos
Doloridas saudades
Coisas pulsantes e sem nome
Aflições sufocadas
Não percebes?
Mando-te gaviões e gaivotas
E escuros pássaros mudos
Mas eles não te encontram
Não te tocam
Não se chocam contra teu peito quente
Mando-te sinais veementes
Que chegariam a Andrômeda
Que chegariam a Deus!
Que Ele me valha
Enquanto sangro
A água corre muda e funda
E forma redemoinhos contorcidos
Distância é a mais certeira definição de morte
Mas ela será vencida
Quando também eu atravessar
Numa embarcação branca de ossos
Que preparo com desvelo
Toda distância é morte
Todo rio será vencido.
Concentro-me
E envio-te corvos
E pensamentos vermelhos
Sentimentos emaranhados
E dores de filha
Mas não me olhas, não dás sinal!
Então corto meus pés e os lanço
Em desespero mando também joelhos e pernas
Na esperança de que te achem
Que me vejas neles
Que te lembres!
Pois vai também a cabeça
Que cai pesada, some
E ressurge resoluta e encharcada
Minutos... horas...
Aí vão meus olhos
Que flutuam pasmos
Sem ter onde agarrar
Dou-te tufos de cabelos
Muito unidos e emaranhados
Ninhos meus
Nascedouros de medos e amores
Jogo-te minhas unhas cravadas nas vísceras
Que te pasmarão
Que te agredirão pela sua feiúra
Elas percorrem a correnteza em dores
Deixando um rastro, um véu,
Um cheiro.
Mando-te mãos e cérebro
- Que tudo se perca!
E o punhal com que me decepei vai junto
Seja ele a testemunha da intensidade
De tudo isso que não vês.
O rio arrasta seu véu
Como uma noiva em transe
Meus sinais são buquê
Eu fico
Não sigo
Irei mais tarde
Quando não aguentar mais
Agora acompanho com os olhos
Apreensiva
Esse estranha procissão
E a coleta que farás.
22 de jan. de 2016
Ondas concêntricas

Você já assistiu o filme "O Vidente"? É muito bom. O que gostei mesmo foi de uma certa frase dita tanto no inicio quanto no final da história. Algo assim:
"O lance do futuro é que toda vez que você olha pra ele, ele muda - porque você olhou para ele. Olhar altera tudo."
Instigante.
Então é por isso não podemos olhar o futuro. A frase "olhar o futuro" seria então uma contradição em si mesma porque se ele muda ao ser visto, então o "futuro" deixa de ser futuro. É por isso que as profecias são tão enigmáticas. O futuro, para continuar sendo o que é, não pode se deixar observar longamente. Para se cumprir ele só pode ser visto em relances, borrões, visões estranhas. Porque direcionar-lhe o olhar é o mesmo que matá-lo. Isso é a coisa mais lógica e redonda deste mundo.
Para não matar o futuro deveríamos olhá-lo do lado de fora, não do lado de dentro onde estamos, onde as coisas acontecem. Quem olha o futuro não pode estar dentro do tempo sob pena de dissolver o observado.
Não adianta: por mais imóveis que tentemos ficar, ao nosso redor formam-se ondas concêntricas totalmente fora do nosso controle. É como uma pedra atirada no lago. Impossível jogar uma pedra no lago e observá-la afundar em um movimento único e solitário. Nunca um movimento é solitário. A água não fica imóvel, mas engole a pedra entre convulsões irreprimíveis. Círcuros ondulantes se formarão a partir dali denunciando a origem da irregularidade. Espalhar-se-ão, mudarão o posicionamento das folhas nas margens, o trajeto dos peixes, o reflexo da lua, tudo. Muda tudo! Serão círculos formando pequenas ondas que alterarão bilhões de pequenos fatos desnorteando-os... e o futuro esvaecerá irremediavelmente como se nunca tivesse existido.
Olhar o futuro é jogar uma pedra no lago do presente. É meio triste saber que nosso olhar é, destrutivo, alterador, que faz com que o que será deixe de sê-lo antes mesmo de ter sido.
É a pior das mortes. Nós, quando moremos, nos transformamos em lembrança, mas ele - o futuro - quando morre vira apenas ilusão! Porque o futuro que não acontece é o que? É um delírio. É quase nada.
Fora do tempo não há círculos. Só quando você sair do tempo é que poderá olhar tranquilamente o futuro sem estragar tudo. Só que aí o futuro também deixará de ser futuro para ser, teimosamente, um eterno presente.
*
Cristina Faraon
19 de jan. de 2016
Eu me rendo!
(Um texto de Danuza Leão)
Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.
Uma das mentiras: É a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante. É muito simples: não podemos.
Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante .
Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova?
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres – e os maridos – de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer – sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos. Ah, quanta mentira!
Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha - não à que faz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour – aquele – das executivas da Madison.
Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida.
Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes – aqueles que enlouquecem os homens – precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro.
Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada – o que também custa dinheiro.
É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete – um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para umhappy hour.
Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.
Felizes são as mulheres que têm cinco minutos – só cinco – para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.
Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo.
E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver . Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.
Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade; impossível, eu diria. Parabéns para quem consegue fingir tudo isso….
Quantas mentiras nos contaram; foram tantas, que a gente bem cedo começa a acreditar e, ainda por cima, a se achar culpada por ser burra, incompetente e sem condições de fazer da vida uma sucessão de vitórias e felicidades.
Uma das mentiras: É a que nós, mulheres, podemos conciliar perfeitamente as funções de mãe, esposa, companheira e amante, e ainda por cima ter uma carreira profissional brilhante. É muito simples: não podemos.
Não podemos; quando você se dedica de corpo e alma a seu filho recém-nascido, que na hora certa de mamar dorme e que à noite, quando devia estar dormindo, chora com fome, não consegue estar bem sexy quando o marido chega, para cumprir um dos papéis considerados obrigatórios na trajetória de uma mulher moderna: a de amante .
Aliás, nem a de companheira; quem vai conseguir trocar uma idéia sobre a poluição da Baía de Guanabara se saiu do trabalho e passou no supermercado rapidinho para comprar uma massa e um molho já pronto para resolver o jantar, e ainda por cima está deprimida porque não teve tempo de fazer uma escova?
Mas as revistas femininas estão aí, querendo convencer as mulheres – e os maridos – de que um peixinho com ervas no forno com uma batatinha cozida al dente, acompanhado por uma salada e um vinhozinho branco é facílimo de fazer – sem esquecer as flores e as velas acesas, claro, e com isso o casamento continuar tendo aquele toque de glamour fun-da-men-tal para que dure por muitos e muitos anos. Ah, quanta mentira!
Outra grande, diz respeito à mulher que trabalha - não à que faz de conta que trabalha, mas à que trabalha mesmo. No começo, ela até tenta se vestir no capricho, usar sapato de salto e estar sempre maquiada; mas cedo se vão as ilusões. Entre em qualquer local de trabalho pelas 4 da tarde e vai ver um bando de mulheres maltratadas, com o cabelo horrendo, a cara lavada, e sem um pingo do glamour – aquele – das executivas da Madison.
Dizem que o trabalho enobrece, o que pode até ser verdade. Mas ele também envelhece, destrói e enruga a pele, e quando se percebe a guerra já está perdida.
Não adianta: uma mulher glamourosa e pronta a fazer todos os charmes – aqueles que enlouquecem os homens – precisa, fundamentalmente, de duas coisas: tempo e dinheiro.
Tempo para hidratar os cabelos, lembrar de tomar seus 37 radicais livres, tempo para ir à hidroginástica, para ter uma massagista tailandesa e um acupunturista que a relaxe; tempo para fazer musculação, alongamento, comprar uma sandália nova para o verão, fazer as unhas, depilação; e dinheiro para tudo isso e ainda para pagar uma excelente empregada – o que também custa dinheiro.
É muito interessante a imagem da mulher que depois do expediente vai ao toalete – um toalete cuja luz é insuportavelmente branca e fria, retoca a maquiagem, coloca os brincos, põe a meia preta que está na bolsa desde de manhã e vai, alegremente, para umhappy hour.
Aliás, se as empresas trocassem a iluminação de seus elevadores e de seus banheiros por lâmpadas âmbar, os índices de produtividade iriam ao infinito; não há auto-estima feminina que resista quando elas se olham nos espelhos desses recintos.
Felizes são as mulheres que têm cinco minutos – só cinco – para decidir a roupa que vão usar no trabalho; na luta contra o relógio o uniforme termina sendo preto ou bege, para que tudo combine sem que um só minuto seja perdido.
Mas tem as outras, com filhos já crescidos: essas, quando chegam em casa, têm que conversar com as crianças, perguntar como foi o dia na escola, procurar entender por que elas estão agressivas, por que o rendimento escolar está baixo.
E ainda tem as outras que, com ou sem filhos, ainda têm um namorado que apronta, e sem o qual elas acham que não conseguem viver . Segundo um conhecedor da alma humana, só existem três coisas sem as quais não se pode viver: ar, água e pão.
Convenhamos que é difícil ser uma mulher de verdade; impossível, eu diria. Parabéns para quem consegue fingir tudo isso….
15 de jan. de 2016
Um dia...
Perdi muita gente. Muita gente também me perdeu de vista. Mas um dia...
Um dia cruzaremos nossos caminhos de novo por uma dessas vielas improváveis da vida. Talvez nossos olhares se cruzem e eu custe um pouco a adaptar minha mente à sua imagem recente.
Se isso acontecer daqui a vinte anos você vai achar que tudo está mudado, mas isso não será verdade! Embora tudo mude, algumas coisas são eternas. É preciso ter sempre isto em mente para não nos assustarmos com a vida.
A delícia de viver está justamente em descobrir quais são essas coisas imutáveis.
Quando menos esperar você verá seu amigo em alguma fila, algum engarrafamento ou padaria do mundo. Ele estará um um pouco mais curvo, um pouco mais lento, menos decidido e mais humilde na arte de sonhar. Ele cultivará brotos de feijão - sonhos simplórios de curtíssimo prazo que nem deveriam ser denominados "sonhos". Cultivará "cochilos" de fácil realização. Terá gestos pausados e você verá hesitação onde não havia espaço para ela antes. Quando isso acontecer não fique triste porque você também estará usando roupas diferentes do seu antigo gosto. Talvez calce um sapato engraçado, presente de neto.
O que eu sou? O que é meu mesmo e não coisa ocasional? O sorriso? O espirro? O gostar de lilás? Há um jeito de abraçar que seja só meu? O que irá permanecer daqui a quarenta anos?
De tudo restará um lampejo nos olhos, visível em futuros reencontros. Prepare-se. Será um brilho conhecido a se manifestar discretamente escapando da opacidade. Será algo com o que nós estamos familiarizados ainda que não nos demos conta disso. O que ressurgirá é o que nunca se foi. Ficará o que realmente interessava por todos esses anos. Acho que podemos nomear "isso" como "alma".
O que sempre nos prendeu em cada pessoa que amamos foi a alma. Mesmo em nossos piores momentos de frivolidade. Amigos, sabei: um dia teremos aprendido que nenhuma daquelas bobagens valia a pena. Nada, nem mesmo a beleza passada era a essência do que somos nem o centro do que buscávamos uns nos outros. E aquela coisa boa que nos acalentava maternalmente enquanto estávamos juntos, aquela coisa cândida e sem nome, não se devia a nada daquilo que tanto prezávamos. Devia-se à alma, à energia própria de cada um, coisa inconfundível e cara. Era ela que, com ou sem ornamentos, fazia a vida valer a pena.
Nada amamos, a não ser a alma. Quem ama outra coisa, não ama nada. E isso é tudo o que meus olhos vão buscar em você lá no futuro, quando pensarmos que estamos completamente descaracterizados.
Se daqui a alguns anos você encontrar alguém do passado e se seus olhos descobrirem o que até então estava encoberto... Se finalmente seu olhar estiver desvestido das lentes das nulidades, não hesite: vá ao seu encontro! Corra a abraçá-lo ainda que esse querido não o reconheça. Pode parecer constrangedor no primeiro momento mas quando novamente estiveres sozinho saberás que naquele abraço talvez tenhas salvado todo o teu passado.
Um dia cruzaremos nossos caminhos de novo por uma dessas vielas improváveis da vida. Talvez nossos olhares se cruzem e eu custe um pouco a adaptar minha mente à sua imagem recente.
Se isso acontecer daqui a vinte anos você vai achar que tudo está mudado, mas isso não será verdade! Embora tudo mude, algumas coisas são eternas. É preciso ter sempre isto em mente para não nos assustarmos com a vida.
A delícia de viver está justamente em descobrir quais são essas coisas imutáveis.
Quando menos esperar você verá seu amigo em alguma fila, algum engarrafamento ou padaria do mundo. Ele estará um um pouco mais curvo, um pouco mais lento, menos decidido e mais humilde na arte de sonhar. Ele cultivará brotos de feijão - sonhos simplórios de curtíssimo prazo que nem deveriam ser denominados "sonhos". Cultivará "cochilos" de fácil realização. Terá gestos pausados e você verá hesitação onde não havia espaço para ela antes. Quando isso acontecer não fique triste porque você também estará usando roupas diferentes do seu antigo gosto. Talvez calce um sapato engraçado, presente de neto.
O que eu sou? O que é meu mesmo e não coisa ocasional? O sorriso? O espirro? O gostar de lilás? Há um jeito de abraçar que seja só meu? O que irá permanecer daqui a quarenta anos?
De tudo restará um lampejo nos olhos, visível em futuros reencontros. Prepare-se. Será um brilho conhecido a se manifestar discretamente escapando da opacidade. Será algo com o que nós estamos familiarizados ainda que não nos demos conta disso. O que ressurgirá é o que nunca se foi. Ficará o que realmente interessava por todos esses anos. Acho que podemos nomear "isso" como "alma".
O que sempre nos prendeu em cada pessoa que amamos foi a alma. Mesmo em nossos piores momentos de frivolidade. Amigos, sabei: um dia teremos aprendido que nenhuma daquelas bobagens valia a pena. Nada, nem mesmo a beleza passada era a essência do que somos nem o centro do que buscávamos uns nos outros. E aquela coisa boa que nos acalentava maternalmente enquanto estávamos juntos, aquela coisa cândida e sem nome, não se devia a nada daquilo que tanto prezávamos. Devia-se à alma, à energia própria de cada um, coisa inconfundível e cara. Era ela que, com ou sem ornamentos, fazia a vida valer a pena.
Nada amamos, a não ser a alma. Quem ama outra coisa, não ama nada. E isso é tudo o que meus olhos vão buscar em você lá no futuro, quando pensarmos que estamos completamente descaracterizados.
Se daqui a alguns anos você encontrar alguém do passado e se seus olhos descobrirem o que até então estava encoberto... Se finalmente seu olhar estiver desvestido das lentes das nulidades, não hesite: vá ao seu encontro! Corra a abraçá-lo ainda que esse querido não o reconheça. Pode parecer constrangedor no primeiro momento mas quando novamente estiveres sozinho saberás que naquele abraço talvez tenhas salvado todo o teu passado.
7 de jan. de 2016
ACÍDIA E CURIOSITAS
ACÍDIA E CURIOSITAS? Que raio é isso?
Aqui abaixo repito com as minhas palavras o que o blog Historia Viva comenta sobre o tema. Reflitam, oh néscios!
Aqui abaixo repito com as minhas palavras o que o blog Historia Viva comenta sobre o tema. Reflitam, oh néscios!
Há um desejo de ver que acaba pervertendo o sentido original da visão. A finalidade da visão é perceber a realidade. Só que a tal "concupiscência dos olhos" ("curiositas") é o desejo vazio de ver por ver, sem interesse algum em perceber a realidade. É então uma perversão do desejo natural de conhecer. É o olhar do tolo.
Agostinho diz que a avidez dos gulosos não é de saciar-se, mas de comer e saborear. O mesmo se pode dizer da curiositas (concupiscência dos olhos), que gosta de ver sem o desejo de penetrar na verdade, mas só de se deixar levar pelo mundo, sem rumo, sem finalidade e, por fim, sem proveito.
Tomás de Aquino mostra que a curiositas é uma vagabundagem mental que leva à dissipação do espírito. Como assim? Vou explicar: a pessoa se torna vazia, nula, fútil, sem conteúdo. Essa pobreza de espírito a leva, necessariamente, ao colinho de outro mal: o sujeito cai na acídia. Ô desgraça!
E o que é acídia? Ah, isso também muitos de nós sabemos. Acídia é aquela tristeza modorrenta do coração, aquele tédio interior. É quando, mesmo inconscientemente, o sujeito não se julga capaz de ser tudo aquilo para o qual ele foi criado. Ou melhor: acha que não tem como desfrutar de todas as suas possibilidades como ser humano. A pessoa se sente condenada à nulidade, incapaz de um feito importante. Essa modorra (essa palavra é boa!) tem cara fúnebre e cria um ciclo vicioso: a vagabundagem dos olhos leva a um profundo tédio interior e à ânsia desesperada por diversão (justamente para fugir do vazio). A diversão só socorre o sujeito por um pouco de tempo; aí ele cai na modorra de novo. Muitos acabam lançando mão do uso de drogas, para aliviar-se da secura interior.
A vagabundagem visual/mental é um repúdio às próprias possibilidades do ser. É se conformar com a mediocridade.
A acídia manifesta-se assim, diz São Tomás de Aquino:
1) Primeiro vem a "dissipação do espírito" (dispersão, diluição. O mundo não está cheio de gentinha rala, sem conteúdo, que só fala abobrinha? Pois é.)
2) A 'dissipação do espírito' manifesta-se, por sua vez, na tagarelice, na vontade indomável de distrair-se ("sair da torre do espírito e derramar-se no variado"), numa irrequietação interior, na insatisfação insaciável da curiositas.
Agostinho diz que a avidez dos gulosos não é de saciar-se, mas de comer e saborear. O mesmo se pode dizer da curiositas (concupiscência dos olhos), que gosta de ver sem o desejo de penetrar na verdade, mas só de se deixar levar pelo mundo, sem rumo, sem finalidade e, por fim, sem proveito.
Tomás de Aquino mostra que a curiositas é uma vagabundagem mental que leva à dissipação do espírito. Como assim? Vou explicar: a pessoa se torna vazia, nula, fútil, sem conteúdo. Essa pobreza de espírito a leva, necessariamente, ao colinho de outro mal: o sujeito cai na acídia. Ô desgraça!
E o que é acídia? Ah, isso também muitos de nós sabemos. Acídia é aquela tristeza modorrenta do coração, aquele tédio interior. É quando, mesmo inconscientemente, o sujeito não se julga capaz de ser tudo aquilo para o qual ele foi criado. Ou melhor: acha que não tem como desfrutar de todas as suas possibilidades como ser humano. A pessoa se sente condenada à nulidade, incapaz de um feito importante. Essa modorra (essa palavra é boa!) tem cara fúnebre e cria um ciclo vicioso: a vagabundagem dos olhos leva a um profundo tédio interior e à ânsia desesperada por diversão (justamente para fugir do vazio). A diversão só socorre o sujeito por um pouco de tempo; aí ele cai na modorra de novo. Muitos acabam lançando mão do uso de drogas, para aliviar-se da secura interior.
A vagabundagem visual/mental é um repúdio às próprias possibilidades do ser. É se conformar com a mediocridade.
A acídia manifesta-se assim, diz São Tomás de Aquino:
1) Primeiro vem a "dissipação do espírito" (dispersão, diluição. O mundo não está cheio de gentinha rala, sem conteúdo, que só fala abobrinha? Pois é.)
2) A 'dissipação do espírito' manifesta-se, por sua vez, na tagarelice, na vontade indomável de distrair-se ("sair da torre do espírito e derramar-se no variado"), numa irrequietação interior, na insatisfação insaciável da curiositas.
3) Desespero: assim como o apetite pode degenerar em gula, o desejo de conhecimento também pode degenerar em "curiositas". A perversão do desejo de conhecer pode significar que o homem perdeu a capacidade de "habitar em si próprio". Cruel. Aí a vida da pessoa se resume em procurar, com disfarçada angústia, mil caminhos para alcançar um bem-estar que só a serenidade de um coração senhor de si pode alcançar.
Uma vida inteiramente vivida é o que todo mundo quer. Mas a pessoa que se abandona à curiositas não tem realmente vida, apenas é levado pelo vento. Então seu destino é ir mendigando pela existência para ver se consegue ter a sensação de que goza uma vida intensa, quando na verdade nem sabe o que é isso.
Não é assim mesmo que acontece? E não é sábio entender que evitar a "concupiscência dos olhos" não é um favor que se faz à religião, mas a si mesmo?
As crianças evitam o mal por obediência ou medo;
O ser adulto o evita por entender o que ele realmente significa; Os tolos simplesmente não o evitam.
Uma vida inteiramente vivida é o que todo mundo quer. Mas a pessoa que se abandona à curiositas não tem realmente vida, apenas é levado pelo vento. Então seu destino é ir mendigando pela existência para ver se consegue ter a sensação de que goza uma vida intensa, quando na verdade nem sabe o que é isso.
Não é assim mesmo que acontece? E não é sábio entender que evitar a "concupiscência dos olhos" não é um favor que se faz à religião, mas a si mesmo?
As crianças evitam o mal por obediência ou medo;
O ser adulto o evita por entender o que ele realmente significa; Os tolos simplesmente não o evitam.
4 de jan. de 2016
Eu tenho vergonha
Das bobagens que eu já comprei
Dos pitis que já dei
Dos comentários maldosos
Do tempo que passo na internet
De não ter feito o melhor que podia
Da minha mania de achar que o pedinte está mentindo
Das vezes que ri quando alguém se esborrachou no chão
De sentir preguiça
De criticar
De não me empolgar com algumas causas relevantes
De quase todos os versos que já fiz
Das bobagens que eu pensava quando estava deprimida
Do carinho que não dei
Das vezes em que eu pensei "Bem feito!"
De comer mashmalow escondido.
31 de dez. de 2015
Talvez você precise pintar os cabelos *
Está chegando o dia em que vou pintar os cabelos. E cortá-los também. Pode ser logo agora, em 2016. Não sei, mas intuo que está perto.
Para quem não sabe, pintar os cabelos ou mudar radicalmente o corte é algo que pode ter um significado profundo. É um lance de alma. Já vi gente mudar completamente o visual depois de uma desilusão amorosa - por exemplo.
Mas tudo depende do contexto. Algumas pessoas são exóticas, fora dos padrões tradicionais desde sempre. Tudo bem. Não são essas pessoas sobre as quais quero teorizar hoje. Quero falar sobre aquelas sobre as quais baixou, de repente, um "espírito camaleônico". Uma dor em adiantado estado de superação pode estar visitando aquele coração.
Reinventar-se tem a ver com sinalização. No ontem dessas pessoas coloridas possivelmente exista um ponto final, um enorme ponto final que, no entanto, passaria despercebido se ela não sinalizasse. Pintar, mudar, cortar, tem a ver com criar um marco. É uma forma de mostrar - mais pra si mesma do que para os outros - que acabou, não quero ser, não sou mais aquela pessoinha de ontem. Colori, ousei, mudei.
Não, quem faz isso dificilmente o faz para mostrar para os outros. Geralmente é para mostrar a si mesmo quando olha no espelho. É como um lembrete e uma advertência para não amolecer, não voltar atrás. Todos os dias ela saberá que assumiu consigo mesma um compromisso: sacudir de si o que lhe atravancava, se assumir e ser mais leve.
As cores... Em todas as culturas atribui-se mensagens às cores. Elas são símbolos e lembretes para quem caminha pela vida. Vermelho: pare. Verde: siga. Cabelos coloridos: dizer adeus, se impor.
Gosto da idéia. Por isso desejo a todos os amigos cabelos coloridos e cortes ousados. Desejo a todos um rompimento decisivo com todos os pesos desnecessários que às vezes carregamos na vida. E ao nos olharmos no espelho, que lembremos de não voltar atrás; e que esses cabelos pedem novas roupas, novas posturas. Se em seu guarda-roupas não houver mais peças que combinem com esse novo "você", adquira coisas novas porque compromisso é compromisso.
Pinte os cabelos e seja feliz.
Para quem não sabe, pintar os cabelos ou mudar radicalmente o corte é algo que pode ter um significado profundo. É um lance de alma. Já vi gente mudar completamente o visual depois de uma desilusão amorosa - por exemplo.
Mas tudo depende do contexto. Algumas pessoas são exóticas, fora dos padrões tradicionais desde sempre. Tudo bem. Não são essas pessoas sobre as quais quero teorizar hoje. Quero falar sobre aquelas sobre as quais baixou, de repente, um "espírito camaleônico". Uma dor em adiantado estado de superação pode estar visitando aquele coração.
Reinventar-se tem a ver com sinalização. No ontem dessas pessoas coloridas possivelmente exista um ponto final, um enorme ponto final que, no entanto, passaria despercebido se ela não sinalizasse. Pintar, mudar, cortar, tem a ver com criar um marco. É uma forma de mostrar - mais pra si mesma do que para os outros - que acabou, não quero ser, não sou mais aquela pessoinha de ontem. Colori, ousei, mudei.
Não, quem faz isso dificilmente o faz para mostrar para os outros. Geralmente é para mostrar a si mesmo quando olha no espelho. É como um lembrete e uma advertência para não amolecer, não voltar atrás. Todos os dias ela saberá que assumiu consigo mesma um compromisso: sacudir de si o que lhe atravancava, se assumir e ser mais leve.
As cores... Em todas as culturas atribui-se mensagens às cores. Elas são símbolos e lembretes para quem caminha pela vida. Vermelho: pare. Verde: siga. Cabelos coloridos: dizer adeus, se impor.
Gosto da idéia. Por isso desejo a todos os amigos cabelos coloridos e cortes ousados. Desejo a todos um rompimento decisivo com todos os pesos desnecessários que às vezes carregamos na vida. E ao nos olharmos no espelho, que lembremos de não voltar atrás; e que esses cabelos pedem novas roupas, novas posturas. Se em seu guarda-roupas não houver mais peças que combinem com esse novo "você", adquira coisas novas porque compromisso é compromisso.
Pinte os cabelos e seja feliz.
Acabou? Tem certeza? *
Meta na cabeça uma coisa: tudo o que você aprontou em 2015 ainda vai render filhotes em 2016. Cada ano que passa deixa sobras, retalhos e rebarbas. A coisa só vai acumulando.
As mancadas que você cometeu em 2015 serão lembradas para sempre por seus amigos e inimigos. Eles tem uma memória de elefante, embora vivam esquecendo do dia do seu aniversário.
Sabe outra coisa que não acabou? As dívidas. Elas também ficam juntamente com os quilos a mais, a celulite, seu gênio indomável e a saudade dos que se foram. O vizinho chato renovou o contrato de aluguel: ele também fica. As rugas também não se despedem de você no ano que se vai. Elas também dão filhotes. Aguarde.
Ah: os amigos, mas amigos meeeesmo, eles também ficam. Graças a Deus. E os que se afastaram... Na verdade nunca estiveram com você.
Essa coisa de passagem do tempo me faz refletir. Por quê na segunda feira a gente fica torcendo para terminar logo a semana? Depois, a cada dia 15 a gente torce para acabar logo o mês. Concomitantemente também conseguimos torcer para não ficarmos logo velhos. Faz sentido isso? Não faz. É como torcer para os dois times ao mesmo tempo.
Anote: esse pendor para a incoerência também vai te acompanhar em 2016. Você vai continuar torcendo para chegar sexta feira, torcendo para acabar o mês, torcendo para a vida ser longa e torcendo para a velhice se atrasar.
Nada acabou. Nem as obrigações acabaram. Nem a alegria ou a esperança. Não há porque torcer para que um ano se vá. Não há porque ficar melancólico nem alegre pelo que se foi.
Sabe, o Ano Novo é um apartamento para onde a gente se muda mas leva junto todos os cacarecos do endereço antigo. Até as baratas vão junto. Por isso fique frio e não gaste muito dinheiro com fogos. Ou gaste. Bom da vida é poder fazer as tolices que nos dão alegria.
26 de dez. de 2015
Bondadezinhas e bondadezonas
Bondadezona todo mundo quer fazer.
Enquanto acharmos que "fazer o bem" se refere apenas às grandes coisas estaremos escolhendo o mal mesmo sem querer. As "grandes coisas" nem sempre estão no nosso caminho.
Nem todo mundo nasceu pra Joana D'Arc. Nem todo mundo funda creche ou asilo. Nem todo mundo vai ser missionário em lugares miseráveis. Nem todo mundo morre pelos outros. As "bondadezonas" entram pra história e cobrem de glória a memória dos seus praticantes. Por isso que a gente gosta tanto delas. Mas esses são os destinos de bem poucos.
O lado ruim das "bondadezonas" é que alguns pensam que se aderirem a esses grandes projetos estarão dispensados das minucias do dia a dia. "Já distribuí sopa e lençóis para os moradores de rua; não tenho que aturar a tia chata."
Acho que esse "sentir-se dispensado das coisas pequenas" equivale a escolher o mal frequentemente. Porque as grandes coisas atingem pessoas no atacado. Nessas situações não tenho que conviver no varejo com ninguém. As grandes coisas nem sempre demonstram que existe bondade em mim. E nem sempre demonstram que quero fazer o bem. As vezes apenas quero ME SENTIR BEM.
Fazer o bem na "vida real" tem a ver com todas as paciências e pequenas gentilezas do dia-a-dia. Tem a ver com dar atenção a gente chata, emprestar pra quem possivelmente não nos pagará, ajudar mesmo sabendo que fulano teve todas as oportunidades na vida para ficar bem mas jogou tudo fora... Tem a ver com não ajudar a detonar a imagem do mala do escritório.
É... é dificil. Concordo.
Mais fácil é esperar um "grande momento" para aparecer à frente de um ato de caridade cinematográfico. Mais fácil passar a lista de uma "ação entre amigos" na qual todos saibam que eu fui a idealizadora e ainda subir no pedestal da bondade para constranger quem não quer ou não pode ajudar.
Como são difícieis as "pequenas bondades" ocultas...
17 de dez. de 2015
Dane-se
Quando vai chegando o final de ano os textos começam com "o Natal se aproxima, então..." Não sempre, mas frequentemente é mais ou menos assim. Não sei se você notou, mas tentei ser original.
Por que tentei se original? É justamente a "originalidade" que está corroendo o nosso Natal. Sabe aquela coisa que emocionava a gente e nos fazia gastar uma grana em ornamentação? Aquele clima de presépio e Menino Jesus? Céu azul-profundo estrelado e música com harpas? Pois é disso que estou falando.
Acho que originalidade é a maior inimiga do Natal. Os caras querem ser safos mas so fazem merda. Há coisas na vida que queremos sempre do mesmo jeito. Há coisas eternas, que não enjoam. Há coisas que não devem ser tocadas, se não...
Natal , pelo que me lembro, vem de verde e vermelho sempre. Nenhuma criança nunca esperou que fosse de outra cor. Aí inventaram o Natal-perua, todo dourado ou prateado.
Ouvi dizer que é brega árvore com neve de algodão no Brasil. No meu tempo não era brega. Era chique demais e meu coração está naquele tempo.
Dane-se o natal tropical e politicamente correto. Dane-se o esnobismo pretensamente "cult" de quem a tudo questiona com risinho superior e pernas cruzadas. É o que tenho a dizer por hoje: danem-se, designers de natais modernos. Fiquem os senhores sabendo que Natal é vermelho e verde e tem neve de mentirinha. Tem também aquelas músicas que só dão melancolia em quem não é mais criança. E antes que eu me esqueça, dane-se também quem já cresceu. Vai-se a juventude, ficam as lembranças.
Lembro que havia um encantamento naquelas festividades do passado. Procuro isso hoje e não acho mais. As festividades estão menos festivas. Talvez aquilo tudo fosse coisa da infância, da cabeça das crianças, não do Natal em si. Talvez. Não estou convencida.
As músicas novas de Natal são chatas. Enfeites modernos são antipáticos e toda gracinha nova é sem graça. Até as bolas de plástico são chatas, já notou? Não são leves, geladinhas e mágicas como as antigas, que a gente tinha que pegar com todo o cuidado. Essas reverências faziam parte do encantamento, do clima todo. Elas eram de vidro fininho, uma casquinha de ovo. Um perigo para as crianças mas tô vivinha aqui para contar a história. Em janeiro nós as guardávamos em caixas semelhantes à cubas de ovos. As bolas modernas perderam a leveza. São mais seguras e duradouras. Dane-se. Quero minhas bolas que quebram porque era na frente delas, espelhadas e delicadas, que eu ficava com meus irmãos fazendo careta e rindo. As bolas modernas não são tão espelhadas. São meio foscas, meio embaçadas. Não refletem com exatidão nossas caretas e palhaçadas.
Danem-se as bolas de plástico. Danem-se as luzes xing-ling, as músicas modernosas, a Mamãe Noel gostosa. Quero aqueles Natais com meus irmãos vivos, meu pai, minha mãe. E com "cabelos de anjo".
É... talvez tudo aquilo fosse só da infância, não do Natal. Dane-se a dúvida, dane-se o "talvez". A culpa é de todo mundo que se meteu a modernizar o que não pediu pra ser modernizado. Talvez tenham feito isso porque nunca sentiram o que eu senti.
Sei lá, to assim hoje.
16 de dez. de 2015
A Danuza Leão é assim
Me dou super bem com a Danuza. Você sabe, a jornalista.
A Danuza é assim: uma mulher muito prática, elegante. Não é lá muito falante mas aprecia uma boa conversa. Não impõe assuntos mas quando é provocada desfia lentamente aquele novelo azul de lembranças deliciosas, falando de acontecimentos e épocas que a gente adoraria ter degustado mas acabou antes que a gente chegasse. Ficamos de fora. Aí a gente ouve, ouve... entre um biscoitinho e outro. Sabe, ela vai contado e sentindo se a gente quer ouvir mais. Geralmente quer. E geralmente ela não conta tudo.
A Danuza gosta de chá, sapatos confortáveis e pessoas discretas. Possui umas economias que garantem esse sossego chique que a gente conhece. Ela as vezes até que fala de seus amores mas guarda consigo uns dois ou três nomes secretos que não confidencia nem pra Deus.
Se não a conhece é possível que numa primeira impressão você a considere fria, desinteressada por sua amizade. Esnobe talvez. Mas vou logo avisando: ela fica cha-te-a-da quando lhe dizem isso. Mas cá entre nós, sem maldade: às vezes ela se põe meio distante mesmo e acaba conseguindo fazer com que uma pessoa se sinta invisível ao seu lado. Mas isso não acontece sempre! E nunca com os conhecidos.
Ela é gentil embora use às vezes de uma gentileza meio distante. Acho que ela não acredita muito que a vida vá lhe brindar com amigos mais satisfatórios do que os que já possui. É um certo apego ao passado que a faz ser tudo para os que já ama e pouco para os que vem depois. Você vem depois.
Seus amigos a tratam com mimo (ainda se usa essa gíria?). Suas amigas são irmãs. Os segredos de todo mundo ela guarda junto com cartas, fotos e outros objetos cheios de significado. Pois é, quando Danuza ama, ama mesmo.
Quando a conheci foi a muito tempo atrás, muito por acaso, em um fim de tarde no Bloomingdales. Eu estava empolgadíssima com as vitrines enquanto ela parecia distraída e um tanto blasé, acompanhando uma amiga. Foi nessa ocasião, em uma conversinha fortuita, que ela me ensinou como usar uma pashmina que cismei de comprar.
Mentira. Tudo mentira. Nunca vi Danuza Leão nem pelas costas. É mais fácil um raio me decompor em cores do que ela se dar conta da minha existência ou ler um dos meus textos.
Não tem problema. Não me importo se ela não lembra das tardes em que não estivemos juntas tomando chá e falando de namorados. Ela ainda não sabe, mas a gente é amiga pra caramba.
A Danuza é assim: uma mulher muito prática, elegante. Não é lá muito falante mas aprecia uma boa conversa. Não impõe assuntos mas quando é provocada desfia lentamente aquele novelo azul de lembranças deliciosas, falando de acontecimentos e épocas que a gente adoraria ter degustado mas acabou antes que a gente chegasse. Ficamos de fora. Aí a gente ouve, ouve... entre um biscoitinho e outro. Sabe, ela vai contado e sentindo se a gente quer ouvir mais. Geralmente quer. E geralmente ela não conta tudo.
A Danuza gosta de chá, sapatos confortáveis e pessoas discretas. Possui umas economias que garantem esse sossego chique que a gente conhece. Ela as vezes até que fala de seus amores mas guarda consigo uns dois ou três nomes secretos que não confidencia nem pra Deus.
Se não a conhece é possível que numa primeira impressão você a considere fria, desinteressada por sua amizade. Esnobe talvez. Mas vou logo avisando: ela fica cha-te-a-da quando lhe dizem isso. Mas cá entre nós, sem maldade: às vezes ela se põe meio distante mesmo e acaba conseguindo fazer com que uma pessoa se sinta invisível ao seu lado. Mas isso não acontece sempre! E nunca com os conhecidos.
Ela é gentil embora use às vezes de uma gentileza meio distante. Acho que ela não acredita muito que a vida vá lhe brindar com amigos mais satisfatórios do que os que já possui. É um certo apego ao passado que a faz ser tudo para os que já ama e pouco para os que vem depois. Você vem depois.
Seus amigos a tratam com mimo (ainda se usa essa gíria?). Suas amigas são irmãs. Os segredos de todo mundo ela guarda junto com cartas, fotos e outros objetos cheios de significado. Pois é, quando Danuza ama, ama mesmo.
Quando a conheci foi a muito tempo atrás, muito por acaso, em um fim de tarde no Bloomingdales. Eu estava empolgadíssima com as vitrines enquanto ela parecia distraída e um tanto blasé, acompanhando uma amiga. Foi nessa ocasião, em uma conversinha fortuita, que ela me ensinou como usar uma pashmina que cismei de comprar.
Mentira. Tudo mentira. Nunca vi Danuza Leão nem pelas costas. É mais fácil um raio me decompor em cores do que ela se dar conta da minha existência ou ler um dos meus textos.
Não tem problema. Não me importo se ela não lembra das tardes em que não estivemos juntas tomando chá e falando de namorados. Ela ainda não sabe, mas a gente é amiga pra caramba.
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