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30 de set. de 2007

As respostas ficam por sua conta


Por que será que a gente insiste em querer que tudo tenha sentido? Por que a falta de explicação para todos os fatos da vida tira tanta gente do sério?

Quem disse que tudo tem que ter sentido? Você acredita em duendes?

Porque ninguém assume que causa-e-efeito são, de fato, as molas mestras do mundo? Acho que se não todos, pelo menos os ateus teriam o dever de acreditar devotamente nisso.

O aleatório, quando casado com a causa-e-efeito, tem um poder determinante inegável. Por que tanta relutância em aceitar isso?

Por que existe pobreza? Será que é porque existem pessoas que buscam melhorar de vida enquanto outras não se empenham muito nisso?

Mas nem todos tem oportunidade. Por que alguns não tem chance? Seria porque uns são mais fortes e passam na frente?

Não, nem sempre. Muitos já nascem com a faca e o queijo na mão enquanto outros...
É verdade: uns recebem de seus pais uma herança chamada "chance". Os pais plantam, os filhos colhem. Outros pais fazem tudo errado e deixam para o filho uma herança de outra natureza: pobreza e ignorância.

Nossa, será que estou dizendo que não temos o direito de deixar heranças para nossos filhos? Tudo o que fizermos e conquistarmos nesse mundo deveria ser levado conosco para a cova?
Que tal isso começar com você e na sua família? Eu tô fora!

Não... não é justo que os filhos recebam "herança"! Cada um que nasce deveria começar do zero!
Será? Então tá: vamos revogar a lei da causa-e-efeito. Como também não acho justo que as pessoas tropecem e caiam, vamos aproveitar e revogar também a lei da gravidade. A lei da sobrevivência do mais apto é injusta também? Vamos dar um jeito nisso! Vamos lançar a campanha "vida longa aos medíocres e morte aos mais capacitados!" Assim teremos um mundo cor-de-rosa.

Mesmo com todo esse arrazoado não consigo me conformar com o fato de crianças já nascerem determinadas a viver mal.

Mas pensemos bem: de onde tiramos a idéia de que as coisas tem que ser justas e fazer sentido?
E se TEM que ser justas, de onde tiramos a convicção de que são injustas?
O que sabemos sobre justiça? De onde vem essa noção? Provavelmente da cabeça de pessoas como nós: injustas!
O que entendemos sobre a manifestação da injustiça e todos os milhares de fatos que a geram? Conhecemos realmente essa pessoa que "não teve oportunidade"? Sabemos tudo mesmo sobre sua vida? Conhecemos cada passo seu, cada escolha, cada equívoco? Temos certeza absoluta de que ela não tem ou não terá oportunidade alguma durante todo o curso de sua existência? Eu apostaria todos os seus bens nessa afirmativa?

A "vida" é injusta? É... Mas já que estamos com as etiquetas na mão, que tal aproveitarmos pra rotular também de injustos os pais irresponsáveis?
Também há que se considerar que em todas as espécies de animais, a sobrevivência é uma luta mais ou menos sangrenta. Por que cargas d' água eu deveria achar que entre os seres humanos a coisa era pra ser diferente? Já vi documentários sobre a vida selvagem. Já vi um animal estraçalhando outro impiedosamente. Acho que eu não perderia meu tempo tentando reeducar uma onça...
Mas nós somos humanos! Somos racionais!
Até que ponto?
Será que a fera que existe dentro de nós morreu por causa da nossa "humanidade"?
Sei lá, acho que somos racionais apenas o suficiente para sentir dor moral...
É justo não colhermos o que plantamos?
Será que todas as nossas más ações deveriam ser estéreis, ou seja: sem resultado? Aí teríamos que refazer o mundo!

Ai céus! O que proponho? Uma corrida na qual todos cheguemos em primeiro lugar? Seria uma proposta idiota.

É justo eu ter o que tenho enquanto outros não tem? Mas seria justo que me tirassem o que tenho mesmo sabendo que o que alcancei foi com trabalho e honestidade? Seria justo privar meus filhos de colherem o que plantei?

Existe mesmo riqueza para todos nesse mundo?

Temos certeza de que todas as pessoas querem ser iguais? Você quer ser igual a todo mundo?Não seria isso uma grande mentira? Desde sempre as pessoas querem mesmo é se destacar, afirmar sua individualidade e sentir-se únicas.

Não seria exatamente por isso que exista tantas diferenças sociais? "Igualdade" não seria o falso discurso de quem apenas está por baixo? Uma vez "subindo alguns degraus" a pessoa passa imediatamente a querer a distinção. Não é verdade?

Todos os nossos males sociais não seriam apenas o outro lado de uma moeda que conservamos com tanto empenho?

Por que o mal subsiste? Talvez porque toda a miséria humana exista como subproduto do que lhes seja mais caro e desejável.

Ninguém pode abrir mão de apenas um lado de uma moeda!

Nós queremos realmente mudar tudo isso?

Se quiséssemos mesmo será que já não teríamos mudado?

Se não abolimos as desgraças não seria por saber que elas são o inevitável efeito colateral de tudo o que nos apaixona e move nossos pés?

A beleza subsistiria ante a ausência da feiúra? Ela seria percebida e gozada?

Estamos realmente dispostos a abrir mão de todos os gozos que resultam em dor?

Não seríamos hipócritas? Não temos coragem de abrir mão de prazeres que fazem mal a nós mesmos!!! Quanto mais abrir mão daqueles prazeres que fazem mal aos outros!

O que estou dizendo lhe parece muito estranho?

Você nunca comeu alguma coisa sabendo que iria se sentir mal depois? Não fuma? Não bebe? Não come frituras? Como anda seu colesterol? Está em seu peso ideal?

Fala sério!

Você veio de Marte? Ou a marciana aqui sou eu?


Cristina Faraon


26 de set. de 2007

O laranjinha - um conto bobinho


O mar pode ser comparado a um tipo de céu assim como o céu é um oceano sem fim. As aves são seus peixes. 

Sempre achei que os peixes fossem as aves do mar. No caso dos peixes pequenos e coloridos, sem dúvida que são as borboletas do mar.

Mas não falaremos hoje sobre as borboletas mas aqui vai uma dica: elas são apenas flores que não conseguem ficar paradas.

Voltemos aos peixes. Regra número um: é terminantemente proibido comer peixes coloridos. Certa vez comi um. Sem querer, registre-se.

Foi no ano que fugi para a Praia Secreta. Nem procure no mapa porque não consta. Em lá chegando segui de canoa para uma pequena ilha não muito distante. O som mais alto que se ouvia por lá era o “creu-créu” das aves. Ninguém merece ouvir “creu-créu” o dia todo, então fui nadar. Nadar é preciso.

Era como se eu mergulhasse em vidro líquido. A água não era fria nem quente. Minha alma aquática adaptou-se àquele meio rapidamente.
Nadei com uma desenvoltura incrível e quanto mais eu nadava mais energia havia para seguir adiante. Então fui mais fundo, mais longe, mais fundo e mais longe. Era tudo tão lindo que, instintivamente, prendi a respiração. A respiração, por sua vez, não queria mesmo sair. Ficou lá em suspenso, grudada em meus pulmões implorando por não ser respirada. Tudo bem. Deixemo-la. De maneira semelhante meus olhos se comportaram, recusando-se a piscar.

Bem, lá estava eu totalmente em alerta e hipnotizada com o que via. Talvez ali fosse o Reino das Águas Claras do qual falava Monteiro Lobato. E a gente pensando que o velho estava delirando. Vejam só como são as coisas...

Acho que fiquei uma "pequena eternidade" sem piscar ou respirar. Cardumes e mais cardumes rebolavam em minha frente naquele exibicionismo silencioso tão próprio dos peixes. Havia a tribo prateada, a preta, a dourada, a pintada, os redondinhos, os esguios... Não vi os quadrados. Certamente existem mas são tímidos.

Nenhum queria conversa comigo mas dançavam e dançavam, ensaiadíssimos! Vi também pedras, corais... e uma enorme quantidade de “troços-sem-nome” delicadamente arrumados aos lado de “coisas-sem-registro”. Tudo muito estético. Dos cantos de algumas pedras brilhosas cresciam lindos “o-que-que-é-isso!” para o deleite dos visitantes. No caso, eu.

Distraída, eu quase dei de encontro com um “ai-jesuis”. Virei de repente, ainda a tempo. Foi quando me deparei com um cardume de colorido hipnotizante. Estavam parados me olhando com uma expressão indefinível, talvez se perguntando, lá com suas guelras: “avançar ou recuar?”

Acostumada aos movimentos dançantes das criaturas aquáticas, assustei-me com aquela imobilidade. No susto cometi um erro fatal: abri a boca e “puxei o ar” como fazemos quando ficamos surpresos. Os peixes são mais discretos em seus sustos: apenas dão meia volta e tiram o cardume de campo. Pois é: foi nesse momento que engoli, sem querer, um pequeno “laranjinha”. Pelo tamanho deveria ser um adolescente cheio de vida e sonhos. Nunca me perdoei.

Eles também não me perdoaram. O fundo do mar tem seus encantamentos e códigos de ética.  Não tem "desculpaí" ou “fui mal”  que resolva.  O castigo: fiquei três anos sonhando em preto e branco. Três anos!

Para que você jamais passe por isso deixo aqui esse alerta: nunca, jamais, mas nunquinha mesmo, coma um peixe da tribo colorida. E na dúvida, não coma borboletas também.

Cristina Vieira

O laranjinha


O mar pode ser comparado a um tipo de céu assim como o céu é um oceano sem fim. As aves são seus peixes. Escamas e penas são só detalhes.

Sempre achei que os peixes fossem as aves do mar. No caso dos peixes pequenos e coloridos, sem dúvida que são as borboletas do mar.

Mas não falaremos hoje sobre as borboletas mas aqui vai uma dica: elas são apenas flores que não conseguem ficar paradas.

Voltemos aos peixes. Regra número um: é terminantemente proibido comer peixes coloridos. Certa vez comi um. Sem querer - registre-se.

Foi no ano que fugi para a Praia Secreta. Nem procure no mapa porque não consta. Em lá chegando segui de canoa para uma pequena ilha não muito distante. O som mais alto que se ouvia por lá era o “creu-créu” das aves. Ninguém merece ouvir “creu-créu” o dia todo, então fui nadar. Nadar é preciso.

Era como se eu mergulhasse em vidro líquido. A água não era fria nem quente. Minha alma aquática adaptou-se àquele meio rapidamente.
Nadei com uma desenvoltura incrível e quanto mais eu nadava mais energia havia para seguir adiante. Então fui mais fundo, mais longe, mais fundo e mais longe. Era tudo tão lindo que, instintivamente, prendi a respiração. A respiração, por sua vez, não queria mesmo sair. Ficou lá em suspenso, grudada em meus pulmões implorando por não ser respirada. Tudo bem. Deixemo-la. De maneira semelhante meus olhos se comportaram, recusando-se a piscar.

Bem, lá estava eu totalmente em alerta e hipnotizada com o que via. Talvez ali fosse o Reino das Águas Claras do qual falava Monteiro Lobato. E a gente pensando que o velho estava delirando. Vejam só como são as coisas...

Acho que fiquei uma "pequena eternidade" sem piscar ou respirar. Cardumes e mais cardumes rebolavam em minha frente naquele exibicionismo silencioso tão próprio dos peixes, desdenhando aplausos. Havia a tribo prateada, a preta, a dourada, a pintada, os redondinhos, os esguios... Não vi os quadrados. Certamente são tímidos.
Nenhum queria conversa comigo mas dançavam e dançavam, ensaiadíssimos! Vi também pedras, corais... e uma enorme quantidade de “troços-sem-nome” delicadamente arrumados aos lado de “coisas-sem-registro”. Tudo muito estético. Dos cantos de algumas pedras brilhosas cresciam lindos “o-que-que-é-isso!” para o deleite dos visitantes. No caso, eu.

Distraída, eu quase dava de encontro com um “ai-jesuis”. Virei de repente, ainda a tempo. Foi quando me deparei com um cardume de colorido hipnotizante. Estavam parados me olhando com uma expressão indefinível, talvez se perguntando, lá com suas guelras: “avançar ou recuar?”

Acostumada aos movimentos dançantes das criaturas aquáticas, assustei-me com aquela imobilidade. No susto cometi um erro fatal: abri a boca e “puxei o ar” como fazemos quando ficamos surpresos. Os peixes são mais discretos em seus sustos: apenas dão meia volta e tiram o cardume de campo. Pois é: foi nesse momento que engoli, sem querer, um pequeno “laranjinha”. Pelo que lembro de seu tamanho, deveria ser um adolescente cheio de vida...

Jamais me perdoei. Eles também não me perdoaram. O fundo do mar tem seus encantamentos e códigos de ética. Esses lances de “fui mal” ou tirar a bronca acendendo velas, simplesmente não funcionam por lá.

O castigo: fiquei três anos sonhando em preto e branco. Três anos!

Para que você jamais passe por isso deixo aqui esse alerta: nunca, jamais, mas nunquinha mesmo, coma um peixe da tribo colorida. E na dúvida, não coma borboletas também.

Cristina Faraon

24 de set. de 2007

Pessoas amarelas


"Somos todos farinha do mesmo saco."

Será? Digamos que sim. Mas...

Observe que mesmo nas farinhas do mesmo saco, os grãos que a integram não são idênticos. Se peneirarmos essa farinha será possível separá-las e rotulá-las em dois sacos distintos: o da farinha fina e o da grossa. E comparados um com o outro eles nos parecerão tão diferentes como se tivessem sido produzidos em locais distintos.

Mas por que estou dizendo isso? Para embasar minha mais nova teoria: a de que, mesmo sendo "do mesmo saco", se coarmos direitinho a humanidade saltará aos nossos olhos os seres amarelos.

Não, Mané! Não estou me referindo à raça amarela! Vou explicar.

As pessoas amarelas não se aceitam, logo, não são autênticas. Algo lá no fundo de suas mentes atormentadas lhes adverte de que, se disserem o que pensam realmente e se comportarem de forma transparente, serão rejeitadas. É claro que o receio procede mas só os amarelos se imobilizam com isso e acabam tomando a forma mais aceita na sociedade.

Para os amarelos não há nada mais aflitivo do que quem não se importa com a aceitação alheia. Alguém assim tão livre é uma afronta aos amarelos. Não porque eles sejam maus, mas porque esse coquetel de liberdade alheia + inveja (principalmente a inveja) faz com que se sintam muito humilhados.

Não, eles não são maus. A não ser consigo mesmos.

Os amarelos vivem de fazer média. E se dão bem - dependendo do que você entenda por "se dar bem". São aceitos pelos outros amarelos e com eles se consolam, formando uma sociedade patética. São aceitos também pelos "normais", que a princípio pensam que eles são autênticos. Quando os normais descobrem, botam a boca no trombone. Já um amarelo é eternamente fiel ao outro amarelo. Ponto pra eles.

Os amarelos sorriem e são politicamente corretos. São "amigos" de todos e incapazes de dizer algo que possa ferir aguém - pela frente. Por trás também não. Interessante, né? Então como fazem para "fritar" uma pessoa? Eles não se comunicam entre si? Claro que sim!

Atenção a esse detalhe: no mundo dos amarelos a comunicação é toda efetuada por sinais sutilíssimos, olhares, metades de meias palavras, grunhidos e gestos quase imperceptíveis. Se você não for "macaco velho" vai ficar boiando porque os amarelos não confiam em ninguém - nem no espelho. São pessoas atormentadas.

Os amarelos não são de muita refrexão. Odeiam pensar porque pensar dói muito. Fazem qualquer coisa para não precisar pensar: lavam latrina, criam associações, enxugam gelo, limpaz carvão, organizam enciclopédias de regras imprestáveis, códigos de comunicação... Qualquer coisa e qualquer assunto vale, desde que não precisem pensar na própria vida.

Eles costumam manter distância de quem questiona e procura a verdade das coisas. A proximidade com essas pessoas os adoecem. Por que? Porque quando conseguem parar pra pensar, tem crise de identidade:

"Eu sou eu ou eu sou esse personagem? E se eu deixar de ser o que os outros querem, vou morrer? Broxar? Minha pele vai enrugar, os cabelos vão cair e o mundo se acaba em barranco? Ah como eu queria chutar o pau da barraca! Meter o pé na jaca ... chutar o balde... comer melado e me lambuzar... soltar a franga... Oh vida! Oh céus! Oh azar!"

Realmente eles não se gostam. Pensando bem, devem ter lá os seus motivos.

Quem se gosta, se assume. E quanto mais se assume mais se curte. E quanto mais se curte, mais autêntico se torna e quanto mais autêntico, mais querido por uns e detestado por outros. Não dá pra ficar neutro frente a uma pessoa autêntica.

Mas quem são os amarelos? Hmmm...

Não vou ficar aqui separando o joio do trigo mas deixo umas dicas: parecem ser amigos de todo mundo. Não questionam ninguém (porque questionar é pensar e pensar dói) mas ficam sinceramente inquietos com os que lhes parecem ser "fora do padrão". Sorriem para todo mundo por dever de ofício. Têm dificuldade em ser criativos. 80 % do que dizem é composto de frases feitas e chavões. São tristes mas morrem de medo que notem que eles são tristes. Aí está o motivo de sorrirem (amarelo) para todo mundo.

Sei lá... Tô sentindo um certo carinho pelos amarelinhos.

Hoje vou acender uma vela pra eles.

Cristina Faraon

17 de set. de 2007

Será?

(Quem decide as eleições no Brasil não é quem lê jornal, mas sim quem limpa a bunda com ele...)

10 de set. de 2007

Mea-culpa



Contra todas as minhas previsões, domingo foi o melhor dia em Salinas.

Com um pessimismo detestável, imaginei que encontraria uma multidão grudenta, barulhenta e bêbada fazendo careta pra mim.

Nada disso.

Quando chegamos ao Atalaia não dobramos à direita, como de costume. Fomos para o lado esquerdo, do Farol Velho - local onde a maioria das pessoas ainda reluta em acionar o “treme-terra” de seus carros. Havia apenas um mal-elemento com o som ligado, mas estava distante. Não tive muita dificuldade em ignora-lo. Só lamento que isso não tenha trazido a ele nenhum tipo de dissabor.

O sol estava absolutamente de-si-ni-bi-do! Silêncio ... árvores fazendo chique-chique, cerveja cristal bem geladinha... E pra completar, graças a Deus eu pego um bronze super rápido. Uma salva de palmas para as minhas raízes africanas!

Brancos, mordei-vos de inveja!

Ontem eu realmente senti aquela vontade gostosinha de continuar na praia mais um pouco e mais e mais... Depois ir pra água, voltar, fritar novamente ao sol, voltar pra água, tomar várias cervejinhas... até observar que as nuvens não seguem mais seu caminho retilíneo. Ao contrário: ficam dando curiosas voltas no céu, numa ciranda muito fofa! Que coisa, né? E então começar a rir muito disso tudo. Mas não é mesmo hilário? E o mundo é uma bola, as bundas bem-sucedidas também são bolas... e os peitos... e os pintos tem bolas!

Pena que cerveja engorda.

Mas por que estou escrevendo isso? Para dizer que Deus se aborreceu com minhas considerações anteriores com respeito a Salinas e me castigou no domingo.

Sabem como? Vou contar: quando a água estava mais mansa e clara; quando o silêncio se fazia até sentir; quando as palmeiras ensaiavam um feliz rebolado e as nuvens começavam a dar-se as mãos para organizarem aquela ciranda divertida e quando o vento tentava enfiar a língua na minha orelha... aí a “galera” resolveu ir embora para “fugir do engarrafamento”. Dá pra acreditar?

Argumentei contra. E eu lá sou de ficar calada? Sim, expliquei com a mansidão dos cordeirinhos que nós não tínhamos filhos pequenos nos esperando e que também não precisávamos nos comportar como se tivéssemos que bater cartão de ponto. Não adiantou. Também não me rebelei. Reconheci o castigo divino.

Para eu deixar de ser besta. Mereci! Bato no peito sete vezes confessando compungida: “Eu mereci, Senhor! Jogai um raio em minha cabeça! Afligi-me com piras!”

Nelson me fez lembrar que antes de chegarmos à praia eu havia concordado em que retornaríamos cedo. É verdade, concordei. Mas não pensei que justamente ontem a praia me pareceria tão ampla, sorridente e menos povoada. Poxa, não tenho bola de cristal! Passei alguns minutos tentando explicar a ele que eu havia concordado mas que daquele momento em diante eu “desconcordava” oficialmente.

Ele não conseguir entender o conceito de “desconcordância”. Para mim parece tão claro! Sei lá, acho que eu não soube explicar.

Com a alma esperneante pagamos a conta e fomos embora.

Mea-culpa! Mea maxima culpa!

Cristina Faraon



6 de set. de 2007

Salinópolis


Estou indo para Salinópolis!

Sabia que isso já foi chique? Talvez você ainda não tivesse nascido, mas é verdade.

No Pará, paraíso da água doce, encontramos a salgada Salinas. É uma praia realmente bonita mas...

É onde todos os caboclos do Pará finalmente tem a chance de mostrar o sonzão de seu carro. Quanto ao volume do som, o céu é o limite. Viva a liberdade e o mal gosto!

É onde você pode checar (querendo ou não) os novos sucessos musicais - todos ao mesmo tempo! - e desejar a morte (de quem os compôs).

Salinas... Na praia é fila pra entrar, fila pra sair, banheiros asquerosos. O banheiro é quem mija em você, acredite no que estou falando.

Ah, aquele filete de água doce!
Oh desejado, disputado
E adorado filete de água doce
Das barracas de Salinas
Salve salve!

Se você conseguir se molhar, considere-se um agraciado. Seu corpo pegajoso merece o sacrifício da fila.

Ainda não entendi por que é que no Pará se economiza tanto a água mas no Nordeste os banhistas podem tirar o sal do corpo sem sobressaltos. Estranho, né?

Mas ninguém me segura: estou mesmo indo para a bela Salinópolis - bela e plana. Você caminha 100 km mar adentro e não consegue molhar os ombros, a não ser que se jogue de peito na água. Ainda assim é capaz de voltar com as costas secas.

(Maldade esse exagero, mas hoje estou com a macaca.)

Ah, comer aquelas caríssimas pratiqueiras fritas em óleo noviiiinho! É tão divertido ficar procurando o que comer em meio àquelas espinhas esturricadas!

Observar, sob o sol causticante, que tenho muito mais celulites do que supunha e que esqueci em casa, sim, algum objeto imprescindível.

Bom mesmo é tirar aqueles cochilos rápidos... pelo tempo suficiente para descobrir, sobressaltada, que a maré está quase para levar seu carro para o fundo do mar. Os chinelos já foram!

Lembranças ao Titanic!

Nem penso na possibilidade de ser atropelada na praia por um lindo filhinho-de-papai que se exibe para uma linda patricinha vinte anos mais nova e vinte quilos mais magra do que eu. Por que isso aconteceria? Bem mais provável é ficar menstruada no meio da tarde, dirigir-me aflita à farmácia e só conseguir chegar 2 horas depois por causa do engarrafamento.

Chegar em casa pra tomar banho, ligar a torneira e perceber que toda a cidade teve a mesma idéia naquele exato momento.

Ah... Bater papo com os amigos tomando uma cervejinha...

Finalmente uma coisa boa!

Obs.: Eu sei que já falei sobre isso, mas não resisto. E preciso resistir? O blog é meu!

29 de ago. de 2007

Quando acontecer


Quando você vier não será tarde demais, mas assim vai parecer.

Será em um dia-noite de céu cinzento, muito cinzento e ar pesado. Calor e frio em mistura opressiva, como febre. Frio por dentro, calor por fora e nenhuma roupa do mundo que amenize esse desconforto.

Hoje o mundo todo tem febre. A Terra está ébria.

A ninguém importa se é dia ou noite; o tempo já não se conta mais dessa maneira; os parâmetros estão desregulados - tanto o das estações quanto o da vida e morte e tudo o mais. O escuro e o claro vez por outra se chocam nessa estranha subversão de todas as coisas.

As pessoas não são confiáveis. Não porque não queiram, mas por estarem deixando de ser pessoas (no sentido mais doce do termo). E no mundo das coisas não há conceitos de moralidade. Aliás, não há conceito algum.

Os relógios não são morais. Talvez por isso estejam se transformando em deuses.
Mesmo amorais há o consenso de que são as únicas coisas confiáveis ainda existentes - embora ninguém se sinta reconfortado por isso. Como são quase deuses, todos os dias olhamos reverentemente para eles, nem que seja uma vez apenas. Ninguém sabe explicar exatamente por quê. Virou uma espécie de ritual. É estranho não fazer... e assustador quando um relógio para.

Os seres, andróginos.

As mulheres há muito deixaram de ser consideradas “caça”. Não são muito amistosas. Pisam duro e por questão de segurança mantêm-se magras.

Nossos homens-meninos são reprodutores assustados e também sozinhos. Geralmente trazem tatuados pelo corpo alguns símbolos representando força. Inutilmente.

As pessoas dormem atormentadas e sonham coisas inquietantes. Dizem que esses sonhos se devem a “memória genética”. Foi feita uma pesquisa e constatou-se que praticamente todo mundo tem sonhos recorrentes que guardam grande semelhança entre si.

As mulheres, geralmente, se vêem em invólucros úmidos, encolhidas como bebês no útero. Ouvem sons musicais profundamente emotivos e acordam chorando convulsivamente.

Os homens sonham com mulheres diferentes: roliças, meigas e comestíveis. Lembram as mulheres de hoje, mas parecem estar em etapa evolutiva anterior. Então acordam angustiados, sentindo saudades daqueles seios, coxas e carnes das fêmeas. Sentem uma falta angustiante de algo que foi posteriormente definido como aconchego.

Nos sonhos masculinos as mulheres tem um cheiro específico. Sabemos que isso não existe! Todas as pessoas tem o mesmo cheiro, independentemente da idade e do sexo.

Há também entre nós pessoas delirantes que afirmam ser isso causado por “espíritos inquietos” que se dedicam a atormentar os humanos com essas saudades inexplicáveis. Só não explicam bem o que seriam os “espíritos”. Mas todos sabemos o que é esse “inferno virtual”.

Por essas e por outras, as mulheres que ainda trazem características físicas que não evoluíram são mantidas em recolhimento como medida de egurança.

Há várias crianças gagas. Algumas são como gatos: ariscas e sobressaltadas. Muitas outras são hostis.

Bichinhos tristes.

Os bichos, todos eles, andam em bandos. Não como antigamente; os bandos de hoje evoluíram para uma coisa que forma quase que um corpo só; são absolutamente coesos e impenetráveis. Os bichos lembram as crianças as vezes... Estão sempre assustados.

A grande angústia dos humanos desse século é a total incapacidade de se proteger em bandos. Todos tem medo de todos; todos desejam ardentemente companhia e abraço ao mesmo tempo em que isso parece arriscado demais. Desejam com a alma, com o fígado, com os rins, mas não conseguem. É uma espécie de fome emocional.

Ninguém sabe onde andam as mães. As mães sumiram do mundo, dando lugar às atuais fêmeas agressivas da espécie humana. Seios secos e mãos crispadas.

Aí você aparece. Ninguém mais estava esperando.

Você é terrível, magnetizante. E assustador de tão lindo. Em nosso mundo, nada que tenha sido lindo sobreviveu. Se existe o belo absoluto, você é a personificação.

Cabelos! Por que seus cabelos são compridos e de negritude tão profunda? Seu olhar é assustador! Emana uma coisa estranha. Parece “paz” ou algo assim. Mas paz é uma coisa perigosa demais. Temos medo! Sempre que nos disseram “há paz!” catástrofes aconteceram em seguida.

A ameaça trazida pela paz é velada. É a calmaria antes da tempestade. Hoje a paz é prenúncio de morte, de lâmina fina perfurando o umbigo. Você é perturbador em sua paz e beleza estonteantes. Temos medo de você, muito medo.

Por que sorri? Por que nos olha assim e sorri?

Quem é essa criatura que sorri?

E todos fogem do seu sorriso pois uma pessoa sem medo traz consigo morte. Tem sido assim.

Mas você vem, implacável e sem armas na mão. Para onde podemos fugir?

Estamos todos armados;
Armados e sujos;
Sujos e famintos;
Famintos e amedrontados;
Amedrontados e suplicantes
E tão cansados!

O que você quer? Diga logo!

Quer nossa carcaça? Nossas mulheres? Foi você quem desconfigurou nossas mães e secou seus seios? Foi você, Criatura Sem Nome, quem domou nossos heróis e os atormentou com saudades e terrores? Você é o tal “espírito” de quem falam os velhos?

Que é você que vem de cima, que vara as nuvens, que faz tudo explodir em cores? Quem é você, que pára os nossos relógios sagrados? Por que vem acompanhado de música e arcos celestes? Por que nos comove? Não sabe que não podemos chorar? Os predadores estão a espreita!

Quem é você? Por tudo o que é mais sagrado, diga-nos seu nome! O que exige de nós? Nossas armas enferrujadas? Nossas frutas mirradas tiradas a fórceps de terras estéreis? Crianças mudas? Mulheres ressecadas?

Quem é você, que nos assusta com essa glória, esse riso, esses sons estranhos que nos fazem chorar?

Por favor, vá embora! Retire-se de nós! Volte para o seu mundo!

Nossos pesadelos agora serão outros. Vimos você, que é tudo o que nossa alma mais deseja. Você é o resumo de tudo, a explicação, a fórmula, a revelação do mistério, o princípio e o fim de todas as coisas.

Vamos sonhar com você para sempre: homens e mulheres. E a saudade do Belo Pleno nos atormentará para sempre.

Não se aproxime, não nos olhe assim. Nós temos medo de tanto amor!
Cristina Faraon


26 de ago. de 2007

A sabedoria e o ralo


Vou apresentar a vocês a mulher que já foi uma das mais sábias da face da Terra:

Eu.

Sério! Até algo em torno dos 25 anos de idade eu sabia tudo sobre a vida, sobre criação de filhos, relacionamento familiar, homem/mulher etc e tal. Era só perguntar.

Minha sabedoria era tanta que eu tinha na ponta da língua a resposta para tudo quanto fosse questionamento humano. Problemas? Eu sabia não apenas a solução, mas a origem, o que era mais brilhante de minha parte.

O filho não obedece? O marido não é legal? Você se sente só? Seus pais são um saco? Anda deprimido? É tímido? Tem bicho no pé? Fale com a Cristina.

Legal era que eu nem precisava pensar muito. Pensar para quê? A vida é simples, esse povo é que complica. Não havia motivo para angústia ou pânico; era só seguir meus conselhos que tudo daria certo.

Aí o tempo foi passando, passando... Então o mundo já não me parecia mais tão simples. Os problemas das pessoas eram sustentados por diversas raízes e não apenas uma, como eu singelamente supunha. Vieram os questionamentos, a experiência alheia, a experiência própria, teorias, as diversas interpretações a respeito de um mesmo fato... Ou seja: veio a vida real. E minha visão em preto-e-branco não tinha lugar no mundo real, das dores e amores em carne, osso e sangue.

É chato constatar a própria tolice.
Cristina: uma simplória.

Então passei a ler mais. Mais complicação. Revistas, livros, depoimentos, reportagens, ficção, ensaios... Conversas e mais conversar com pessoas muito diferentes umas das outras... Então antenei os ouvidos para seus motivos, suas razões e questões. Nada é simples e a verdade é um bem supremo sempre correndo da gente.

Ah, minhas receitas... Não funcionavam na vida real para as pessoas de carne e osso. Nós, os humanos, somos complicados. Nossas emoções as vezes parecem vir do nada. E levamos anos para entender por que, afinal de contas, sentimos antipatia gratuita, medo do escuro, timidez, paixão avassaladora, arrependimento, impulsos de ternura, necessidade de afastamento, êxtases, tédio e somos tão bons e tão maus.

Confesso: foi duro lembrar das inúmeras vezes que, insensatamente, analisei e simplifiquei a vida dos outros e o mundo em geral. Ô vexame!
O tempo foi passando e minha "imensa sabedoria" foi para o ralo. Para o ralo também, a reboque, seguiu minha crença na simplicidade de tudo.
Hoje, com toda a minha vivência, sei bem menos do que quando era uma garota. Sei tanto quanto você. Ou seja: NADA.
Cristina: uma simplória... Melhor ficar calada.
Cristina Faraon

25 de ago. de 2007

Carta aquática


Querido homem da terra:

Escrevo-te do fundo do mar, das entranhas silenciosas do mundo, de onde surgiram as primeiras formas de vida. Agora esse é o meu lugar. Tornei-me mais uma dentre tantas estranhas criaturas.

Faz tempo que estou aqui mas o que me resta de humanidade ainda pensa em ti. Ainda tenho em memória o cheiro dos teus cabelos molhados, cujas gotas d’água caiam lascivas em minhas costas.

As vezes vejo tua imagem sendo formada em redemoinhos breves, levantando a areia mais fina. As vezes me sorris dessas imagens mas em outras apenas me fitas pensativo.

Viraste uma aparição... Mas não me assustas.

És da terra. Agora sou do mar, para sempre.

Escrevo-te com menos dor; obviamente com menos humanidade. Minhas roupas foram comidas por crustáceos e nada mais há que esconda o que já te pertenceu. Veja, amor, como estou fria, frágil e descorada!

Pálida e nua.
Cada vez mais pálida
Mas ainda tua.

Ainda faço versos.

Meus cabelos cresceram muito e flutuam levemente. Estão semeados de algas e cada dia mais verdes. Diariamente sou analisada por criaturas curiosas e lentas.

Não me importa as intempéries da superfície; poucos movimentos ressoam aqui em baixo. Poucos mudam a direção dos meus cabelos.

Envelhecerás rapidamente nesse mundo árido crestado pelo sol, nesse mundo barulhento e rápido ao qual já pertenci.

Adeus para sempre...
Ou mergulha para mim!
Eu peço demais?
Então é o fim.

Escrevo-te entre algas possessivas, peixes, esponjas e relíquias antigas de navegantes apaixonados.

Os peixes vão e vem, aproximam-se de meus olhos espelhados. Parecem divertir-se. Há peixes em minhas coxas, seios, pés, sexo... Desassustados beijam-me a boca. Beijam-me em teu lugar e profanam todos os teus santuários.

A água me embala como mãe sonolenta. Durmo e acordo mil vezes. Não há pressa nem tempo. Tudo aqui é eterno.

Talvez eu vire sereia, talvez alga, talvez pedra, talvez esfinge das águas. Mas nada, nada nesse mundo poderá transformar-me em tua mulher. Então fico e desfaço-me.

Nunca me visitarás. Jamais mergulharás tão fundo a ponto de poder achar-me.

Permaneço:
Muda, nua,
molhada e ainda tua.

Pairo como planta aquática. Mando-te essas palavras escritas em espumas, em folhas e em escamas de peixes gentis.

Despeço-me do teu século.

Adeus, meu amor.

20 de ago. de 2007

Paulo Zulu


Peço a ajuda de gente amiga e de pessoas influentes junto a mídia.

Alguém aí tem acesso a esse rapaz?

Vou te contar... Existe alguma coisa pior do que um homem que não se manca? Ele vive me mandando fotos, bombons, flores... Já esgotei meu estoque de foras mas ele se faz de desentendido.

Há pouco tempo atrás ele não tinha onde cair morto.
O que é a vaidade humana, né? Só porque ele saiu bem em meia dúzia de fotos, acha que vou dar bola. Vou contar pra vocês: pessoalmente ele é o "cão chupando manga" de tão feio. Sério! Tudo aí que vocês estão vendo é pura produção. Tirando o filtro da câmera, a edição da foto e a maquiagem, o que sobra é de dar dó.
Dia desses ele falou que viria a um desfile na cidade e deixou o número de seu apartamento no Hilton. Ainda que eu não fosse comprometida vocês acham que eu pagaria um mico desse? Fala sério! Só perdoei porque afinal de contas as pessoas apaixonadas passam mesmo dos limites. Todos já vivemos uma fase assim, não é verdade?

Admito que ele é um bom rapaz: esforçado, sustenta toda a família, leva a mãe para passear no parque, dá banho no cachorro, troca lâmpadas, é carinhoso, sabe cozinhar, adora crianças, lava as próprias cuecas, vive tomando banho, troca lâmparas queimadas, arruma a cama quando acorda, não ronca e ainda faz trabalho voluntário. Mas pergunto: e eu com isso? Grandes coisas!
Bem, por que estou pedindo ajuda? Porque ele está pirando e não sei onde isso vai acabar! Posso ter sérios problemas com essa história. Se ele é carente, se nenhuma mulher dá bola pra ele, o que é que eu posso fazer? A vida é assim!

Uma coisa me tranquiliza: ele tá se tratando. Se bem que o terapeuta dele me falou que ele anda muito "deprê" e que a culpa é minha. Minha! Teve a cara de pau de dizer que se a carreira do rapaz for para o ralo eu serei responsabilizada. O trabalho desse açougueiro é fazer seu cliente aprender a se valorizar mais e não ficar fazendo chantagem emocional com pessoas que tem mais o que fazer. Felizmente eu não sou boazinha. Nunca fui. Pode espernear a vontade.

Confesso que as vezes dá pena, mas não vou comprar um problemão só por causa de um pobre-diabo de um metro e noventa e oito, conservadinho, moreno e de olhos verdes. Disso aí o Ver-o-Peso tá cheio.

Tô fora!

Tá com pena? Leva ele pra você!


Cristina Faraon

REALIDADES BRASILEIRAS