Em primeiro lugar: não me xingue.
Li esses dias a seguinte frase: "Sem sombra de dúvida, a vontade do capitalista consiste em encher os bolsos, o mais que possa..." (Karl Marx). Discordo. Mas posso concordar se em seguida Marx emendar dizendo que todos somos capitalistas. Não são "os capitalistas" que querem encher os bolsos. TODOS queremos.
Isto posto, tenho a dizer que ninguém quer dinheiro pelo dinheiro em si. Não há graça nenhuma em colecionar milhares de cédulas exatamente iguais. O bom do dinheiro é o poder e sensação de segurança que ele traz. Todos querem poder e segurança, tanto os "monstruosos capitalistas" quanto os "puros comunistas" .
Acontece que os que demonizam o capitalismo têm tanta ânsia por poder quanto os capitalistas tem ânsia por dinheiro. Se considerarmos que dinheiro é poder, vemos o que cada um carrega de hipocrisia.
Não se deve criar nada para o homem - muito menos as leis - sem levar em conta como o homem realmente é. As leis não servem para modificar a nossa natureza, mas para impor limites a ela. Lei nenhuma nos tornará em anjos benevolentes. E toda tentativa de transformar os demais em anjos benevolentes transforma em demônio quem está no poder.
Justiça social é maravilhoso mas tem que ser erguida em bases sólidas, não em idéias furadas. Devemos impor limites ao capitalismo? Sim. Para isso serve um governo decente. É possível tirar proveito do empreendedorismo capitalista sem detonar a economia. Não vamos matar o cão de fome; vamos apenas limitar seu quinhão para continuar produzindo mas sem devorar tudo ao seu redor. Repito: para isso servem os governos DECENTES: para regular e tirar proveito do devorador, não para tomar o lugar dele.
Ora, se segurança e poder são desejos comuns a todos os homens, há de se concordar que todos queremos as mesmas coisas independentemente da cor da nossa bandeira. Como não fica bem proclamar isso em discurso, laça-se mão da malícia de fazer os ouvintes crerem que só os outros têm ambições.
Enquanto o poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente (John Emerich Edward Dalberg-Acton). Todos os que separam a sociedade em "eles" e "nós", se colocam numa posição de superioridade maligna.
Civilizar (legislar) significa impor limites ao que somos. Somos ambiciosos todos nós, não "eles". Deveríamos partir daí. Quem não se enxerga, não enxerga mais nada. E quem não enxerga nada, não tem capacidade nem direito de governar.
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16 de out. de 2015
12 de out. de 2015
Os frangos, nós e os vermes
Não sou vegetariana. Comer carne é animalesco, violento,
gostoso e o sangue é só um detalhe. Em minha defesa tenho a dizer que não sou o
único animal carnívoro e desalmado que pisa o planeta.
Não, não sou tão desalmada. Estive pensando na situação dos
frangos...
Quantas e quantas vezes já me flagrei com um frango entre os
dentes e o coração pesado a considerar a brevidade daquela vidinha tão
desprovida de sentido. Tem sido doloroso imaginar que algo sagrado - a VIDA -
possa acontecer sob determinações contábeis com o fim único de ser destroçado
por humanos impiedosos.
Pense em toda aquela expectativa da galinha, do
"coito" à constatação de que mais um lindo ovo viria ao mundo! E para
quê? Pra ser quebrado em minha frigideira. Ou sadicamente alimentado e
espionado até atingir a idade do abate. Que porcaria de vida é essa?!
Podemos dizer o mesmo do boi e de tantos outros
desafortunados que pisaram esse mundo sem perceber que nenhuma de suas qualidades
seria apreciada, a não ser o valor nutritivo.
Do nascimento à morte, o que pode haver de interessante
na vida de um bicho desses? Por que desenvolveram inutilmente habilidades? Por
que aprenderam a andar, nadar ou voar? Por que ter lindas penas ou pelos macios
se tudo se acabará no Auschwitz da nossa cozinha?!
Qual a especial ventura que eles experimentaram? Qual o plano
de existência, o ato de bravura ou sonho a ser registrado? Quem se interessa
pelo que cada um desses animais possa ter de singular? Manias, preferências,
fobias, sobressaltos... De nada disso restará lembrança. Passam pela vida como
coisas vãs.
Sabe, isso me inquieta. Não o suficiente para passar fome,
mas inquieta.
Ah como é confortável ser contada entre os humanos! Eu: um
ser superior! Os reis da floresta somos nós! Que chique mandar no pedaço,
escolher quem morre e quem não morre, se é com fritas ou farofa. Somos quase
divinos. Pelo menos em comparação a uma lula eu sou. Falo por mim - não sei
você.
Então... Enquanto pesarosamente eu comia e lamentava a
má sorte daqueles azarados, me ocorreu o seguinte pensamento: é possível
que esse tipo de consideração também ocupe a mente dos vermes que nos comerão.
Talvez entre uma mastigada e outra eles imaginem qual seria nossa reação se
descobríssemos que nascemos apenas para alimentá-los e que todas as
nossas lutas e conquistas são só passa-tempo enquanto engordamos - para eles.
Talvez sintam por nós a mesma peninha cínica que eu sinto pelas galinhas e
bois.
- "Pobres
humanos... Que sentido tem suas vidas? Tanta correria, privação e aborrecimento
por nada! Se eles soubessem que a única finalidade das suas existências é
servirem de alimento para nós! Ô vidinha mais besta a dos humanos! Se soubessem
a verdade da sua própria insignificância eles deixariam de levar seus problemas
ridículos a sério. Coitados..."
Que mundo estranho o nosso!
8 de out. de 2015
Incompartilhável
O ser humano é gregário.
Embora a necessidade de estarmos juntos possa ser motivada também por questões práticas, parece certo que o "estar juntos" se destina a atender exigências humanas de caráter mais emocional.
Os emocionalmente reclusos que me perdoem mas compartilhar experiências é fundamental. Há dois níveis de compartilhamento de experiências: um deles é bem básico e se resume apenas em contar o que aconteceu. Ao fazer o outro saber o que eu sei, me sinto mais irmanada com ele de alguma forma. Teremos algo em comum: conhecimento. Acho lindo quando chego na casa do meu filho e minha neta me olha sorrindo e bate no peito para mostrar seu vestidinho. Ela quer que eu veja, simplesmente. "Olhe que legal meu vestidinho novo!" Claro que eu digo "oh, que vestidinho lindo!" E ela vai-se embora feliz e satisfeita.
Mas nem sempre contar, ou mostrar, satisfaz. O segundo nível de compartilhamento é quando a gente consegue que o outro sinta o que sentimos. Precisamos que ele saiba a dimensão e profundidade e , se possível, que sinta a mesma coisa. Só aí a solidão acaba e nos sentimos finalmente acompanhados e compartilhados.
Talvez por isso a morte seja a experiência mais solitária de que se tem registro...
É aflitivo não conseguir partilhar. É aflitivo explicar, detalhar e ainda assim ver a outra pessoa impassível, não-tocada, virgem da nossa emoção. É como um muro entre as pessoas. Estar condenado a experimentar algo sozinho é ruim. Os filmes geralmente nos condenam a isso. Como? Veja:
Tente explicar para os mais jovens (por exemplo) aquele filme que marcou a sua juventude. É frustrante. Primeiro porque a trilha sonora será totalmente fora do gosto do momento. E o padrão de beleza? Lembro do quanto eu e meus irmãos ríamos quando a mamãe tentava nos fazer ver o quanto Clark Gable era bonito e sensual. A gente achava ele um bundão. Ela mandava olhar de novo e não entendia que não víssemos o que ela via. Outra coisa são os figurinos. Uma princesa medieval de um filme de 1930 vai nos parecer muito breguinha perto de uma princesa medieval retratada agora no século XXI. E não me pergunte qual a versão verdadeira. Os dramas do passado parecem ridículos aos nossos olhos. As virtudes do passado parecem falsas demais, inverossímeis ou simplesmente babacas.
Pior do que não conseguir transmitir o encantamento do passado para a nova geração é não conseguir fazê-lo para nós mesmos. Lembro de alguns constrangimentos que já passei nessa área. Eu falava há anos da emoção e suspense que foi assistir O Iluminado. Marcamos uma "seção pipoca" - eu e meus filhos - para que eles vissem o que é um filme de suspense de primeira. O resultado foi catastrófico. Nem eu consegui ver o que via no passado. Achei um porre. A questão é que este filme fez tanto sucesso que acabou sendo muito imitado. Todos os truques de filmagem, de susto e de de horror já foram mais do que imitados, de forma que quando assistimos novamente a história parece que o original é que copiou o posterior. Sei, é injusto, mas é assim que funciona. Os jovens olham e dizem que "esse cara não é nada original! Já vi isso mil vezes!" Sim, ele foi o primeiro, copiado mil vezes pelos outros mas e daí? Quem quer saber disso? E lembra da heroína da história magricela, com uma roupa horrível gritando de medo com aquela cara de retardada? Jesus, foi um constrangimento àparte!
Não, filmes são incompartilháveis.
Até hoje lamento ter assistido novamente O Iluminado. Eu deveria ter guardado para mim aquela boa lembrança de uma excelente película. Estraguei tudo vendo novamente. E ainda perdi credibilidade com a garotada.
É claro que existem exceções, como A Noviça Rebelde. Posso assistir mil vezes que vou achar lindo do mesmo jeito, mas não adianta querer transmitir isso para mais ninguém. Tenho que assistir sozinha e ficar calada porque não vou suportar que eles riam da Julie Andrews ou do Christopher Plummer!
As maiores emoções da vida são incomunicáveis. Tudo bem, isso eu já aceito, mas o pior de tudo é não conseguimos reproduzir o clima nem para nós mesmos. Lugares, filmes, amores... Melhor deixar tudo guardado na gaveta do passado. É mais respeitoso e reverente do que descobrir que o galã da sua vida não era tão galã assim ou que as sobrancelhas da Marlene Dietrich eram hilárias.
O melhor conservante para nossas mais nobres emoções é a memória. Se expostas à claridade do presente elas se desintegram rapidamente e, no final, descobrimos que ficamos mais pobres.
Embora a necessidade de estarmos juntos possa ser motivada também por questões práticas, parece certo que o "estar juntos" se destina a atender exigências humanas de caráter mais emocional.
Os emocionalmente reclusos que me perdoem mas compartilhar experiências é fundamental. Há dois níveis de compartilhamento de experiências: um deles é bem básico e se resume apenas em contar o que aconteceu. Ao fazer o outro saber o que eu sei, me sinto mais irmanada com ele de alguma forma. Teremos algo em comum: conhecimento. Acho lindo quando chego na casa do meu filho e minha neta me olha sorrindo e bate no peito para mostrar seu vestidinho. Ela quer que eu veja, simplesmente. "Olhe que legal meu vestidinho novo!" Claro que eu digo "oh, que vestidinho lindo!" E ela vai-se embora feliz e satisfeita.
Mas nem sempre contar, ou mostrar, satisfaz. O segundo nível de compartilhamento é quando a gente consegue que o outro sinta o que sentimos. Precisamos que ele saiba a dimensão e profundidade e , se possível, que sinta a mesma coisa. Só aí a solidão acaba e nos sentimos finalmente acompanhados e compartilhados.
Talvez por isso a morte seja a experiência mais solitária de que se tem registro...
É aflitivo não conseguir partilhar. É aflitivo explicar, detalhar e ainda assim ver a outra pessoa impassível, não-tocada, virgem da nossa emoção. É como um muro entre as pessoas. Estar condenado a experimentar algo sozinho é ruim. Os filmes geralmente nos condenam a isso. Como? Veja:
Tente explicar para os mais jovens (por exemplo) aquele filme que marcou a sua juventude. É frustrante. Primeiro porque a trilha sonora será totalmente fora do gosto do momento. E o padrão de beleza? Lembro do quanto eu e meus irmãos ríamos quando a mamãe tentava nos fazer ver o quanto Clark Gable era bonito e sensual. A gente achava ele um bundão. Ela mandava olhar de novo e não entendia que não víssemos o que ela via. Outra coisa são os figurinos. Uma princesa medieval de um filme de 1930 vai nos parecer muito breguinha perto de uma princesa medieval retratada agora no século XXI. E não me pergunte qual a versão verdadeira. Os dramas do passado parecem ridículos aos nossos olhos. As virtudes do passado parecem falsas demais, inverossímeis ou simplesmente babacas.
Pior do que não conseguir transmitir o encantamento do passado para a nova geração é não conseguir fazê-lo para nós mesmos. Lembro de alguns constrangimentos que já passei nessa área. Eu falava há anos da emoção e suspense que foi assistir O Iluminado. Marcamos uma "seção pipoca" - eu e meus filhos - para que eles vissem o que é um filme de suspense de primeira. O resultado foi catastrófico. Nem eu consegui ver o que via no passado. Achei um porre. A questão é que este filme fez tanto sucesso que acabou sendo muito imitado. Todos os truques de filmagem, de susto e de de horror já foram mais do que imitados, de forma que quando assistimos novamente a história parece que o original é que copiou o posterior. Sei, é injusto, mas é assim que funciona. Os jovens olham e dizem que "esse cara não é nada original! Já vi isso mil vezes!" Sim, ele foi o primeiro, copiado mil vezes pelos outros mas e daí? Quem quer saber disso? E lembra da heroína da história magricela, com uma roupa horrível gritando de medo com aquela cara de retardada? Jesus, foi um constrangimento àparte!
Não, filmes são incompartilháveis.
Até hoje lamento ter assistido novamente O Iluminado. Eu deveria ter guardado para mim aquela boa lembrança de uma excelente película. Estraguei tudo vendo novamente. E ainda perdi credibilidade com a garotada.
É claro que existem exceções, como A Noviça Rebelde. Posso assistir mil vezes que vou achar lindo do mesmo jeito, mas não adianta querer transmitir isso para mais ninguém. Tenho que assistir sozinha e ficar calada porque não vou suportar que eles riam da Julie Andrews ou do Christopher Plummer!
As maiores emoções da vida são incomunicáveis. Tudo bem, isso eu já aceito, mas o pior de tudo é não conseguimos reproduzir o clima nem para nós mesmos. Lugares, filmes, amores... Melhor deixar tudo guardado na gaveta do passado. É mais respeitoso e reverente do que descobrir que o galã da sua vida não era tão galã assim ou que as sobrancelhas da Marlene Dietrich eram hilárias.
O melhor conservante para nossas mais nobres emoções é a memória. Se expostas à claridade do presente elas se desintegram rapidamente e, no final, descobrimos que ficamos mais pobres.
4 de out. de 2015
Draminha
De todos os dramas que maltratam os humanos, acho que um dos mais aflitivos é o de saber o que precisa ser mudado mas não conseguir fazê-lo.

É fácil olhar para trás e entender certos erros. "Deixei de fazer porque não sabia que as coisas eram assim. Foi tolice, foi falta de informação, de maturidade!" Ok, eu te absolvo. Reze quinhentas ave-marias e siga em frente. Mas como entender e perdoar quando eu sabia, via, tinha conhecimento, queria fazer mas... simplesmente não fiz?
O que fazer contra essa força estranha que nos impede se sermos o que queremos ser? Temos mesmo tanto poder sobre nós mesmos ou isso não passa de ficção? É como se algo nos puxasse para baixo o tempo todo. Se sei que minhas palavras ríspidas azedam meu relacionamento e se prezo esse relacionamento, por que simplesmente não agir de outro modo? O que me impede?
Sou duas? Existe outra de mim conspirando contra mim dentro de mim?
Penso que esse drama não é apenas particular. Ele é como um vapor maldito que sobe do chão e azeda o planeta inteiro. Conhecemos a solução para muitos males sociais mas simplesmente nos mantemos inertes. Todos sabemos como viver em paz, como preservar o planeta, como manter a saúde, como nos alimentarmos, como tratar as pessoas. No entanto esse saber de nada nos aproveita, só nos condena. Dia após dia nos tornamos mais e mais imperdoáveis. Se existe um castigo para isso, estamos fritos.
Eu sei exatamente o que deveria fazer para me tornar uma Cristina melhor. Mas não faço. Não sei se algo conspira contra mim ou se me falta disposição. Também não sei se a falta de disposição é justamente a prova de que não quero melhorar coisa nenhuma e só estou me iludindo. Seria a falta de disposição uma prova da minha real falta de vontade? Ou se é perfeitamente possível que a vontade conviva com a falta de disposição? Ora, nós os humanos somos
contraditórios por natureza, então não seria absurdo admitir essa última hipótese.
Nada sei... motivo pelo qual acabo de decidir que a melhor coisa a fazer é ir lá na cozinha tomar um cafezinho. Com açúcar (mesmo que eu esteja querendo emagrecer).
1 de out. de 2015
Mágoa & Ódio

O ódio é explosivo e sabe se fazer notar. Ele simplesmente aparece mesmo quando não quer aparecer. Os resultados do ódio são óbvios até aos olhos mais desatentos. Mas a mágoa ... A verdade é que não levamos a sério nada que pareça poder ser adiado infinitamente. Se dá pra empurrar com a barriga a gente empurra e finge que pode continuar fazendo isso para sempre.
A mágoa vai corroendo por dentro até não sobrar mais nada da estrutura original. Posso comparar assim: é como se o ódio fosse um tremendo soco na cara enquanto a mágoa seria um câncer. Há mil analgésicos que podem funcionar por anos, de forma que é fácil fazermos de conta que não está doendo. Se temos um "câncer-mágoa "somos capazes de sorrir, passear, manter relacionamentos. Nós escondemos "a coisa", disfarçamos, fingimos que não está lá porque se olharmos em seus olhos a vida nunca mais será a mesma. Aí sim ela exigirá uma resposta. Mas não queremos respostas, queremos apenas manter a vida que amamos até que... Até que realmente não seja mais possível.
Enquanto driblamos a mágoa ela continua seu trabalho silencioso e implacável de corroer com dentes de aço, de dentro pra fora, os mais lindos palácios que conhecemos. Não deveríamos brincar com a mágoa.
O ódio não aceita panos quentes nem nhém-nhém-nhém. É tudo para já, sem adiamentos. O ódio sofre muito em ser adiado - a mágoa não. Ela aceita todos os consolos e adiamentos e lero-leros. Ou melhor: finge que aceita! Enquanto isso ela vai crescendo até explodir. E enquanto ela finge que aceita os despistes, o que a outra parte faz? Geralmente magoa de novo. Só porque acha que dá, acha que pode. Só porque não vê resultados imediatos da sua ação. Então mantém a postura magoante de novo e de novo porque jura que está contornando a situação, que está tudo está sob controle. Mas não, não está.
Há algo de profundamente masoquista na mágoa. Ao contrário do ódio, que é sádico. A mágoa dói nas primeiras vezes mas depois passa a gostar do jogo. Então ela até se expõe de novo e de novo. No fundo a mágoa queria ser ódio, mas não consegue. Por isso se expõe assim como o sujeito brigão bebe: pra criar coragem. Sim, às vezes a mágoa quer ser magoada porque sabe que ela mesma é uma bomba de efeito retardado. Para adiantar o resultado é necessário encurtar a história, encher logo a medida. A mágoa então se compraz em ser insuflada porque no fundo já percebeu que todo o sistema está condenado, então nada mais bem-vindo do que apressar o fim.
Você pode contornar uma explosão de ódio mas a explosão da mágoa é irremediável, fatal e definitiva. Vem como cachoeira que cai porque quer cair, como o prédio que desaba porque quer desabar e se diverte com o fato de que ninguém pode frear a situação.
Resumo: se for para magoar magoe logo, magoe muito e repita o lance. Faça o serviço bem feito porque quem não aprendeu a odiar precisa disso para explodir.
28 de set. de 2015
Você não pode ser mais feliz do que a sua esposa (!)

Se você ler, acabará concluindo que o homem tem uma maior tendência a "empurrar os problemas com a barriga", enquanto a mulher tende a ser inconformada. Ou melhor: o inconformismo do homem o joga na estrada da traição, não na do debate.
Claro que toda regra tem exceção, mas... faz sentido."Pesquisadores alemães chegaram à seguinte conclusão: se o homem da casa for o mais feliz da relação, é mais provável que o casamento termine em divórcio do que se a felizona do casal for a mulher..."
Homem quando está infeliz vai catar o que fazer: jogar futebol, arrumar outra mulher, atolar-se no trabalho ou inventar atividades (ou desculpas) que o mantenham longe da sua esposa. Já a mulher, ao invés de se distrair para fugir do problema faz exatamente o contrário: remói o problema dia e noite. Fala, reclama, desabafa com todo mundo, chora... não pensa em outra coisa. E quando dá de cara com o marido aparentemente lépido e faceiro, vem o ódio. Daí para a ruptura é só um pulo.
Você pode até discordar, mas tenho certeza que depois de ler o artigo você não vai resistir e vai prestar mais atenção à sua relação... e à dos outros!
21 de set. de 2015
Mulher fatal
Oh jovens impúberes, já está na hora de saberdes o que é uma mulher fatal. Guardai-vos dela.
Mulher fatal é aquela que o homem quer, mas teme. E todos os seus temores tem razão de ser.
Ela às vezes é "chave de cadeia" e outras vezes é um passaporte para o alcoolismo ou depressão. Tem o dom de fazer o homem se sentir um garanhão num dia e um merda no outro.
Jamais saberemos se ela é como é por ser má ou por ser burra e não entender a repercussão dos seus atos.
Não queira redimir uma mulher fatal. Ela é irredimível. Apenas mantenha distância. Conselho de mãe.
Mulher fatal é aquela que o homem quer, mas teme. E todos os seus temores tem razão de ser.
Ela é bonita, mas não é bondosa. Talvez seja, lá bem no fundo do coração, mas no fundo mesmo, e raramente isso vem à tona. Ela não faz ninguém feliz porque ela mesma não é feliz, então sente um prazer mórbido em fazer sofrer para não se sentir sozinha. Mas não a questione. A mulher fatal não sabe explicar esses fenômenos da alma nem tem tem muita paciência para esse tipo de reflexão.
A mulher fatal é aquela que pode ser boa de cama, boa de festa, de fim de semana, mas é uma desgraça na vida a dois e uma negação como mãe e companheira.
Por essas e por outras ela atrai e repele, conquista e repugna. Você não a conhece muito bem, mas intui coisas incríveis a seu respeito. Tudo sob o efeito daquela droga chamada "hormônio". Ela está pronta e acabada. Não está em formação. Não vai mudar NUNCA - tire o cavalinho da chuva.
Se ela cometer a suprema maldade de se tornar sua esposa, você nunca saberá interpretar com exatidão os olhares dos outros homens sobre você: seria inveja ou pena? Eles queriam estar no seu lugar ou dão graças a Deus por não terem sido tão otários?
Por essas e por outras ela atrai e repele, conquista e repugna. Você não a conhece muito bem, mas intui coisas incríveis a seu respeito. Tudo sob o efeito daquela droga chamada "hormônio". Ela está pronta e acabada. Não está em formação. Não vai mudar NUNCA - tire o cavalinho da chuva.
Se ela cometer a suprema maldade de se tornar sua esposa, você nunca saberá interpretar com exatidão os olhares dos outros homens sobre você: seria inveja ou pena? Eles queriam estar no seu lugar ou dão graças a Deus por não terem sido tão otários?
Ela às vezes é "chave de cadeia" e outras vezes é um passaporte para o alcoolismo ou depressão. Tem o dom de fazer o homem se sentir um garanhão num dia e um merda no outro.
Jamais saberemos se ela é como é por ser má ou por ser burra e não entender a repercussão dos seus atos.
Não queira redimir uma mulher fatal. Ela é irredimível. Apenas mantenha distância. Conselho de mãe.
17 de set. de 2015
Discursozinho retrógrado
Às vezes me vem cada pensamento! Hoje, por exemplo, estou tendente a acreditar que toda aquela organização social do passado, ultrapassada e desprezível, ela sim estava correta.
Aqueles tabus antigos talvez levassem em conta características imutáveis dos seres humanos. Talvez estivessem em maior harmonia com a realidade do que somos. Você já parou pra pensar que tudo aquilo pode ter sido fruto de milênios de observação? Sociedades remotíssimas já experimentaram tudo o que hoje chamamos de "questionamento revolucionário" - e se lascaram. Por isso mesmo é que sumiram e nunca mais ouvimos falar delas.
Civilizações perdidas... experiências perdidas... conhecimento perdido.
As mulheres ficavam presas e os homens soltos. Por quê? Porque não dá pra prender quem vai caçar. Também não dá pra prender quem vai à guerra. A questão não tinha nada a ver com superioridade ou inferioridade. Soltar a macharada para que lutassem, caçassem e morressem e por outro lado vigiar a mulher para que ela não aparecesse grávida sem um pai que sustentasse a criança, eram apenas medidas práticas. Aliás nessa partilha a mulher saía ganhando. O homem que tinha que se esfalfar e se arriscar e dar conta da proteção e sustento dela e da prole. Sim, eles saíam em aventuras porque eles não tinham peitos para dar de mamar aos bebês. Iam ficar na caverna fazendo o que? Enchendo o saco enquanto a mulher grávida saía pelo mundo sob o risco de abortar? Os homens eram os caçadores só por serem fisicamente mais fortes e não parirem.
Então porque não soltar os dois, já que somos todos iguais? Primeiro porque não somos todos iguais. Temos todos o mesmo VALOR mas mulher e homem tem características bem distintas. Segundo: porque homem não volta grávido pra casa para dar despesa e trabalho para os parentes.
Acho que as sociedades do passado em algum momento da história perceberam que soltar mocinhas deliciosas e encharcadas de hormônios só dava dor de cabeça. Como a despesa e trabalheira sempre sobrava pra família da mulher, nada mais esperto do que controlar. Era o mesmo que dizer: "Gostou da gata? Então vão se divertir e assumam o resultado. Vão morar juntos, criar, proteger, educar e sustentar quem nascer. Ah não quer compromisso? Então não trepa. Como pais da moça nós não estamos dispostos a proporcionar diversão gratuita, ilimitada e sem riscos para os filhos dos outros. ".
É justo. "Se vocês se divertem mas quem paga sou eu, então é o seguinte: baixa o fogo e fica em casa." Discriminação? Não, proteção. Para a mulher, para a criança e para a família.
Os homens saem por aí inseminando tudo e todas. Beleza. Só que pra eles sai barato mas pra família da mulher sai bem caro. Hoje existe pensão alimentícia por lei, mas não há lei que impeça um desempregado ou um preguiçoso ou um inútil de comer a sua filha. Nem nada a impedirá de querer dar pra ele assim mesmo. Então sou obrigada a considerar que o controle ainda seria interessante.
Tá, mas e a necessidade sexual das mulheres? Olha, enquanto não mexem "na caixinha" a mulher aguenta muito bem, obrigada. O problema é depois: ninguém segura mais. Enquanto é virgem ela é senhora de si, tem mais poder de escolha e de determinação sobre o próprio corpo. Hoje desconfio de que a liberdade da mulher está em poder escolher, em não precisar. Ou precisar pouco, vagamente, como as virgens. Porque depois da primeira, muitas reféns.
A necessidade por sexo joga as pessoas em muitas ciladas. "A fome é má conselheira". E a tesão é "tipo assim". Por isso que pessoas de bem se dispõe a mentir e iludir grosseiramente só para conseguir uma "inseminada básica". Claro que eles também, por sexo, se enganam quanto ao caráter da mulher, só que pagam muito mais barato do que elas pelo erro.
"Ah mas é injusto!" Sim, mas e daí? Também acho injusto rugas e gordura na cintura mas minha discordância não deterá esse processo. Também acho injusto coelhinhos serem tão barbaramente devorados por onças, mas meu protesto cai no vazio. Posso espernear à vontade mas coelho continua coelho e onça continua onça. E mais: não é tentando imitar as onças que os coelhos vão se transformar numa delas.
As feministas me chamarão de machista mas não é justo fazê-lo. Ninguém há de discordar de que no tempo em que os pais controlavam os filhos não existia essa quantidade absurda de menores abandonados, marginalizados e miseráveis nem tantas mulheres usadas e amargas.
Muita coisa mudou... mas nem tudo foi pra melhor. Não advogo uma volta ao passado. Estou apenas ajudando os nossos ancestrais a se fazerem entender.
13 de set. de 2015
O banquinho
Passei aqui só pra dizer que assisti novamente Forrest Gump. Chorei de novo.
Não tenho fama de sensível. Sou à prova de quase tudo. Aguento firme vários tipos de provocação emotiva mas sempre há uma parte do coração que escapa da armadura, se expõe e acaba levando uma flexada.
"Posso não ser inteligente, mas eu conheço o amor!"
O que é a nossa vida? Caminhamos inexoravelmente para aquilo a que fomos destinados? O que nos cabe é inegociável? Imutável? Ou a vida é como uma pluma solta, soprada por ventos caprichosos? Ela se vai sem rumo ou proveito. Seus movimentos, por mais que pareçam belos, são gratuitos. Queremos muito que suas evoluções no ar expressem arte, destreza ou qualquer coisa a ser compreendida, mas não! Tudo é desconcertantemente aleatório. Aquele vagar bêbado é apenas confuso, sem significado algum.
Ou ... ou será que as duas coisas acontecem ao mesmo tempo?
É possível que tantas voltas nos levem a um lugar exato? Ou abraçamos a ideia de "destino" como quem abraça um ursinho de pelúcia? Temos mesmo uma necessidade imensa de viver com um propósito reconhecível, de ver sentido em tudo.
Talvez todas as nossas buscas nos levem àquele banquinho onde Forrest refletia sobre a vida. E ali, sentados, lembrando de tudo, é que começamos a perceber o sentido das coisas. Não há o que esperar. A vida não será, ela já foi. Sente aqui e veja. Tudo foi mais suave e criativo do que poderíamos planejar.
Enquanto prosseguimos atarantados buscando algum motivo nobre pra existir, fazemos papel de bobos. Deus olha e ri, condescendente. Somos bem engraçados às vezes. Ele deixa que continuemos a procurar o chocolate escondido pela casa e ri porque o colocou no nosso bolso. Estava o tempo todo lá e não percebemos. Mas a gente sempre descobre quando para, cansa e senta no banquinho.
Só podemos entender o passado. O presente, jamais.
A sua história também é fantástica. Como a minha. Como a de Forrest Gump.
Não tenho fama de sensível. Sou à prova de quase tudo. Aguento firme vários tipos de provocação emotiva mas sempre há uma parte do coração que escapa da armadura, se expõe e acaba levando uma flexada.
"Posso não ser inteligente, mas eu conheço o amor!"

Ou ... ou será que as duas coisas acontecem ao mesmo tempo?
É possível que tantas voltas nos levem a um lugar exato? Ou abraçamos a ideia de "destino" como quem abraça um ursinho de pelúcia? Temos mesmo uma necessidade imensa de viver com um propósito reconhecível, de ver sentido em tudo.
Talvez todas as nossas buscas nos levem àquele banquinho onde Forrest refletia sobre a vida. E ali, sentados, lembrando de tudo, é que começamos a perceber o sentido das coisas. Não há o que esperar. A vida não será, ela já foi. Sente aqui e veja. Tudo foi mais suave e criativo do que poderíamos planejar.
Enquanto prosseguimos atarantados buscando algum motivo nobre pra existir, fazemos papel de bobos. Deus olha e ri, condescendente. Somos bem engraçados às vezes. Ele deixa que continuemos a procurar o chocolate escondido pela casa e ri porque o colocou no nosso bolso. Estava o tempo todo lá e não percebemos. Mas a gente sempre descobre quando para, cansa e senta no banquinho.
Só podemos entender o passado. O presente, jamais.
A sua história também é fantástica. Como a minha. Como a de Forrest Gump.
9 de set. de 2015
Fugitivo
Daqui da janela do meu quarto vi uma dessas cenas comoventes que geralmente passam desapercebidas porque somos muito ocupados.
Refiro-me a um saco, um saco branco e livre recém fugido da jaula do seu destino. Ele ria e se aventurava ousado pelo mundo como qualquer criança que se solta das mãos dos pais e se percebe livre na praia. "Deixe ele correr solto um pouco! Não vamos interromper isso agora!"
Pois ele fazia evoluções como quem desafia algum amigo medroso que fica grudado no chão com os olhos arregalados. Enquanto gritava "iupiiii!" ele mantinha bravamente a altura - uma altura incomum para os da sua espécie. Há aquela lei - você deve lembrar - que diz que sacos plásticos não devem voar além de cinco metros do chão. Mas quem se importa com isso? Ele ignorou os conselhos das sacolas ecológicas e ousou. Teve então um desses ricos momentos que valem uma vida toda.
Custei a perceber que "aquilo" não passava de um reles saco plástico. Branquinho branquinho. Não, seu destino não era terminar os dias como vilão no estômago de alguma tartaruga em extinção. Talvez até seja... mas ele não sabia e não queria saber. E é assim que deve ser. Está anotado aqui: Viver o momento e plainar, brincar no céu ainda que todos saibam, penalizados, que aquilo não vai durar muito tempo.
O paralelo é tão obvio que nem me dou ao trabalho de fazer suspense. Somos - tu e eu - sacos comuns, com milhares de réplicas sem graça e terminaremos, quem sabe, na barriga da tartaruga. Mas podemos ter nossos minutos de glória e alegria esfuziante. Podemos viver eternidades que terminam em momentos. Claro, depois passaremos o resto da vida procurando novamente aquele pé de vento que nos levantou, que se foi e nunca mais apareceu. E envelheceremos descrevendo para os mais jovens a nossa ventura passada e ele se esforçarão em nos ouvir.
Queria terminar esse texto deixando sua mente impregnada com a mesma visão banal e magnífica que me tocou. Não sei se consegui. Pra te ajudar a visualizar vou acrescentar aqui que o céu estava muito azul e o mundo parecia calmo.
A respeito daquele vôo ilegal, nem posso dizer pra vocês que "acabou! eu sabia que ia acabar" . Não vi acabar. Não assisti "a derrocada do saco plástico que achava que podia." Isso porque ele passou faceiro e despreocupado por todo o ângulo da minha janela e foi-se embora sem que eu pudesse vê-lo sequer perder altura. Caiu? Isso pode ter acontecido ou não!
Pode ser que Deus tenha ficado tão comovido com aquela felicidade que deu o braço a torcer e o transformou em ave mais adiante, ali, depois daquela curva, atrás do prédio. Bem longe dos meus olhos pessimistas e agourentos.
Você sabe: Deus é Deus mas às vezes ele não se segura.
Gente, exatamente nesse momento aquele saco feliz pode estar no Céu!
7 de set. de 2015
Da paz
E eu aqui considerando com menus botões se é benção ou maldição sermos tão pacatos, pacíficos e com samba no pé.
Seriamos mais felizes se nos impuséssemos com ferocidade? Seriamos mais respeitados? Teríamos mais direitos reconhecidos? Seriamos mais assistidos pela saúde, segurança, educação? É esse item - ferocidade - que separa os povos bem sucedidos daqueles que nunca tiram o pé do barro? Não sei... Quem Sabe?
Queria que houvesse uma reviravolta do bem no Brasil. Uma mudança pacífica, sem sangue, apenas com a força do protesto ou do voto ou da lei. Preciso urgentemente de um exemplo prático e próximo a mim que renove minha crença na teoria de que nem tudo se consegue brigando. Preciso renovar minha fé no poder das manifestações pacíficas, do respeito, da reverência. É isso o que quero sim! Se eu perder esse tipo de crença acho que deixarei de ser eu. Por mais que eu reclame, no fundo no fundo até que gosto de mim. Quem me garante que uma mudança nessa área seria mesmo pra melhor? Alguém me convença de que para vencê-los não precisamos ser como eles. Quero voltar a acreditar - com fé e força - na mágica das soluções pacíficas. Não quero ficar como eles.
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