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22 de nov. de 2008

Peliculóide


(Leia o comentário)

Sábado a tarde


Estou em casa sábado a tarde cumprindo a promessa que fiz a mim mesma de não sair nem por decreto, nem se minha tapera pegasse fogo.

São 17:50 e até agora, promessa cumprida: estou enclausurada e a casa está pegando fogo. Calor insuportável, o inferno em vida.

Fiquei para descansar da semana cansativa de mil compromissos, coisinhas e coisonas para resolver. Agora questiono minha decisão. Deveria ter ido para o clube em trajes mínimos. Ou ido ao shopping, geladinho, tomar sorvete e estourar o cartão. Mas não, fiquei aqui toda preguenta de suor. E tem mais: a prisão voluntária em regime domiciliar acabou por me levar a abusar novamente do tempo em frente ao computador. Tô pra pegar nojo dessa maquininha. Estou usando óculos e a culpa é dela!

Poucas coisas me deixam mais estressada do que calor, suor escorrendo, abafado. Sob essas condições eu saio do sério, me descontrolo; tanto posso matar quanto confessar o pior crime.

Essa foto aí é refrescante por si só. Postei só pra aliviar mas acho que depois vou trocar. Ela refresca mas dá falta de ar...

17 de nov. de 2008

Ondas concêntricas


Acabei de ver um filme: "O Vidente". Bom.

O que gostei mesmo foi de uma frase especial que é dita tanto no inicio quanto no final da história. Algo assim:

"O lance do futuro é que toda vez que você olha pra ele, ele muda - porque você olhou para ele. Olhar altera tudo."

Instigante.

Por isso não podemos olhar o futuro. Talvez até pudéssemos, mas ele não se deixa observar longamente, só em relances, borrões indiscerníveis quando muito. Porque direcionar-lhe o olhar é o mesmo que matá-lo. Isso é a coisa mais lógica e redonda deste mundo.

Para não matar o futuro deveríamos olhá-lo do lado de fora, não do lado de dentro onde estamos, onde as coisas acontecem. Quem olha o futuro não pode estar dentro do tempo sob pena de dissolver o observado.

Não adianta: por mais imóveis que tentemos ficar, ao nosso redor formam-se ondas concêntricas totalmente fora do nosso controle. Como a pedra no lago.

Impossível jogar uma pedra no lago e observá-la afundar em um movimento solitário. Nunca um movimento é solitário. A água não fica imóvel, mas engole a pedra entre convulsões irreprimíveis. Círcuros ondulantes se formarão a partir dali denunciando a origem da irregularidade. Espalhar-se-ão, mudarão o posicionamento das folhas nas margens, o trajeto dos peixes, o reflexo da lua, tudo! Muda tudo.

... Círculos formando pequenas ondas que alterarão bilhões de pequenos fatos desnorteando-os... e o futuro esvaecerá irremediavelmente como se nunca tivesse existido.

Nossos olhos assassinos são o centro, o "buraco" na água onde cai a pedra da verdade. Assim como no lago, olhar o futuro é jogar uma pedra no lago do presente.

É meio triste saber que nosso olhar é cáustico, destrutivo, alterador, que ele faz com que o que será deixe de sê-lo antes de ter sido.

É a pior das mortes. Nós nos transformamos em lembrança mas ele - o futuro - quando morre vira apenas ilusão. Porque o futuro que não acontece é o que? É um delírio, uma idéia vaga, é quase nada.

Fora do tempo não há círculos. Quando você sair do tempo poderá olhar tranquilamente o futuro. Só que aí ele também deixará de ser futuro para ser, teimosamente, um eterno presente.

Cristina Faraon

11 de nov. de 2008

Bolha de felicidade


Cansados, cansados. Tiramos oitocentas fotos, transamos no hotel depois do cochilo e saímos pelas redondezas. encontramos poetas de bigode, poetas de violão, poetas encaracolados, enamorados, bêbados, jovens e velhos. Estranho... Pra todo canto que olho... todo mundo é poeta!
Eu hein!
Um brinde a isso!
Chope gelado, frituras irresponsáveis, o corpo amolecendo gostoso. Cheiros, cheiros diversos: de farofa, tapioquinha, churrasquinho de gato, batatinha, pipoca, do látex dos balões das crianças, da vala, da tinta da nossa camisa recém comprada.
De tanto andar o sapato dói. A gente tira, joga longe mas depois vai buscar, morrendo de rir. Aí aproveita e ri dos velhos, dos jovens, do gato pirento, da criança chorona. Melhor sentar um pouco.
Mesa do bar na rua, é claro, e violão aveludado. Entremeamos silêncios tranquilos com impulsos falantes. Imaginamos ganhar na loteria, imaginamos perder tudo, sair do país, ficar por aqui e virar pescadores... Imaginamos situações incríveis quando olhamos para o céu ou para a rua.
Mais tarde vamos dormir agarradinhos. Todas as nossas falas vão se misturar em nossa cabeça e vão gerar os sonhos mais malucos do mundo.
Adoro sonhos malucos, desses que a gente conta e as pessoas nos olham pensando "credo, que cabeça!"
Sonhos malucos vão bem no barzinho, vão bem em roupas de algodão, vão bem na praia. Só deveríamos sonhar maluquices porque nem sempre podemos vive-las. Sonhar que morri e vivi de novo, que montei em um tubarão, viajei em um avião inflável, que comia melado com feijão, que riscava o carro do vizinho, que todo mundo ria da gente, que a roupa se dissolveu em público, que viramos cangurus saltitantes, que nossa casa era molenga e a chave era de biscoito...
Assim, passeando com o cabelo ressecado do sol, a barriga cheia de tanta besteira, o tempo não passa nem deixa de passar. Não vai nem fica.
O tempo passa quando temos pressa e deixa de passar sei lá quando. Mas quando se ama e se está feliz, feliz ao ponto da irresponsabilidade, sem segunda-feira pra encarar, aí o tempo não passa nem pára. Ele é simplesmente é jogado fora, de-fe-nes-tra-do.
Quero tudo isso, mas com o sentimento que essa foto inspira, esse ar de coisa boa, comida mineira, cuzcuz baiano, caipirinha.
Saudade das noites mornas de beira de praia. Saldade das saias longas nas noites mornas de beira de praia. Saudade de mim ontem, com uma pequena bolha no pé, uma bolha de tão feliz. Sabe como? Dessas que aliviam mansamente no geladinho do mar.
Cristina Faraon

5 de nov. de 2008

Morrer de amor



Tava pensando...

Em meus passos pelo mundo ainda não encontrei nenhum "africano" com o estômago inchado e perninhas finas. Estranho, pois sei que eles existem. Não ouço crianças chorando de fome. Nenhuma pe apareceu suplicante, puxando a barra de minha saia pedindo um pedaço de pão. O máximo que vejo pela rua são uns pedintes (quase "exigintes") que me despertam mais receio do que simpatia.

Jamais dou de cara com essas pessoas realmente carentes. Nossos caminhos não se cruzam. Não há acaso que nos ajude. Estamos separadas por uma espécie de arame farpado social. Farpado e eletrificado.

Esses dias decidi: chega de ouvir falar. Quero ver com os meus olhos, não com os olhos dos outros. Não através de um vidro. Quero sentir, quero acordar, quero desmilinguir de amor.

Do sentimentalismo aos atos, um grande abismo.

Ao expressar a descabida intenção de "ir lá" ao vivo e a cores fui veementemente advertida. Há perigos incontáveis espreitando nessas localidades mais carentes. "Loucura, Cristina! É loucura!"

Existe uma mulher com filhos sofridos em algum lugar.Existe um pai desempregado, crianças cariadas, pés sujos. Como chegar neles?

Quando penso nisso parece-me que moram em outro planeta. Preciso de menos poesia e mais determinação. Preciso não me achar tão importante, mas minha família me acha importante. Meus amigos também. "Não vá, não invente! Não se meta, deixa de onda! Quer morrer? Pense bem."

Eles, os ultracarentes, tem as necessidades deles, mas também tenho as minhas. Preciso ser eletrificada por um amor desmedido, "um amor maior que eu". Mas como amar desmedidamente quem só existe na conversa dos outros e nas fotos?

Eu queria ver para sentir, para acionar o Alguém Melhor que deve existir (em algum lugar!) dentro de mim. Queria descobrir com o meu próprio coração que não preciso de tantos sapatos, que meus amigos podem ficar sem presentes de aniversário, que já tenho batons suficientes, que posso comer em casa, que não vou morrer se meu sofá não for trocado. Já sei de tudo isso, claro, mas quero que meu coração me diga. Ou quero ouvir isso pelos olhos da menina grávida.

Queria descobrir a minha melhor parte mas entendi que fazer o bem com as próprias mãos pode ser uma aventura de uma mente delirante. É como ser voluntário de guerra: quase uma burrice.

Enfiar-me pelas ruelas entrelaçadas do mundo é hoje meu desafio mas eu teria que fazer isso escondido.

Eu faria isso escondido? Convido alguém para ir comigo? Vou sozinha? Visto-me de freira? Ainda respeitam freiras? É burrice? "É o amor que mexe com minha cabeça e me deixa assim"? É doidice? É uma fase?

Para os muito "oculpados" há sempre a opção pré-fabricada de cooperar com uma instituição de caridade. Ajuda mas ... amar é muito mais do que isso e eu acabei de dizer que "quero um amor maior que eu".

Amar é olhar nos olhos. Dar dinheiro que passa de mão em mão e nem sei se chega lá, não me torna uma pessoa melhor nem mais humana. Serve para amenizar minha consciência, fazer com que eu me sinta bem sem precisar saber nem o nome do assistido. Dar dinheiro para instituições faz algum bem aos carentes, é verdade. Algum bem, mas não "o bem". É melhor do que nada mas não tem o mesmo valor que oferecer amizade, carinho, um ombro amigo, o meu endereço.

Sei lá... a proposta de Cristo é muito mais radical do que "isso aí". E não me sai da cabeça a proposta de Cristo. Ele disse para amarmos o próximo. Se não me aproximo do próximo ele jamais será meu próximo e eu jamais o amarei.

Jesus propôs envolvimento e isso é tudo o que não queremos. Queremos dar dinheiro. Claro, sai mais em conta, não suja as mãos nem a gola da camisa e não se perde o horário do cinema.

Confesso: não amo fotos de crianças magras nem mutiladas. O que sinto é apenas uma agonia, um grande mal estar quando vejo. Isso não é amor.

O que quero? Quero pirar, é isso. Quero sentir medo na primeira vez - só da primeira vez. Depois ser tomada pela ousadia dos apaixonados na loucura do não medir.

Eu amaria se pudesse chegar perto.
Eu quero chegar perto.
Eu quero chegar perto?
Sabe, o que eu queria mesmo era morrer de amor.

Cristina Faraon

27 de out. de 2008

Receita condenada



Época de eleições é a época em que mais repetem uma das frases que mais me irritam: "

O eleitor não sabe votar. Tudo o que está acontecendo é culpa do eleitor porque é ele quem coloca o político lá."

Sempre tem um babacão na televisão (rimou!) dizendo isso com ares de "pensem nisso!"

Sinto ânsias assassinas quando ouço esse tipo de coisa. Primeiro porque a gente só pode votar em quem é candidato. Se os candidatos que aparecem são todos da mesma estirpe, que culpa tem o eleitor?


UMA PARÁBOLA:

Imaginemos que VOCÊ vai participar de um concurso de culinária. Todos os participantes terão que preparar o mesmo prato. Para isso eles tem a disposição uma grande cozinha com todos os ingredientes necessários à execução do prato mas tem o seguinte: é exigência dos organizadores que não pode ser utilizada nem uma pitada de sal que não tenha sido fornecida por eles.

Ao final do concurso os cozinheiros estão frustrados: todos os pratos ficaram horríveis. Nenhum candidato saiu-e bem. Motivo: os ingredientes fornecidos pelos organizadores do concurso eram problemáticos: uns estavam estragados, outros eram de péssima qualidade. Observou-se também que alguns estavam com os rótulos trocados. Como cozinhar bem nessas condições?


Como você acha que os participantes se sentiriam se alguém declarasse que eles eram incompetentes?

Não seria justo dizer isso, uma vez que eles eram obrigados a se limitar ao material fornecido! Se eles pudessem escolher com o que cozinhar, não escolheriam nada do que havia naquela cozinha maldita.

MORAL DA HISTÓRIA:


O mesmo acontece conosco. Nas eleições somos incentivados a fazer grandes mudanças no país, votar com consciência blá blá blá... Louvam as maravilhas do poder do voto mas ninguém faz a ressalva de que se a receita desandar a culpa pode estar na qualidade do material oferecido.

Só posso votar em quem é candidato.

Esse é o primeiro motivo pelo qual fico irritada com a tal frase infeliz. O segundo motivo é o mesmo. O terceiro, também. Fico três vezes irada pela mesma coisa.

Cristina Faraon

24 de out. de 2008

Maldade feminina


Conversa de duas amigas durante uma apresentação de um grupo de jazz:

Amiga 1- Hmmmm... Esse músico aí é uma graça!

Amiga 2- Você acha?! Sei não...

Amiga 1- Você não acha? Bem, é que eu tenho um "problema" com músicos: tenho um fraco por eles.

Amiga 2- Ah querida! Te aconselho então a fazer terapia. Financeiramente sai bem mais em conta.

Mulheres... rsrsrs

22 de out. de 2008

Poema sem sentido


Amor se mede?
Na balança:
Sexo, companheirismo,
Capacidade de ir levando
Indefinidamente.
Indefinidamente?

Qual a prova incontestável do amor?
É treinar a surdez dos sentidos
Para não enlouquecer?
É enlouquecer tranquilamente
Como quem sangra?

Bebedeiras, surras homéricas?
Traição, ração rala, goteira,
Mau cheiro, pobreza extrema?
Tanques de roupas sujas?
Dormir no chão?
Invisibilidade mútua?
Fome, muita fome?

Qual o peso do amor?
(Não há aferidor mundiamente aceito...)
Pense nos calos do seu amor:
Quanto ele te cobra
Por passar uma temporada?
Qual o preço de capinar
Seu triste jardim no inverno?
Quais os calos do seu amor?

Um escarro - um beijo de língua
Outro escarro - eu te amo.
Um cuspe - você é tudo pra mim.

Esse poema não faz sentido...

Cristina Faraon

21 de out. de 2008

O esconderijo da felicidade

Eu mesma já repeti, em tom empolado, que "a felicidade está dentro de cada um de nós". Não vou desdizer; vou apenas implicar com isso porque hoje estou com a macaca.

Se alguém viesse hoje me dizer que a felicidade está dentro de mim eu mandaria essa pessoa catar coquinho - no mínimo.

Hoje, em um lampejo, descobri que não há nada mais cruel do que esse lance. Não haveria outro lugar mais facinho para a Felicidade se esconder não? Que saco! Dizer que ela está dentro de mim é o mesmo que ir ao médico doido de dor e ele dizer na sua cara que você não tem nada. Fica tudo na mesma exceto por um novo fato: agora você odeia os médicos.

Se a felicidade estivesse em alguma caverna, hordas de pessoas esperançosas fariam expedições. Muitas morreriam no caminho. Poucas encontrariam. Outras ainda - talvez a maioria - jamais conseguiria juntar dinheiro suficiente para sair por aí procurando a felicidade mas isso não seria assim tão ruim.

Por exemplo: não jogo na loteria mas adoro pensar que um dia pode me dar um estalo (ou algo mais glamouroso) na minha cabeça e de repente eu entrar em uma casa lotérica, apostar uns trocados e "bamburrar". Sabe, é reconfortante pensar nisso. Claro que a felicidade em potencial é uma felicidade de "um e noventa e nove" mas é melhor do que nada! Por outro lado, se proibissem as apostas para sempre eu ficaria revoltada, triste, com um pesado sentimento de perda. Não jogo mas adoro pensar que posso ficar rica, que a porta está aberta, basta economizar o dinheiro do sorvete.

Dizer que a felicidade está dentro de nós é mais ou menos como alguém dizer que você é feliz sim! "Procure dentro de si!" Ah, vai tomar no banho!

Se ela estivesse no fundo do mar, no alto da montanha, no colchão do último imperador da China, debaixo da mesquita, no turbante do Aiatolá... aí eu poderia dizer para mim mesma: não vou lá porque não tô a fim hoje mas se for, posso vir a ser a criatura mais venturosa do mundo. Ah... um dia eu me decido, podem anotar.

Mas não! Localizaram a Ventura Infinda dentro de mim. Cara, você tem idéia da bagunça que é aqui por dentro? Esconder a felicidade dentro de mim é como fazer um concurso com o intuito único de não deixar ninguém ser aprovado.

Dentro de mim tem selva, mar, caverna, luz, escuridão, almofadas velhas... Se duvidar tem até turbante de aiatolá. E peixe frito. Não duvide não. E plantação de manjericão com anjos jardineiros tocando harpa. É por aí.

Faz o seguinte: quando eu estiver de mal humor (como hoje) diga que a felicidade está no Céu com os anjinhos... Ou diga que ela não existe. Isso! Fica melhor. Mas não se atreva a afirmar que ela está dentro de mim que aí eu não respondo pelos meus atos.

Cristina Faraon

14 de out. de 2008

Preocupante

Estou percebendo em mim vários sintomas de velhice:

1- Os homens mais lindos, na minha opinião, foram lindos há uns 40 anos atrás, mais ou menos;
2- As melhores músicas que conheço foram composta há mais de vinte anos;
3- Descobri que aqueles cantores que eu considerava insuportáveis quado tinha 12 anos são, na verdade, maravilhosos;
4- Não acredito mais que eu possa mudar o mundo;
5- As músicas frenéticas tocadas ininterruptamente nas academias estão começando a me enjoar;
6- Começo a concordar que beleza é bom mas não é tão importante quanto eu imaginava;
7- Adoro ficar sentada na cadeira de balanço do pátio de casa. Estou começando a achar isso melhor do que muitos programas que antes me interessavam;
8- Não tenho mais paciência para usar, como antigamente, um sapato desconfortável só por ser lindo.
9- As roupas justas, que eu adorava, estão começando a me incomodar. Entrei numa de priorizar o conforto.
10- Estou pensando seriamente em fazer um lifting;
11- Um cruzeiro marítimo já não me parece mais uma idéia abominável.
12- Minha gaveta já tem permissão para receber algumas calcinhas confortáveis, não só as sex;
13- Começo a me sentir ridícula de mini saia - coisa que sempre adorei.
14- Uso tranquilamente roupas que há um tempo atrás eu achava "de velha".
15- Também uso bijuterias, tonalidade de batom e de esmalte que me paerciam coisas "de velha".
16- Os mais jovens já riram de algumas de minhas gírias que (dizem) não serem mais usadas há uns 15 anos pelo menos.
17- Não vejo graça nesse lance de "ficar".
18- A gritaria e risadagem sem fim dos adolescentes me cansam a beleza.
19 - Não faço mais exercícios físicos apenas por motivos estéticos.
20- Adoro ambientes tranquilos;
21- Não tenho mais a menor tesão em sair pulando atrás de um trio elétrico. Na verdade nunca saí, mas antigamente eu tinha vontade.
22- Descobri que eu não era uma adolescente horrorosa;
23- Lamento imensamente os anos que sofri me achado uma bruxa desengonçada. A adolescência é mesmo uma porcaria.
24- Nunca mais senti aquela sensação desagradável de ser horrorosa.
25- Não fico imaginando o que vou ganhar em meu aniversário ou no Natal.
26- Jamais namoraria um hippie. Antigamente eu os achava o máximo.

Tem mais, mas não vou escrever agora. Estou cansadinha.

Cristina Faraon

3 de out. de 2008

A importância de um blog em nossas vidas



Descobri que o uso do blog tem uma função social inestimável. Ele nos ajuda, entre outras coisas, a sermos mais palatáveis em nosso meio e, assim, mantermos nossos preciosos amigos.

Trocando em miúdos: a principal função de um blog é poupar os ouvidos dos outros. Um blog nos livra do mico de pulverizarmos pelo mundo as nossas opiniões desnecessárias.

Eu mesma tenho opinião pra praticamente tudo, da existência de vida extraterrestre a legalização do aborto, da importância do trema ao sexo dos anjos. É só me consultar.Lâmpada

Felizmente também tenho auto crítica e penso: será que as pessoas estão mesmo interessadas em saber como foi meu dia ou o que penso a respeito disso ou daquilo? É aí que entra o blog! Sabe, você tem a impressão de estar falando para uma multidão atenta e paciente com todo o tempo do mundo. Não é o sonho de todo orador? Não é o sonho de todo o chato? Não seria o SEU sonho, caro leitor? Dá pra curtir longamente essa fantasia como uma espécie de orgasmo múltiplo. Ao mesmo tempo não lhe pesará a dolorosa desconfiança de estar sendo um mala sem alça. Lê quem quiser - você é inocente.

Ah ... Suave consolo de quem precisa se expressar!

Olho para o meu passado e sinto um certo desconforto. Eu era chatona. Era só alguém "dar mole" que lá vinha eu com minhas idéias. Pior: todas as idéias eram defendidas, não explanadas. Sabe, acho que eu tinha um quê de militante não sei-de-quê. E como todos sabemos, e ninguém aguenta papo de militante.

Em meu achismo irrefreável acho agora que todos os militantes do mundo deveriam ter um blog. Deveriam ser forçados a isso sob pena de serem escurraçados de seu habitat. O lance é terapêutico! Eles despejariam na internet toda a sua indignação ou amargura ou seja-lá-o-que-fosse e aliviariam suas represas emocionais. O que sobraria para os nossos ouvidos seria uma ou outra palavra de ordem perfeitamente digeríveis.

Que bela trégua dariam para os amigos na mesa do bar! Já chegariam ali com a alma lavada e enxaguada. Ninguém teria medo de tocar "naquele" assunto porque saberia que o tal Ser Pensante limitar-se-ia à breve curiosidade do questionador e brindaria a todos com o mínimo necessário em palavras, uma clara e breve explicação para depois escorregar alegremente para outro assunto. Seria assim porque tudo o mais já estaria devidamente publicado no blog. Brilhante!

Mesa de bar e festa de amigo é para falar abobrinha. Até quando o assunto é sério, nessas ocasiões ele precisa ser rapidamente esculhambado se não, não tem graça. E é para ter graça.

Só para você ter uma idéia: se não fosse esse blog eu já teria sucumbido a tentação de ser militante de blog: invadiria festas e bares tentando convencer as pessoas da necessidade de blogarem para não enfadarem nem enfartarem. Como tenho esse espaço, vou salvar o texto e ficar calminha calminha.Não conte para ninguém

Cristina Faraon

REALIDADES BRASILEIRAS