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21 de ago. de 2013

Complicou

A gente muda. Sempre achei que isso acontecesse quando fossemos carregados pela maré incontestável da verdade. Mas não é bem assim que acontece.

Tenho uma certa melancolia quanto a isso. Antes eu pensava que mudávamos porque a vida ia simplificando, simplificando, a gente passava a sacar as coisas... então a névoa sumia. Tudo ia se descortinando - pensava eu. Mas não são os fatos que nos transformam: somos vencidos pela falta deles. Quando a gente descobre que nada descobriu, mudamos.

Durante a caminhada a coisa vai ficando tão intrincada, mas tão intrincada que somos forçados a abrir mão das nossas certezas. Mas isso muito a contra-gosto. Cada caminho que escolhemos jamais é reto, jamais nos deixa descansar. Pouco depois de uma escolha somos confrontados com outra e mais outra. Uma bifurcação nos leva a nova bifurcação que por sua vez se desdobra em várias outras.  O resultado é que vamos perdendo aos poucos aquela certeza inicial quanto às nossas opções. É fácil sabermos a melhor opção entre duas, mas não entre três mil.

Sei que estou sendo enigmática. Entenda como preferir.

Só sei de uma coisa: a vida não vem se explicar para nós em respeito aos nossos cabelos brancos. Um dia temos que admitir o quanto fomos simplórios no passado. Depois  da décima vez que adotamos um caminho seguro que depois se complica, mudamos. Amaciamos as certezas e somos forçados a admitir que talvez um caminho aparentemente suspeito pode até ser o acertado; e que o obvio às vezes é uma tremenda cilada. Começamos a achar que, quem sabe, as aparências enganem e que podemos ter sido muito tolos no passado. Talvez não sejamos tão sensatos, tão racionais. Talvez não tenhamos capacidade para guiar ninguém. Baixamos nossas bandeiras, amenizamos o grito de guerra, olhamos o antigo inimigo com outros olhos. Talvez a vida se transforme em um imenso e instigante "talvez"; um "talvez" que vale a pena, afinal de contas!

Tudo isso é só pra dizer que a gente muda, mas não porque quis. Muda porque a vida nos põe em xeque-mate. Por conseguinte jamais meus ouvidos estiveram tão atentos a todos os sons ao meu redor. E nunca estive tão sinceramente interessada no que VOCÊ pensa.

13 de ago. de 2013

O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas *



"Revi dias atrás, em Blu-ray, O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas (1985). Para a geração que tinha 20 e poucos anos na década de 80 (o meu caso), este filme foi um marco...(Leia o resto)" 

É um cult da década de 80 (1985) que jamais me esqueci. Sim, só agora, olhando na internet, é que descobri que se tornou cult.   Detalhe: com certeza a série Friends foi totalmente inspirada nele.

No início parece se desenhar como um daqueles filminhos românticos tipo "Seção da Tarde", para adolescentes. Mas não: é um filme sobre entrar na vida adulta, sobre nossos primeiros sofrimentos e decisões e sobre aquelas pessoas que passam pela nossa existência e deixam um rastro profundo e sagrado, marcam para sempre e jamais são esquecidas. Essas pessoas, mesmo sem querer, mudam nosso rumo para o futuro mas jamais farão parte dele.

Como eu disse, até a metade parece coisa de adolescente e é aí que a maioria dos adultos resolve desligar o DVD e partir para outra.  Do meio para o fim, entretanto, é que a gente vê os destinos de cada um desabrochando. Percebemos como a vida exige de nós uma resposta, exige que tomemos posição e que cresçamos. Há um momento em que fica impossível adiar ou fugir das mudanças. Isso é angustiante sim, mas a absorção desse fato é a essência do que chamamos de "maturidade".

Essa história nos fala dessa dor de nos despedirmos de um tipo de vida que não nos cabe mais,  mas queríamos tanto perpetuar! É quando descobrimos como é tolo acreditarmos em destinos traçados e casais perfeitos. NADA é obvio, por isso insistimos em viver: porque a vida é instigante. Não conseguimos enxergar nada de longe, não sabemos quem vai se dar bem nem quem vai se dar mal  ou quem é o amigo "safo"  que vai se dar bem ou o tolo,  que jogará tudo fora. Uma carinha bonita ou um pai rico não salvam ninguém, e o amor mais sólido e duradouro talvez não seja aquele que vai com a gente para a cama.

O mais tocante pra mim foram os momentos de descoberta de cada personagem. Por exemplo:

- O momento em que aquela linda médica, que se sentia tão adulta e invulnerável, se assusta consigo mesma ao descobrir que é apenas uma mulher e não está assim tão protegida contra as deliciosas tolices de um amor juvenil, irresponsável e arrebatador. E o momento em que aquele rapaz, apaixonado por ela, finalmente lhe dá um beijo, se liberta daquela febre e se percebe um homem livre, auto confiante e apto para encarar a vida.

- Quando a moça feia tem seu momento inesquecível com o amor da sua vida, o rapaz mais lindo e irresistível que conheceu. O que parecia ser impossível se tornou a cena mais terna do filme.  Vimos ali um amor autêntico e sincero, cheio de respeito, como ele jamais experimentara até então. Ambos cresceram. Ele, por conseguir enxergar a verdadeira beleza daquela mulher, por conseguir alcançar a consciência de que ela não poderia ser "mais uma" na sua vida, que existem coisas sagradas nessa vida. E ela, por entender que não precisava ter, daquele homem,  mais do que tinha e teve. E pôde então seguir em frente, adulta e em paz,  plena,  levando consigo uma relíquia e uma saudade. Nem tudo se realiza. Todos temos nossas dores eternas. Ser adulto é saber conviver com isso sem culpar a ninguém.


9 de ago. de 2013

Cansemos


Ou eu não entendi ou eles não entenderam.

Esses dias postaram essa imagem no Face. Achei triste de doer. O que vi foi um homem acachapado, exausto sob as exigências de um mundo que cismou com a excelência.

A excelência não é para todos. Quem se enquadra que usufrua e deixe os outros em paz em suas cabanas.  Pior do que perseguir o vento é impor essa desgraça aos outros, achar que todo mundo tem que deixar a vida de lado para conquistar um pódio. Isso é uma forma de loucura.

Se você não dá descanso a si mesmo, você não sabe o que é compaixão. Quem não tem pena nem de si mesmo, no fundo é uma pessoa dura e seca.

 Dei uma olhada nos comentários a essa imagem. O povo achou o máximo! "Isso mesmo!" "Cada vez melhores!" "Assim que tem que ser, nada de se conformar!"  "Vamos nos superar!"  Cada um bradava uma frase mais doentia do que o outro.

Acho que temos que rever esses conceitos; foi só isso que postei. Temos que repensar. Por que não posso me contentar com o que tenho? Por que tenho que estar sempre competindo? Por que não tenho permissão para me amar como estou, onde estou, no nível no qual me encontro e valorizar minhas conquistas? Por que tenho que ter ambições incríveis e manter os olhos arregalados o tempo todo? por que tenho que dormir e sonhar com estratégias, não com paraísos? Porque o pódio é o melhor lugar do mundo? O que há de errado em procurar, ao contrário, apenas um laguinho com peixes?

Não acredito que só exista um modelo de felicidade. Felicidade, se tem modelo, tem um guarda-roupas tão variado quantas são as pessoas do mundo. Mas, como disse Vinícius,

"eis que os arautos da descrença começam a encapuçar-se em negros mantos para cantar seus réquiens e os falsos profetas a ganhar rapidamente os logradouros para gritar suas mentiras..." 

É mentiroso qualquer argumento que queira justificar um modo pesado de vida. É falso o profeta que quer me impor um espírito competitivo que não me cabe. Deve ser rejeitado todo o modelo de existência que me roube o prazer da própria existência ou que me ensine a odiar as frutas frescas da simplicidade e amar  os sabores artificiais da "excelência de consumo".

Não sou um cavalo de corrida. "Seja sempre a versão olímpica de si mesmo" - que frase infeliz!

Cansar é um privilégio, um direito e uma bênção. Cansemo, pois, quando nos convier.

Nenhum protesto contra o sistema é mais eficaz do que simplesmente não ouvir os clamores do sistema. Sair dele até onde me interessar, até onde me convier. Boicotá-lo em minha vida é o golpe mortal, não as bravatas aprendidas por aí.

Não preciso ser a melhor. Nem quero. Eu só queria ser a melhor se a melhor eu fosse mas se a idéia é me transformar num burro de carga, não me interessa. Não preciso fazer miséria para conquistar meu amor próprio.  De quem são essas vozes querendo nos roubar a paz, o descanso, a auto-estima? No pódio ou fora dele eu sou um ser humano maravilhoso e pleno. Os aplausos não me completam. 

Para alguns, o único sentido da vida é chegar a algum topo. Mas para outros o sentido da vida é escapar dessa armadilha.

Se eu estudasse mais, muito mais, muito muito mais, eu poderia conquistar um lugar mais invejável na escala social. Só que decidi que não. Fiquei onde estou e estou feliz. Não interessa nada eu ser "a versão olímpica de mim mesma". E quem tem moral para dizer que minha felicidade não é válida?


5 de ago. de 2013

A maldade nossa de cada dia


Preciso dizer, em nossa defesa, que só capturamos as borboletas porque temos medo de que nunca mais voltem. Ficaríamos mal sem elas. Fazemos o mesmo com os pássaros, com os peixes, com as pessoas. Temos um motivo justo, não é maldade gratuita..

Prendemos pela companhia, pela beleza, porque não nos acostumamos a perder. Porque quando perdemos ficamos pequenininhos, sentimos frio, dá uma coisa ruim lá dentro do peito. Somos maus porque somos fracos, entende?  É quase  "somos maus porque somos bons".

O fato é que nossas maldades são amparadas por nossas... nossas quase virtudes - digamos assim .   Não é "maldade-maldade", é "maldade do bem".

No fundo somos bons.  Ignoramos as necessidades dos que amamos porque "amamos demais". Amamos tanto, mas tanto, que nos distraímos com esse amor exagerado e olhamos só para ele, não para o ser amado. Amamos o amor como ele deveria ser e amamos a pessoa como ela deveria ser. Ficamos furiosos quando elas não se comportam e fazem tudo diferente do ideal.  Um comportamento diferente gera uma dor  muito grande. O remédio para isso é continuar idealizando, forçar a barra e  não olhar demais para a pessoa,  se não estraga tudo.

Tanto as borboletas quanto as pessoas deveriam refletir um pouco mais sobre a nossa situação.  Amamos errado, mas amamos! Não é o que conta? Deveriam nos agradecer.

Toda essa ironia é para dizer que o amor é um sentimento perfeito mas em nós ele entorta um pouquinho. Em nós o amor pende pro lado de lá, fica meio esquisito - mas é amor.

O amor cai do Céu. É muito compreensível que, com o impacto com a nossa atmosfera, ele inflame, encolha e empene um pouco.  Nunca vi um asteróide redondo.

Amamos tanto as borboletas que, como era de se esperar, elas nos odeiam. Não é triste?  No final das contas acabamos sozinhos.

1 de ago. de 2013

As melhores invenções

Não espero que concordem comigo, mas quando falo em invenções utilíssimas volto meus olhos para a minha vidinha, minhas necessidadezinhas e preguicinhas. O que me vem à cabeça é:

1- Nada no mundo supera a invenção da ANESTESIA. Fico imaginando a desgraça que era viver sem conhecer anestesia, sofrer todas as dores do mundo e não conseguir escapar de nenhuma delas. Como se arrancava um dente, meu Deus? Como se dava ponto em um corte? Como se arrancava uma unha encravada? Só imaginar dá arrepios.

2- MÁQUINA DE LAVAR. Só quem já lavou roupa "no braço" é que tem noção da tortura que é esse serviço. Lavar roupa  deve ser catalogada na lista dos serviços braçais, ao lado do pedreiro, carpinteiro, coveiro, agricultor. As mulheres deveriam ser poupadas desse flagelo.

3- Outra coisa: os ÓCULOS. Antigamente quem ia enxergando mal teria que seguir em diante até dar de cara com a cegueira. Ou dar de cara com o muro. Não poder mais ler, não enxergas mais as coisas pequenas, os detalhes... Nossa!

4-  Métodos de GRAVAR o som. Você pode achar bobagem, mas imagine que antigamente só quem poderia ter a felicidade de ouvir uma orquestra era quem pudesse assisti-la ao vivo. Ou seja: uma parcela ínfima da sociedade. Hoje qualquer mané tem as obras de arte ao seu alcance e pode ouvir até enjoar. Já pensou que lacuna terrível passar pelo mundo sem conhecer a obra de Mozart?

5- TEAR. Gente, como será que as pessoas conseguiam se vestir antes de inventarem o tear? Folhas de parreira? Peles de animais? Com a atual população mundial teríamos uma multidão de pelados. A bicharada não daria conta...

6- O SABÃO. Como alguém desengordurava alguma coisa antes do advento do sabão????

27 de jul. de 2013

Manual para dividir o mesmo teto (e as tarefas domésticas)

Confesso que gosto de, vez por outra, ler a revista Marie Clair. Dia desses deparei-me com um artigo demonstrando a angústia das mulheres ao descobrirem o quanto é difícil dividir o "apê".
A coluna foi escrita por um homem. Vamos ver o que ele pensa a respeito: 

"Dia desses uma leitora escreveu. Disse que estava cansada. Cansada de escalar as montanhas de meias sujas. Cansada de equilibrar o Everest de louças na pia. Cansada de tropeçar nas bolotas de poeira. Cansada do que é a vida de uma mulher que mora com um homem. E ela queria saber.
Saber o que fazer para ele aprender a linda dádiva de ser um homem alvejante, um rapaz aspirador, um garotão Bombril. O que fazer? ...   Morar junto é convidar um desastre para a janta. Tem tudo pra dar errado. E é aí que está toda a graça. Eu disse logo no início que gostaria de fazer uma conta. Ei-la: consultados os matemáticos e as calculadoras solares mais precisas, chego à conclusão de que a probabilidade de uma rotina amorosa dar certo é de uns 3%.  Moça e moço não foram feitos pra conviver.


Mas calma, Cocadinha! Guarde o tijolo na bolsa. A graça toda está nisso aí de que, com tudo pra dar errado, é a esperança de que dê certo que fará com que você e ele dêem uma chance ao amor. Digo isso porque, entendam: homens não são mulheres. Tirando as numerosas exceções de praxe, a verdade é que um macho tem uma tolerância às sujeirinhas da vida sensivelmente superior à das fêmeas.


Um homem solto na natureza, se estiver apenas sob os olhares de seus iguais, trocará menos cuecas, tomará menos banhos, passará menos perfumes, atirará toalhas ao céu, andará o tempo todo de ceroulas e reaproveitará um garfo sujo de queijo se a comida que estiver à mesa for… queijo. É exagero! É exagero! Mas tem fundamento! Tem sim!


A DICA:


Ó. Um homem casado, em cativeiro, entende que precisa abrir mão de sua selvageria interior. Juro que a gente tenta. Ainda assim, dobrar a meia em três partes, combinar o jogo de fronhas com a tonalidade do lençol, respeitar que na gaveta de bermuda só durmam bermudas, isso tudo é difícil, é duro, meio sem sentido.


Você quer saber o que fazer para com que ele dome o Cascão que reside no âmago masculino? Reza e conversa. Não briga nem obriga. Ou ele vai empurrar a chateação pra debaixo do tapete (um tapete que já guarda outras mágoas, uns recibos de supermercado amassados e uns pacotes de bolacha usados).
Explica pro rapaz que toda sujeira tem um limite: que mosquitinho voando em casa não é bom sinal. Mas também faça um esforço contrário. Entenda que todo homem, no fundo (mas num fundo meio raso), acha que mulher exagera. Que não precisa de tanto. Que a casa ter um pozinho de leve, um armário um pouco fora de ordem ou uma toalha limpa guardada junto a um edredom não é assim um crime previsto no Pentateuco. Eu sou a favor da doçura. Da vida boa, da vida leve. Depende dele, mas depende também de você. Sossegar o espanador é uma arte de equilíbrio difícil, mas possível. É fazer sua vida a dois ser um gole de limonada, e não de Diabo Verde."

O que é que você acha disso?

23 de jul. de 2013

Pra quê serve um vândalo? *

Se até cocô serve como adubo, não deveríamos esperar que os vândalos, que tanto se aproximam dessa matéria fertilizadora, não servissem para nada:

1-  Eles servem para incomodar também o Governo. Eles, os neandertais da bandidagem, em sua forma primitiva de fazer o mal, sempre foram o nosso calo. Nosso, só nosso. A nobreza geralmente escapa porque vive segura, armada e não anda de ônibus. Antes só destruíam os nossos bens particulares. Se continuassem assim jamais preocupariam o poder. Agora preocupam porque passaram a destruir o patrimônio público e isso traz em si uma ameaça sutil: eles podem "se empolgar", já que não são detidos com rigor, e aí avançar até chegarem nos intocáveis.

2- Servem para mostrar o verdadeiro Brasil. É, o verdadeiro Brasil é bem menos bonito do que nas fotos. Aquela massa morena e simpática, amistosa e de bunda grande, não existe. O Brasil mudou de cara faz tempo, meu amigo. Nós hoje somos essa coisa feia aí, que você vê nos noticiários. O crime ganhou força, e ramificou. Estamos em metástase. Em outras palavras: uma multidão ordeira NÃO EXPRESSA o que somos hoje. Usando os termos da moda: uma multidão ordeira não nos representa. Passeata sem vândalos é o mesmo que capital brasileira sem morador de rua nem trombadinha: faz parte. É muito artificial recolher e amontoar os mendigos longe dos pontos turísticos, não é? Pois então isso se aplica também a esse caso. Não somos um país pacífico mas perigoso, ameaçador, cheio de gente ignorante e violenta. Você pode esconder um câncer por muito tempo mas não para sempre.

3- Eles servem para mostrar ao mundo o inferno onde vivemos. Esses caras que queimam carros e quebram vidraças estão nos atazanando há décadas. Não surgiram ontem, do nada. A única diferença é que agora estão atuando em horário nobre. Se não podemos ir ao trabalho em paz, ir à faculdade em paz, à praça, ao supermercado, à casa do vizinho em paz,  por que diabos você acha que iríamos conseguir fazer passeata em paz?

4- Servem para pararmos com nossas pieguices idiotas e passarmos a pensar seriamente em como vamos tratar esse tipo de gente. Porque se não fizermos nada eles vão se multiplicar mais rápido ainda.  Temos coragem de mudar? Ou vamos continuar apostando nas teoriazinhas psico-jurídicas que nos colocaram nesse caos?

Só os cidadãos de bem sabem o que é respeito. Bandido só conhece a linguagem do medo.

5- Servem para pararmos com a babaquice de querer entender completamente a mente dos criminosos. Temos que nos dedicar primeiramente em tentar entender as necessidades das pessoas de bem e nos empenharmos em atendê-las. Não adianta os babacas "empaletozados" fazerem seminários sobre violência se os bandidos não são razoáveis! O cara entrega a carteira mas o assaltante dá-lhe três tiros só pra não perder a viagem. E aí, vai tentar teorizar? Eles derrubam monumentos sem esperar lucrar nada com isso, só pela adrenalina. Queimam carros de quem não lhes fez mal algum!  Não tem lógica, são como animais irracionais! Desistam dessa arrogância intelectual e metam a mão na massa!.

6- Servem para nós mesmos, gentinha comum que não governa nem a própria vida, para acordarmos também e pararmos com essa palhaçada de acolher passivamente teorias disseminadas por alguns legisladores  que foram colocados lá pelo crime organizado, gente. Que tal deixarmos de ser burros?

Sim, eles são uma espécie de esterco. Enquanto não conseguimos nos livrar deles, vamos pelo menos considerar que alguma coisa aproveitável pode advir de tanta barbaridade.

Teoria em gestação. Aceito discordâncias.

19 de jul. de 2013

Mulheres desesperadas

Há coisas que me deixam constrangida no universo feminino. Como se não bastasse essa coisa patética de se reduzir a mico de circo em shows  eróticos para entreter homens, ainda temos que testemunhar outras formas de detonação da imagem feminina.

Um exemplo de conduta detonadora de imagem é aquele lance de confundir sensualidade com baixaria. É tentar ser sexy mas errar a conta e cair de quatro na vulgaridade.  Vocês nunca conheceram ninguém que vive mostrando a calcinha "sem querer"? Pois é. Outro exemplo são as mulheres que dão uma de "loja em liquidação" : em uma roda de amigos de vez em quando dão a entender que "são da onda", topam tudo, em todas as posições e sem compromisso.  Pô! Pode até ser verdade, mas precisa anunciar no megafone? Pode também ser só "brincadeirinha" mas os homens registram a como prova incontestável de desespero. Resultado: ou nem chegam perto ou chegam, trocam o óleo e depois caem fora rapidinho.

Detalhe: amigo, por mais amigo que seja, é homem em primeiro lugar. Ele não vai refrescar o julgamento só por causa dos laços de amizade.

Essas e outras atitudes detonam a imagem da mulher.  Não, caras companheiras! Um pouco de orgulho faz muito bem para a pele e para os cabelos. Nesse assunto orgulho funciona como o melhor cosmético do mundo.

Fico incomodada também com a moderna enxurrada de debates sobre a frustração das mulheres. Todo dia vemos artigos, filmes, entrevistas, músicas, tudo sobre isso. Veja como são deprimentes os temas que a mídia espalha:


"Seis dicas para deixar de ser caso e se tornar namorada"
"Como manter seu homem"
"Como agarrar seu homem na cama"
" Ser bonita é essencial?"
"Você está só: e agora?"
"Existe vida depois da separação?" 
"Por quê ele foi embora?"
"Dez atitudes que afugentam os homens."

Isso tudo é pra lá de patético. E os homens só assistindo de camarote e morrendo de rir...


Não estou aqui para engrossar o coro das chorosas nem para defender a macharada.  Não entrarei no mérito da coisa. Só quero frisar que nariz empinado é o melhor cosmético que uma mulher pode adquirir. Não é barato, mas vale a pena.

"Apenas Mais Uma De Amor

Eu gosto tanto de você
Que até prefiro esconder
Deixo assim ficar
Sub-entendido

Como uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

Eu Acho isso tão bonito
de ser abstrato,baby!
A beleza é mesmo tão fugaz
É uma idéia que existe na cabeça
E não tem a menor pretensão de acontecer

Pode até parecer fraqueza
Pois que seja fraqueza então,
A alegria que me dá
Isso vai sem eu dizer

Se amanhã não for nada disso
Caberá só a mim esquecer
O que eu ganho e o que eu perco
Ninguém precisa saber."


Lulu Santos está certissimo. Orgulho na medida certa é extremamente charmoso.  Não dá é para sermos humilde com uma platéia comprovadamente carniceira.

Todas já cometemos o desatino de acabar falado algo que ninguém precisava saber. Só que aos 25, 35, 40 anos e daí por diante esses erros deixam de ser básicos para se tornarem grosseiros. Salto alto e nariz empinado é a nossa verdadeira vocação. Queridas, nascemos para a glória!

Não digo que devemos morrer sufocadas com uma confissão entalada na garganta. Não. Mas as amigas intimas estão aí pra isso mesmo: para nos aturar porque um dia elas também vão precisar da gente.

Viver não é fácil. Se um dia eu me encontrar nessa situação de fundo do poço da carência, já tenho pronta a oração de emergência:  "Senhor, me ajude a aguentar o tranco sem perder a pose! Amém".

15 de jul. de 2013

O que é romantismo?

Mesmo quando penso que sei a hora certa, não sei a hora certa. Até porque a minha hora é só minha e ninguém jamais saberá com exatidão nada sobre ela.  Já estraguei momentos que seriam maravilhosos só porque não os reconheci como "momentos certos". Achei que não eram - mas eram, justamente por isso!  Aqui a gente faz, aqui a gente paga: também já sofri pra caramba porque detectei um momento imperdível que a outra pessoa não viu, não deu a mínima.

Existe uma hora certa para ser romântico? 

Quando me imagino suada na cozinha, temperando um frango enquanto uma panela flameja, tenho dificuldade em acreditar que aquele momento seja propício a cupidos e corações. Ser subitamente abraçada e chamada a interromper tudo... Acho que eu não iria conseguir corresponder a contento.

Gosto de imaginar cenas românticas quando acabei de tomar banho e me vejo em silêncio, divagando, ouvindo música ou em um cenário bonito. Quando o vento bate fresco, quando caminho pela praia, quando tudo em mim parece apto e receptivo. Mas...  tudo isso me leva a pensar que o romantismo está justamente na cena deslocada, no momento errado e inesperado. O romantismo não seria a propria inconveniência feliz? Não estaria no arroubo, na capacidade de estar pronto para os arrulhos quando tudo parece contrário?   É aí que o amor é mais amor ou  pensar assim é puro romantismo?  

O que é ser romântico? É quando o relógio do coração está em descompasso com o relógio do mundo? Então não sou romântica porque prefiro que o momento seja propício? Ou sou extremamente romântica justamente por acreditar que existe nessa vida um tal "momento propício"?  Existem momentos perfeitos?   Romantismo é crer no que não existe...  ou crer no que poucos enxergam?

O que é romantismo?

7 de jul. de 2013

O sonho da Cinderela

Essa gravura é a cara da minha infância. Eu olhava coisas assim e passava horas sonhando. Era o que se pode chamar de "tirar o pé do chão".  Eu imaginava o baile,  a valsa, a beleza da Cinderela, o sufoco pra voltar pra casa, o lindo vesdido de cauda (suspiro profundo...) o príncipe apaixonado, a cinturinha fina, as mãos delicadas (apesar do trabalho doméstico - como?!) o castelo belíssimo, os cabelos sedosos, olhos brilhantes, a noite de gala inesquecível, o salão enoooorme cheio de luzes, cristais, o deslumbramento e eu - quer dizer ela, a Cinderela, sendo o centro das atenções... Oh, oh e mais oh!

Como são as coisas... Vejam vocês como o tempo passa e como tudo muda. Acreditem os senhores que hoje deparei com essa imagem e a primeira coisa que me veio à mente foi "caramba, que praga de castelo é esse que tem que subir tanta escada?"  Um autêntico pensamento de velha.

Cruz-credo.

3 de jul. de 2013

Janelas

Não preciso estar melancólica para afirmar que há algo de terrivelmente triste nas luzinhas amarelas que recheiam as janelas. E você há de concordar comigo, mesmo se estiver feliz.

Quando o hálito das casas escapa num início de noite e o cheiro da sopa ganha as calçadas à altura do nosso nariz, parece que nesse momento muita gente fica órfã.

Luzes amarelas são alegres por dentro mas tristes por fora.

Não é lamentável quando você caminha rapidamente fingindo ter pressa só para pensarem que você tem um mundo cálido lhe esperando em casa?  Talvez seja uma sorte quando pensam que  você "é uma daquelas pessoas egoístas que não precisam de família" .  Melhor o equívoco do que a pena.

Para muitos não há jantar pronto em  casa, a torneira da cozinha pinga, a porta range, há uma infiltração.

São tristes as janelinhas amarelas quando, do lado de fora, nossas botas estão molhadas, os pés estão frios, falta um botão no sobretudo e alguma coisa dói não sei onde. Logo-logo o homem apressado deixará a avenida principal e baterá o olhar nas pedras frias daquela casa da esquina.

Olhando de dentro para fora, a frieza do mundo é decorativa. Como nos cartões de Natal. Por mais que os personagens estejam no frio, todos se dirigem a um pequeno paraíso morno. É assim. Quando temos nosso cantinho é como se todos os outros fossem como nós. Essa ventura imaginário nos embala e o mundo parece um lugar aconchegante e justo. É nessa hora que nos concentramos na nossa felicidade e esquecemos os outros.

Como são distraídas as pessoas felizes!

REALIDADES BRASILEIRAS